Desafio é produzir mais com menos água, diz gerente de Meio Ambiente da CNI

O gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI) , Shelley Carneiro, disse que o grande desafio da indústria em relação aos recursos hídricos é produzir mais com uma quantidade menor de água

Carneiro destacou a importância da união entre sociedade, entes públicos e privados em torno do uso eficiente e racional da água, com iniciativas de curto, médio e longo prazo

O gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI) , Shelley Carneiro, disse que o grande desafio da indústria em relação aos recursos hídricos é produzir mais com uma quantidade menor de água. A afirmação foi feita durante palestra no seminário O Futuro da Água no Brasil , nesta terça-feira (9), em São Paulo. Organizado pelo jornal Valor Econômico, em parceria com a empresa Hiria e apoio da CNI, o evento reuniu acadêmicos, dirigentes de empresas de saneamento, além de representantes de governos, da indústria e outros setores para debater os riscos hídricos e como eles podem impactar a sociedade e os negócios.

De acordo com Shelley Carneiro, grande parte do crescimento da população mundial até 2050 ocorrerá nas cidades dos países em desenvolvimento, como o Brasil, o que aumentará a demanda urbana por água e alimentos. “Nós precisamos competir em nível internacional. Pelo que temos visto dos países em desenvolvimento, para termos uma indústria competitiva, com tecnologias apropriadas e uma produção acessível, teremos aumento da demanda que o setor vai necessitar, o que não quer dizer que vamos gastar mais. Não vamos gastar".

Diante dessa realidade, Carneiro destacou a importância da união entre sociedade, entes públicos e privados em torno do uso eficiente e racional da água, com iniciativas de curto, médio e longo prazo. Ele frisou que a indústria tem atuado de maneira integrada há mais de uma década com iniciativas como o reuso e a recirculação da água e, ainda, que o setor industrial tem protagonismo em políticas de gestão de água, por meio da Rede de Recursos Hídricos da Indústria Brasileira e da presença de mais de 700 representantes em colegiados como os comitês de bacias e o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).

AÇÕES DA INDÚSTRIA – O gerente da CNI observou que a indústria tem investido amplamente em pesquisas e em tecnologias para adotar cada vez mais medidas eficientes de uso da água. Ele destacou também a agenda positiva que a CNI vem construindo com a Agência Nacional de Águas (ANA), a fim de qualificar o gerenciamento dos recursos hídricos e melhorar a performance do uso da água na indústria.

“Procuramos identificar temas prioritários e oportunidades na agenda de recursos hídricos, promovemos práticas de uso eficiente da água e buscamos melhorar a interlocução do setor industrial com as partes interessadas, além de influenciar políticas públicas”, destacou Carneiro. “Com todo o conhecimento e tecnologia que temos, podemos transformar este momento de crise hídrica em grande oportunidade”, acrescentou.

O especialista em Meio Ambiente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) Antônio Carlos Simões apresentou o exemplo da empresa, que, por meio do reuso e recirculação da água, reduziu a captação de 8,8 metros cúbicos por segundo, em 2000, para 3,3 m3, em 2015. Segundo ele, a CSN recircula mais de 92% da água utilizada na indústria.

De acordo com números da Agência Nacional de Águas, a indústria capta 17% da água retirada da natureza no Brasil, enquanto a irrigação consome cerca de 70% da água do país.

FÓRUM MUNDIAL DA ÁGUA – Durante o seminário, o governador do Conselho Mundial da Água e vice-presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Newton de Lima Azevedo, fez um relato sobre os preparativos para o 8º Fórum Mundial da Água, que será em Brasília, em 2018. O evento, promovido a cada três anos, acontecerá pela primeira vez na América Latina. A última edição, em abril de 2015, foi em Daegu, na Coreia do Sul.

Azevedo listou quatro pontos fundamentais para o futuro da água que serão tratados no fórum: o valor e a importância do parceiro privado; a gestão integrada dos recursos hídricos; metas para o desenvolvimento sustentável; e o compromisso de implementação das soluções. Ele destacou que o movimento “Rumo a Brasília 2018” irá reunir especialistas e a sociedade em eventos preparatórios a serem feitos em pelo menos sete cidades latino-americanos para que as demandas do Brasil e dos países vizinhos estejam contempladas daqui a três anos na agenda do fórum.

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