O 3º Fórum de Bioeconomia, que aconteceu nesta quinta-feira (23) em São Paulo, reuniu empresários, pesquisadores e especialistas no tema para apresentar e discutir atualidades da economia baseada na biotecnologia. Organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o evento teve como tema as políticas públicas e o ambiente de inovação e negócios associados à bioeconomia no Brasil.
Economia biosustentável
Durante o primeiro keynote do 3º Fórum de Bioeconomia, o professor Gregory Stephanopoulos foi categórico: a biotecnologia e engenharia metabólica são as tecnologias do século XXI. O engenheiro químico do Massachusetts Institute of Technology (MIT) defende que a engenharia dos processos metabólicos é a chave para a construção de uma economia sustentável no futuro. “Fazer a transição para uma economia biossustentável não é cada vez menos uma escolha e cada vez mais uma condição de sobrevivência para a humanidade”, disse o especialista.
Dentro dessa perspectiva, moléculas de isopropanos podem ser a matéria-prima de pneus biodegradáveis, biopolímeros podem gerar plásticos mais resistentes e não agressivos ao meio ambiente e a indústria alimentícia pode se beneficiar da geração de novos ácidos láticos e gorduras. “ A seletividade dos bioprocessos permite a criação de componentes simples e super úteis à sociedade”, disse o representante do MIT.
Horizonte da bioeconomia
Durante o talk show sobre experiências práticas de investimento e análise de risco em negócios biotecnológicos, Fernando Reinach, sócio-gestor da Pitanga Invest Roel Collier, afirmou que a bioeconomia vai promover as próximas revoluções tecnológicas da humanidade. “Nessas mudanças de paradigma, o novo produto tem que ser tão melhor e mais viável que o seu antecessor. A exemplo do computador em relação à máquina de escrever”, explicou o empresário, que também enxerga na economia baseada na biotecnologia a solução para a dependência da humanidade em relação ao petróleo: “O maior sucesso da bioeconomia vai ser acabar com a indústria petroquímica”.
Para Roel Collier, daTPG Alternative & Renewable Technologies, o Brasil ainda não tem uma política clara para o Etanol, mas tem a melhor demanda pela frente. “ Em 10 anos, 90% dos automóveis do país serão flex. O ambiente regulatório faz diferença, mas o mercado faz mais diferença ainda quando o assunto é negócio nesse setor”, disse o empresário.
Contexto europeu
Piero Venturi, representante da delegação da União Europeia no Brasil, explicou aos participantes do 3º Fórum de Bioeconomia como o bloco está migrando de uma economia fóssil para uma economia baseada na biotecnologia com a ajuda de políticas públicas. Segundo Pietro, 75% da indústria europeia já investiu 3,7 bilhões de euros em parcerias público-privadas que desenvolvem pesquisas nas áreas de exploração oceânica para geração de energia, agricultura sustentável e inovação em áreas correlatas. “Até 2020, a expectativa é que sejam investidos 78,6 bilhões de euros no ecossistema da bioeconomia - o maior investimento da união europeia em pesquisa e inovação de todos os tempos”, afirmou o representante do bloco europeu.
A União Europeia já tem acordos de cooperação com 30 países em áreas associadas à bioeconomia e, segundo Piero Venturi, tem como objetivo desenvolver ações relacionadas a causas relevantes para a maioria dos países e regiões participantes. Uma dessas iniciativas consiste num fórum internacional de agricultura, que já conta com a participação da Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Canadá. “Queremos envolver o Brasil nesse espaço de construção coletiva. E pensando no futuro, queremos encarar as necessidades da sociedade do futuro”, concluiu Piero.
Saiba mais
3º Fórum de Bioeconomia
Promovido pela CNI, o evento dá continuidade aos debates e construções precipitados em 2012. A primeira edição do evento deu início à construção da primeira agenda de bioeconomia do Brasil, apresentada na segunda edição do Fórum em 2013. Em 2014, o Fórum de Bioeconomia tem como foco as políticas públicas e o ambiente de negócios do Brasil e apresenta uma pesquisa inédita sobre a percepção do tema da bioeconomia no Brasil. Para mais informações, acesse o canal de bioeconomia da CNI.