Só será possível recuperar o espaço perdido no mercado norte-americano nos últimos dez anos, se o Brasil avançar na agenda econômica com os Estados Unidos com medidas para facilitar o comércio bilateral e o trânsito de pessoas. Essa é a avaliação do diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi. No ano passado, o Brasil exportou US$ 13,7 bilhões para os EUA e, com contração das vendas para a Argentina, os EUA se tornaram o principal mercado das manufaturas brasileiras.
No entanto, o comércio bilateral ainda está aquém do seu potencial. Entre 2003 e 2008, as vendas brasileiras de produtos manufaturados estavam na ordem de US$ 16 bilhões. Caíram para US$ 9,3 bilhões em 2009 e desde então têm crescido timidamente. “Há pelo menos US$ 2,3 bilhões para serem recuperados”, diz Abijaodi. Nesta semana, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, viajou à Washington e se encontrou com a secretária de Comércio dos Estados Unidos, Penny Pritzker. Para a CNI, o momento é ideal para retomar as relações e, desta forma, a indústria elencou os projetos prioritários para saírem do papel.
No curto prazo, a CNI entende que é possível: ratificar acordos já assinados como o de céus abertos, avançando na facilitação do fluxo de pessoas em viagens de negócios, com a assinatura do Global Entry; assinar o acordo de patentes, chamado de Patent Prosecution Highway Agreement (PPH), que aprofunda a cooperação bilateral, acelerando a análise e a concessão de patentes; concluir a negociação do acordo previdenciário, que assegura aos trabalhadores brasileiros e americanos a portabilidade do tempo de contribuição à seguridade social; e retomar as negociações com os Estados Unidos para o uso da base de Alcântara (MA), um ativo que deve ser explorado para financiar o programa espacial brasileiro.
Ainda na avaliação da CNI, no longo prazo, o Brasil deve começar a negociar com os Estados Unidos um acordo de livre comércio, que inclua acesso a mercados, cooperação e redução das barreiras não tarifárias. Também é importante viabilizar acordos para evitar a dupla tributação, para facilitar e tornar mais competitivo o investimento de empresas brasileiras no mercado americano, atualmente o maior destino individual de investimentos das multinacionais brasileiras, e das empresas americanas no Brasil.
“Temos uma agenda ambiciosa pela frente. Há muito a ser feito pelo aumento da agenda bilateral. Precisamos aproximar as empresas brasileiras dos centros públicos americanos de pesquisa e avançar em acordos para eliminar barreiras técnicas. Percebo boa vontade do governo, o momento de agir é agora”, diz Abijaodi.