O Brasil tem tudo para ser líder na produção de uma nova fonte de energia renovável: o hidrogênio verde, que pode ser obtido da eletrólise da água ou da biomassa e biocombustíveis, como etanol e o metano. O país tem abundância de todos esses recursos, o que facilita o avanço dessa produção. A constatação foi feita por especialistas que participaram da reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas) da Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta segunda-feira (26).
De acordo com o presidente do Coemas, Marcelo Thomé, essa nova fonte energética pode contribuir com a transição energética e consolidação da economia de baixo carbono. No entanto, ele alerta que ainda existem algumas barreiras, como questões tecnológicas, custos, dificuldade de transporte e armazenamento e a necessidade de desenvolvimento de arcabouços institucionais, legais e regulatórios.
“Apesar dos desafios, o país precisa se preparar para desenvolver essa tecnologia promissora, que promete gerar novas oportunidades de novos negócios e benefícios sociais”, afirmou Thomé.
E ele tem razão. Para se ter uma ideia, mesmo incipiente, em 2019, o mercado mundial de hidrogênio gerou entre US$ 118 bilhões e US$ 136 bilhões, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) disse que é importante o Poder Legislativo estar preparado para trazer normas que facilitem e agilizem a incorporação de tecnologias verdes. “O hidrogênio é realmente um potencial para o futuro”, declarou Jardim.
O vice-presidente do Coemas, Jorge Parente, que preside a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) contou que lá foi lançado um hub do hidrogênio verde para reduzir as emissões de poluentes e impulsionar a economia do Estado. Para isso, a federação fechou parceria com a Universidade Federal do Ceará e o Complexo do Pecém. “O porto do Estado está em posição estratégica para enviar hidrogênio para a Europa”, complementou.
Brasil será imbatível no mercado de hidrogênio, destaca executivo da Siemens
Para o diretor-geral da Siemens Energy Brasil, André Clark, o país tem aspectos podem torna-lo “imbatível” na produção de hidrogênio, como o grande potencial para a geração de energias eólica e solar, ser o maior produtor de energia hidrelétrica, ter um sistema regulatório bem avançado em geração de energias renováveis e ter seus principais parceiros comerciais, como Estados Unidos, União Europeia e China, com planos de recuperação verde.
“O Brasil já é campeão mundial nesse jogo. Imagina se resolver investir dinheiro nisso?”, questionou Clark.
Luciano Oliveira, consultor técnico da Diretoria de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da EPE, ressaltou a importância de se destinar recursos de pesquisa e desenvolvimento para identificar e ultrapassar barreiras técnicas para a produção de hidrogênio no país.