SESI Lab: iniciativa inédita no centro da capital

Espaço é um centro interativo com atividades voltadas ao público de toda as idades e de todo o país

Um espaço para aprender brincando. E para brincar aprendendo. Essa é a proposta do SESI Lab, um museu 100% interativo cujo objetivo é compartilhar o conhecimento de uma maneira lúdica. Iniciativa do Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o espaço ocupa uma área construída de 7.500 m², no histórico Edifício Touring Club, prédio que havia sido projetado por Oscar Niemeyer durante a construção de Brasília. O investimento no projeto, que deve gerar 500 empregos diretos e indiretos, soma R$ 180 milhões.


“Não haverá nenhum aparato no SESI LAB que não seja interativo. Não é um museu para simplesmente admirar o que está exposto. Você interage com tudo”, afirma Paulo Mól, diretor de Operações do SESI. Segundo ele, o museu, inaugurado em novembro, mostra a importância da educação, da ciência e da tecnologia para o país. “Muito mais do que um presente para Brasília, é um presente para o Brasil”, celebra.


Projetado pelo arquiteto Gustavo Penna, o museu almeja promover a conexão entre ações artísticas, científicas e tecnológicas, em colaboração com a indústria e com a sociedade. Estima-se que o museu receberá cerca de 350 mil visitantes por ano, além de 85 mil estudantes e 3 mil professores que poderão participar de formações, conhecer as quatro galerias expositivas e frequentar oficinas, cursos, atividades culturais e sessões de cinema. Anualmente, serão cerca de 300 oficinas maker e biomaker, 120 ações culturais e 10 edições de sessões noturnas voltadas especialmente ao público acima dos 18 anos.

O SESI Lab vai contar com espaços expositivos, criativos e maker, salas interdisciplinares, um painel de LED com 84 , café e uma loja conceito, que busca aproximar os clientes das marcas responsáveis pelos produtos à venda. Além disso, haverá 33 mil de área verde revitalizada, em parceria com o governo do Distrito Federal, com espécies nativas do Cerrado, instalações interativas e anfiteatro externo para shows, eventos e outras atividades culturais. O resultado é um complexo multiuso com experiências sensoriais e educativas a partir de um processo lúdico, divertido, estimulante, participativo, coletivo e democrático.

“O maior objetivo do SESI Lab é despertar o interesse das pessoas por ciência e tecnologia a partir de experiências e vivências com a mão na massa. É uma iniciativa pioneira no país", afirma o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. “O SESI Lab é, sobretudo, um lugar para estimular a autonomia do pensamento por meio do protagonismo de cada visitante em seu processo de percepção e construção de sentidos”, pontua.

Assessoria do Exploratorium

A implementação do projeto conta com a assessoria técnica do Exploratorium, um dos principais centros interativos do mundo, com mais de 40 anos de experiência, localizado em São Francisco (EUA). O laboratório público de aprendizagem, idealizado pelo físico Frank Oppenheimer, explora a realidade sob a ótica da ciência, da arte e da percepção humana. Após beber na fonte do Exploratorium, o SESI Lab surge como um espaço pioneiro de difusão do conhecimento para todo o território brasileiro.

Aparatos desenvolvidos especialmente para o projeto foram trazidos diretamente de São Francisco. Ao todo, foram 94 caixas transportadas, somando quase 32 toneladas de material. A montagem contou com a supervisão de um time de especialistas em logística do próprio Exploratorium, que passou uma temporada em Brasília para acompanhar de perto a instalação e a capacitação de equipes no Brasil.

Tudo isso foi feito para garantir aos visitantes momentos únicos, capazes de promover aprendizado e encantamento com a ciência. “Experiências desse tipo transformam a visão das pessoas”, avalia a diretora-sênior de Colaborações Globais do Exploratorium, Anne Richardson. “O Exploratorium valoriza nossa relação com o SESI e esta, provavelmente, será uma longa relação de colaboração e aprendizado em conjunto. O SESI Lab é um farol para o futuro da aprendizagem no Brasil, uma bela integração das pedagogias, dos valores e das aspirações de nossas duas organizações”, complementa.

Localizado no antigo Edifício Touring, projetado por Oscar Niemeyer, o SESI Lab promete revolucionar a ideia que se tem de um museu no Brasil

“Esse é um projeto inédito no país, destinado a professores, alunos, cientistas, à indústria e à sociedade em geral. A ideia é inspirar essas pessoas a agirem no presente para criar possibilidades de futuro”, destaca Mól. Segundo ele, o SESI Lab promove o renascimento de uma área de Brasília que antes estava degradada, um terminal rodoviário em situação muito precária. “É quase uma alegoria de renascimento: a partir de uma situação muito feia, nasce a beleza da educação, da ciência e da tecnologia”, define.

A chegada do SESI Lab promete mudar a dinâmica de uma importante região da cidade, originalmente pensada para receber atividades culturais, onde circulam aproximadamente 600 mil pessoas por dia. Próximo da Rodoviária do Plano Piloto e de importantes monumentos de Brasília, como o Museu Nacional, a Catedral Metropolitana e a Biblioteca Nacional, o SESI Lab chega para potencializar ainda mais esse corredor cultural, tanto em termos de infraestrutura quanto de programação educativa e cultural.

Na avaliação do diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi, todo o espaço entre museu e praça estimulará o aprendizado por meio da experiência. Daí a importância de restaurar um pedaço histórico do centro de Brasília.


“É um projeto que potencializa esse espaço que estava degradado. Além da revitalização, integraremos espaços culturais no centro de Brasília: queremos criar o conceito de Esplanada Cultural, interligando vários monumentos icônicos com a valorização da ciência e da cultura”, destaca.


Além de tudo isso, o museu será mais um atrativo turístico e arquitetônico de uma cidade considerada Patrimônio Cultural da Humanidade.

Galerias permanentes e temporárias

Mól explica que o SESI Lab se organiza em três galerias que serão permanentes, de longa duração, e uma galeria temporária. A exposição de longa duração é composta por cerca de 100 aparatos interativos, apresentando conteúdo a partir de diferentes recortes. Essa é uma das principais ferramentas de aprendizagem do projeto e a maior plataforma de comunicação com todos os públicos

“Muito mais do que um presente para Brasília, é um presente para o Brasil”, celebra Paulo Mói (SESI)

Localizada no térreo, a galeria Fenômenos do mundo dá ao público a oportunidade de estabelecer um contato multissensorial com fenômenos naturais. Mãos, olhos e ouvidos podem ser utilizados para assimilar conhecimentos relacionados a temas científicos que, por sua vez, estão associados às metas nacionais de aprendizagem, com foco nas áreas de Ciências da Natureza e Matemática. Um túnel que simula os efeitos de um tornado está entre as atrações da galeria. A simulação acaba sendo uma forma lúdica de ensinar sobre a formação desse tipo de fenômeno da natureza.

Também no térreo, a galeria Aprender fazendo convida o público a interagir com sistemas complexos e a compreender seu funcionamento por meio da investigação ativa. É um espaço para a construção de ideias, que explora o papel de erros e acertos na aprendizagem e no desenvolvimento de autoconfiança para projetar, criar e resolver problemas. Com o intuito de entender como se faz um vídeo, as pessoas poderão tirar uma sequência de fotos e, a partir delas, montar um pequeno filme.

A galeria Imaginando futuros, instalada no primeiro pavimento do edifício, fará o público questionar escolhas que impactam a construção do futuro. O objetivo é a troca entre diferentes pontos de vista e o desenvolvimento de uma perspectiva crítica que estimule o pensar e o agir.

Mól explica que, em 2023, o foco da galeria temporária será o futuro das profissões e o do trabalho. "Haverá diversos experimentos e aparatos relacionados às profissões. A ideia é mostrar como elas eram no passado (há 100, 80, 50 anos) e como foram – e estão – evoluindo ao longo do tempo. Será um convite para as pessoas pensarem nas profissões do futuro, quais caminhos elas precisam trilhar”, antecipa.

A exposição "O futuro das profissões”, que ficará em cartaz por seis meses, tem expografia de Felipe Tassara e Daniela Thomas, renomada cenógrafa brasileira, e curadoria colaborativa de especialistas no tema e profissionais do SENAI, além da coordenação museológica da Expomus. Na mostra, o futuro das profissões não será encarado como o resultado linear entre passado e presente, mas como um campo aberto de possibilidades, oportunidades e desafios.

O Programa Educativo-Cultural do SESI Lab foi desenvolvido por um grupo de trabalho que envolveu o Expomus, Exploratorium e a equipe da Unidade de Cultura do Departamento Nacional do SESI. Contou, ainda, com a participação de especialistas do SENAI e das Unidades de Educação e de Saúde e Segurança no Trabalho do SESI.

Parceiros institucionais

Para Maria Ignez Mantovani (Expomus), visitar um museu como o SESI LAB será uma experiência que poderá transformar a visão de mundo de muitas pessoas

Um dos parceiros institucionais do SESI Lab é a Expomus, empresa especializada em projetos museológicos de perfis social, cultural, científico, tecnológico e ambiental. Trata-se de uma pioneira nessa área no Brasil, onde atua desde 1981 em diversas iniciativas nacionais e internacionais. Também são parceiros a Fundação Athos Bulcão e a Fundação Roberto Martinho.

A Expomus foi responsável pela realização de uma assessoria museológica plena ou seja, pela coordenação e pelo acompanhamento de todas as etapas do processo de implantação, da conceituação do novo espaço às medidas táticas e operacionais, incluindo planejamento estratégico e plano museológico, capacitação e treinamento de equipes, colaboração nos processos curatoriais e assessoramento dos gestores do SESI na tomada de decisões, além da realização da primeira exposição temporária do centro.

"Foram 33 meses de trabalho e diálogos intensos, com conexões que nos fizeram criar um museu que nasce dentro de uma das maiores redes de educação, inovação e tecnologia do país. Nossa missão era contribuir para que a nova instituição dedicada à arte, à ciência e à tecnologia de Brasília fosse totalmente instrumentalizada para exercer seu potencial", diz a diretora-geral da Expomus, Maria Ignez Mantovani Franco.

As mostras de média duração terão um ou dois anos e as de curta duração, de três a seis meses. A programação será realizada de forma presencial e online, a partir da definição de um tema anual, e desdobrada em exposições, festivais, seminários, oficinas, publicações e atividades culturais e educativas.


"Visitar um museu é uma experiência que pode ter resultados imediatos, mas que, com bastante frequência, reverbera por anos a fio na vida de uma pessoa e pode transformar sua visão de mundo. O SESI Lab terá essa importância na vida de milhares de visitantes quanto aos temas trabalhados pela instituição", completa Maria Ignez.


Os visitantes do SESI Lab também poderão conhecer o painel de azulejos instalado no local, criado originalmente pelo artista Athos Bulcão para o Touring Club de Brasília.

Museu ou laboratório?

A experiência do Exploratorium, em São Francisco (EUA)

Localizado na Califórnia (EUA), o Exploratorium mais parece um grande laboratório de ciências e artes onde é permitido mexer em tudo – do que um museu. A instituição se autodefine como “um laboratório público de aprendizagem que explora o mundo através da ciência, da arte e da percepção humana”. Inaugurado em 1969, o museu ocupa, desde 2013, o Píer 15 na baía de São Francisco. Antes da pandemia, recebia mais de 1 milhão de visitantes por ano.

O Exploratorium foi criado por Frank Oppenheimer, professor, pecuarista e físico experimental. No museu, é possível, por exemplo, construir uma turbina eólica, fazer óculos de distorção ou ter experiências interativas com equipamentos que simulam terremotos, espelhos que deformam as imagens e criam ilusões de ótica, máquinas que seguem o ritmo do batimento do coração e painéis que mostram o movimento dos ventos e das marés no planeta.

Anne Richardson, diretora-sênior de Colaborações Globais do Exploratorium, diz que o museu foi criado para permitir que pessoas interagissem diretamente com os fenômenos físicos do mundo.


“O Exploratorium foi parte do movimento progressista que estava acontecendo na educação naquela época. Havia muitas mudanças sociais ocorrendo no final daquela década. Foi o momento propício para um local como esse emergir”, explica.


O interior do Exploratorium é dividido em várias galerias, incluindo a Osher West Gallery: Human Behavior (comportamento humano), Sistemas Vivos, Física, Fenômenos (como eletricidade e magnetismo), Fisher Bay Observatory Gallery (um observatório que concentra a observação do ambiente, clima e paisagem da Baía de São Francisco) e muitas outras. São mais de 600 exposições interativas para todas as idades se divertirem e aprenderem ao mesmo tempo.

Entre as atrações mais celebradas do Exploratorium está a Bicycle-Wheel Gyro, aparelho com duas rodas de bicicleta e uma cadeira. A cadeira fica parada o tempo todo, mas, à medida que você gira uma das rodas, começa a sentir que também está rodando.

Relacionadas

Leia mais

#23 – Conheça o SESI Lab!
Com o SESI Lab, queremos motivar jovens e crianças a inovar, diz presidente da CNI
CNI e Sebrae selecionam startups para programa de internacionalização nos EUA

Comentários