Uma iniciativa do Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e Confecção da Paraíba e demais parceiros está transformando a realidade de mais de 150 famílias produtoras de algodão no Cariri Paraibano. Graças à estrutura do instituto, a manufatura da produção passou a ser feita no local de origem, aumentando o faturamento dos produtores e diminuindo o fluxo logístico da matéria-prima. A mudança faz parte do projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos.
O algodão é um dos produtos plantados por 166 famílias assentadas na região, além do girassol e feijão. Seu destino final são os países produtores de calçados e roupas orgânicos. Porém, enquanto as grifes internacionais faturam milhões, as famílias daqui arrecadam, quando muito, cerca de R$ 2 mil por 1,5 tonelada de algodão/ano.
O abismo financeiro tem uma explicação. O algodão aqui produzido é vendido em lotes de rama e pluma, praticamente em estado bruto. Para que o mercado o absorva, é preciso transformá-los em fios para que daí surjam os tecidos necessários para o acabamento das roupas, calçados e demais utensílios. Aí que entra a parceria com o SENAI.
Até setembro de 2020, os lotes de algodão eram enviados para São Paulo, onde era feita a fiação e, depois, para o Rio Grande do Sul, para a produção dos tecidos. Com a consultoria e maquinário especializado do Instituto Senai, a fiação passou a ser feita na unidade paraibana, diminuindo a logística e aumentando o valor do quilo do produto. Na verdade, dobrando o valor.
Quem acompanha o processo na unidade é o gerente da planta têxtil do SENAI Têxtil e Confecção da Paraíba, Abmar Medeiros. “Nosso maquinário é todo voltado para a produção em grande escala. Pegamos os fardos e transformamos em fios. Com essa estrutura, nossa missão é ajudar os pequenos produtores a transformar suas matérias-primas e aumentar seu faturamento. Começamos nossa parceria com uma produção piloto de 250 quilos e agora recebemos 14 toneladas de pluma para a fiação”, declarou.
“Esta parceria do SENAI com o projeto chegou em um momento muito propício para as famílias que estão tendo uma boa colheita de algodão nesta safra. Saber que teremos nossa pluma sendo transformada em fio e que o valor do quilo desse fio será mais que o dobro do valor da pluma é uma maravilha para aumentar nossa renda. Além disso, somos parte de um processo que vem crescendo cada dia mais e nos deixando muito orgulhosos de fazer parte dessa retomada histórica do plantio do algodão no Nordeste”, comemorou Genildo Oliveira, agricultor e presidente da Associação de Certificação Orgânica Participativa do Sertão do Apodi (Acopasa).
Outra entidade sem fins lucrativos que participa da iniciativa é a Diaconia. “Essa parceria com o Senai é muito importante para o fortalecimento das famílias agricultoras porque a cadeia de valor está avançando e possibilitando a inserção em novos mercados. Estamos apoiando os produtores no levantamento logístico e orçamentário para se chegar ao preço final do fio. Toda essa cadeia de valor servirá, inclusive, de referência para outros projetos de algodão agroecológico no Brasil e em outros países”, explicou o coordenador do projeto, Fábio Santiago.
O próximo passo do projeto, segundo Abmar, é viabilizar a produção de tecidos orgânicos na unidade Senai, definindo, assim, a cadeia produtiva na região.
Institutos SENAI de Tecnologia
A parceria com as famílias paraibanas é apenas uma entre os vários serviços que os Institutos SENAI de Tecnologia oferecem às pequenas, médias e grandes empresas que desejam aumentar sua competitividade. Por meio de sua estrutura tecnológica e capital humano, as unidades ajudam as empresas se manterem atualizadas tecnologicamente e fortalecem sua presença nos mercados nacional e internacional.
Ao todo, são 62 unidades espalhadas por todo o país em diversas modalidades como Automação, Tecnologia da Informação, Petróleo e Gás, Energias Renováveis e muitas outras. Acesse www.institutostecnologia.senai.br e conheça os institutos.