O grande desafio na segurança hídrica está em gerir o descompasso entre a demanda e a oferta de água e isso depende fortemente de regulação. A afirmação é da diretora-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Christianne Dias, nesta quinta-feira (5), durante a 105ª reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.
Segundo Christianne, a ANA está com diversos desafios no gerenciamento da água, sobretudo frente à agenda de mudanças climáticas e a distribuição não homogênea do recurso no país. Ela disse ainda que o órgão deve assumir a coordenação regulatório do setor de saneamento. “Há necessidade de mais investimentos em infraestrutura hídrica e saneamento”, declarou.
O diretor de regulação da ANA, Oscar Cordeiro, destacou que a questão da segurança hídrica possui três dimensões: da oferta, da qualidade da água, e da redução de riscos a eventos extremos como secas e enchentes. “Não devemos ter muita nem pouca água, nem suja e de fácil acesso”, declarou.
Entre os desafios de regulação apontados por Cordeiro, está a coordenação hídrica articulada entre estados e União já que as águas de domínio dos estados fluem para as de domínio federais. Além disso, 83,8% dos usuários de água do país consomem o recurso de bacias estaduais, que representam 63,2% das águas captadas.
Para a indústria contribuir com a gestão hídrica, Massimiliano Lombardo, oficial de Meio Ambiente da Unesco no Brasil, apresentou projetos inovadores de intervenções humanas que usam ou imitam processos naturais para aumentar a disponibilidade e a qualidade do recurso e reduzir riscos de eventos extremos relacionados à água. Entre as soluções baseadas na natureza (SBN) estão a proteção florestal, o reflorestamento e o uso de plantas na cobertura de plantações, que podem reduzir em mais de 10% a concentração de sedimentos ou nutrientes em bacias hidrográficas.
Outra iniciativa são as “cidades esponjas” na China, que conseguem absorver e reutilizar 70% da água da chuva. O país está com uma meta para essa iniciativa alcançar 20% das áreas urbanas até 2020 e 80% até 2030. “Infraestruturas verdes representam apenas 1% a 5% do investimento total em infraestrutura relacionada com a água. Precisamos investir mais e isso não significa necessariamente mais recursos, é questão de redirecionar ou usar de forma mais efetiva os já existentes”, afirmou Lombardo.
Confira na apresentação outras soluções baseadas na natureza apresentadas pelo representante da Unesco: