CNI lança guia com principais fontes de financiamento climático para a indústria

Documento detalha as oportunidades para o setor no Brasil e no mundo. O investimento climático global aumentou na última década e chegou a 632 bilhões de dólares em 2019/2020, de acordo com CPI

CNI lança estudo sobre financiamento climático durante a COP27 em Sharm El Sheik, no Egito

Considerado essencial para contribuir com os países no alcance das metas para limitar a elevação da temperatura global em 1,5° C até o fim do século, o financiamento climático tem ficado mais robusto a cada ano. No entanto, os recursos disponíveis ainda são insuficientes ou, em alguns casos, pouco acessados.

De acordo com a Climate Policy Initiative (CPI), o investimento em ações climáticas aumentou na última década e chegou a US$ 632 bilhões no biênio 2019/2020. Estimativas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) apontam para a necessidade de mais investimentos. Os valores podem variar entre US$ 1,6 trilhão e US$ 3,8 trilhões por ano, até 2050 para alcançar esse cenário.

Os principais números sobre financiamento climático foram levantados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e estão no estudo "Financiamento para o clima: arcabouço global e guia informativo das fontes de financiamento aplicáveis às indústrias brasileiras", lançado nesta terça-feira (15), durante a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27, em Sharm El Sheikh, no Egito.

CNI apresenta guia com principais fontes de financiamento climático para a indústria durante a COP27

O documento detalha os investimentos em ações do clima no Brasil e no mundo, além de apresentar algumas fontes aplicáveis às indústrias brasileiras. Detalha, ainda, o histórico do financiamento climático nas negociações da COP e os compromissos firmados durante a Conferência realizada no ano passado, em Glasgow (COP26). Vale destacar que o movimento global para consolidar uma economia de baixo carbono tem levado à mobilização do capital privado para dar suporte a ações de mitigação e adaptação.

O estudo elaborado pela CNI ressalta que dos US$ 4,7 bilhões de fundos climáticos multilaterais aplicados entre 2003 e 2022 na região da América Latina e Caribe, o Brasil recebeu US$ 1,18 bilhão, representando 25% do total. Desse montante, aproximadamente 60% (US$ 705 milhões) foram captados para o Fundo Amazônia e 11% (US$ 131,2 milhões) foram captados em chamadas de projetos do Global Environment Facility (GEF).


"Do ponto de vista do setor industrial, a ampliação do capital é extremamente importante para financiar o desenvolvimento de tecnologias de redução de gases de efeito estufa, que demandam, em grande medida, altos investimentos. Adaptar-se aos impactos da mudança do clima exige esforços financeiros e de planejamento", ressalta o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.


 

Conheça as fontes de financiamento climático

O guia destaca linhas de financiamento disponíveis no Brasil em 22 instituições, como bancos de desenvolvimento nacionais e internacionais, bancos privados e públicos e programas de financiamento internacional. Em alguns, há subprogramas, que aumentam a quantidade de linhas de créditos.

Um exemplo é o Fundo Clima, que se destina a aplicar a parcela de recursos reembolsáveis do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima vinculado ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem nove subprogramas. São eles: Mobilidade Urbana; Cidades Sustentáveis e Mudança do Clima; Máquinas e Equipamentos Eficientes; Energias Renováveis; Resíduos Sólidos; Carvão Vegetal; Florestas Nativas; Gestão e Serviços de Carbono; e Projetos Inovadores.

O BNDES tem ainda o Finem, destinado a gerar e aumentar a capacidade produtiva, com diversas linhas, como instalação de placas fotovoltaicas e projetos de ecoeficiência. Há também o Pronaf, que visa a geração de renda e a melhoria da utilização da mão de obra da agricultura familiar.

Outro exemplo é o IDB LAB, do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Ele (antigo Fundo Multilateral de Investimentos - FOMIN) tem preferência por modelos de negócio não testados e inovações disruptivas que ajudam a resolver problemas sociais e ambientais. Por meio de editais, o fundo apoia projetos inovadores e empreendimentos em estágio inicial com potencial para gerar impacto em larga escala e atua na criação de ecossistemas de empreendedorismo e inovação.

Financiamento climático é prioridade da indústria na COP27

A CNI preparou propostas para o governo brasileiro apresentar na COP27. O documento traz as principais ações que o setor industrial considera necessárias para a continuidade do desenvolvimento da agenda climática e as medidas mais relevantes para o país no processo de negociação. A mobilização de recursos para assegurar o financiamento climático está entre as prioridades, além do estabelecimento e operacionalização do mercado global de carbono e avanço da agenda de adaptação à mudança do clima.

Em relação ao financiamento climático, a indústria pleiteia maior engajamento do Brasil com a presidência da COP para garantir o compromisso financeiro dos países desenvolvidos para apoiar países em desenvolvimento nas ações relacionadas ao clima. Essa meta não foi alcançada, e durante a COP26, as Partes decidiram que, antes de 2025, a Conferência estabelecerá uma nova meta coletiva de um piso de US$ 100 bilhões levando em consideração as necessidades e prioridades desses países mais vulneráveis.

Já na agenda de adaptação, a CNI recomenda que seja tratada com equidade com a agenda de mitigação. No Egito, o país deve acompanhar o aprofundamento das discussões sobre a meta global de adaptação, respeitando as realidades de cada país. E, em âmbito nacional, a Confederação defende o desenvolvimento do Plano Nacional de Adaptação para subsidiar esse processo e definir as melhores estratégias de enfrentamento para o país, além das necessidades de financiamento climático.

“É importante que o Brasil participe ativamente das discussões para garantir que o grupo de trabalho designado para aprofundar a meta global de adaptação estabeleça medidas transparentes e concretas para aumentar e disponibilizar o financiamento para ações de mitigação e adaptação”, destaca a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg.

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