CNI defende que países do Mercosul permitam flexibilidade para negociar acordos comerciais

A CNI espera que essa postura seja adotada durante a nova presidência pro tempore do Mercosul, que será assumida pelo Paraguai, na 48ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul

O Mercosul deve dar prioridade à agenda econômica, permitindo flexibilidade para que seus integrantes possam negociar e ampliar o número de acordos comerciais com outros países e blocos econômicos. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil precisa avançar numa agenda pautada pela integração de sua economia e suas empresas ao comércio global e o Mercosul não tem sido eficaz em definir uma política comercial de resultados, seja no acesso a novos mercados ou no aprofundamento do comércio intrabloco. “Na prática, o Mercosul não se consolidou como área de livre comércio e, nas últimas cúpulas, as decisões do bloco têm passado ao largo de temas importantes da agenda comercial e que são urgentes para a indústria”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi.

A CNI espera que essa postura seja adotada durante a nova presidência pro tempore do Mercosul, que será assumida pelo Paraguai, na 48ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, na sexta-feira (17), em Brasília. A indústria considera essencial avançar na negociação de acordos comerciais com Estados Unidos, Aliança do Pacífico (Peru, Chile, Colômbia e México), África do Sul, América Central e Caribe, além do acordo entre Mercosul e União Europeia. Nesse último caso, a CNI propõe que cada sócio implemente o acordo (desgravação) em prazos variáveis, segundo as possibilidades de cada país. "É preciso que a Cúpula confirme o compromisso de troca de ofertas entre Mercosul e União Europeia até o fim do ano", afirma Abijaodi.

Paralelamente, é preciso solucionar pendências internas do bloco, como na negociação de acordos de serviços, investimentos, compras governamentais e barreiras não tarifárias, o que estimularia o comércio e investimento entre os países do bloco. A construção de uma agenda comum de infraestrutura, com projetos que promovam a integração logística dos países e o fortalecimento dos mecanismos de financiamento do bloco são fatores determinantes para fomentar projetos de investimentos e otimizar o fluxo de mercadorias com redução de custos de transporte, e consequente melhora da competitividade das empresas do Mercosul.

COMÉRCIO DESAQUECIDO – A falta de uma política comercial pragmática para o Mercosul tem afetado o fluxo de mercadorias entre os países do bloco, prejudicando diretamente a indústria brasileira, quadro agravado pelo situação da economia da Argentina, nos últimos anos. Dados da balança comercial mostram que o valor das exportações brasileiras para o bloco caíram 15% em 2014 frente ao ano anterior - o dobro do percentual de queda das exportações totais -, retomando o patamar de 2011. A CNI destaca, sobretudo, o efeito da redução do comércio sobre a pauta de bens manufaturados. Em 2014, as vendas para o Mercosul foram de apenas US$ 19 bilhões, número inferior ao de 2008, e uma redução de 23% em relação a 2013.

A participação do Mercosul no comércio exterior brasileiro também tem apresentado rota de queda, nos últimos anos, evidenciando a perda de relevância do bloco como fornecedor de mercadorias como destino de bens produzidos no Brasil. Os dados mostram diminuição tanto na exportação quanto na importação de mercadorias dentro do bloco. Se em 2010, os países-membros respondiam por 13,1% das vendas externas brasileiras, essa parcela foi para 11,1% em 2014. As importações oriundas do Mercosul, que respondiam por 10,7% das compras do Brasil, em 2009, caíram para 8,1% do total.

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