Festival do SESI Lab sobre biodiversidade e bioeconomia: como a ciência pode dar dinheiro?

Evento gratuito continua nesta quinta-feira (5), com painéis a partir das 9h sobre ciência ancestral, conhecimento arqueológico, inovação e empreendedorismo na biodiversidade

“Investir em ciência dá dinheiro e já descobriram isso lá fora (no exterior) faz tempo” disse o médico veterinário e consultor em gestão de coleções biológicas e projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) da Bioquallis Consultoria, Paulo Holanda, no 2º Festival do Tema Anual do SESI Lab.

A segunda edição do Festival Bio começou nesta quarta-feira (4) continua nesta quinta-feira (5) com uma série de debates e rodas de conversa sobre questões relacionadas ao tema anual do museu: biodiversidade e bioeconomia. A programação conta com a presença de pesquisadores, empreendedores e especialistas de diferentes regiões do país que estudam as perspectivas e desafios da bioeconomia e a importância da biodiversidade brasileira.

Convidado para palestrar no primeiro dia de festival, Holanda abordou o potencial genético brasileiro e da bioeconomia em prol do desenvolvimento sustentável. Para o consultor, “não adianta apenas incluir o prefixo ‘bio’ na nomenclatura das atividades, se continuam gastando mais energia, produzindo mais resíduos, explorando mais o meio ambiente e causando mais desigualdade social". "Não é uma contraindicação ao uso do termo, mas sim um pedido de reflexão, de racionalidade”, completou.

O especialista também explicou como o patrimônio genético – que é o conjunto de informações genéticas das plantas, animais e microrganismos, estejam eles vivos ou mortos – é valioso e diverso no país, onde é encontrado e como deve ser conservado.  


“Nosso patrimônio genético está in situ: nas florestas, por exemplo; ex situ: em museus, biobancos e institutos nacionais de ciência; in silico: que são bases de dados tecnológicas, na web; e nos conhecimentos tradicionais associados (CTA): que são as pessoas, os conhecimentos adquiridos com os povos originários”, explicou Holanda.


Ao longo da palestra, o pesquisador ainda relembrou como a ciência avançou nos últimos anos em testes de laboratórios para criar vacinas, por exemplo, graças aos bancos de insumos genéticos e pontuou alguns desafios para mantê-los, como políticas públicas e institucionais, estratégias de longo prazo, planos de contingência, conversação e empoderamento local, entre outros.

“Tudo pode ser visto como desafio, mas também como oportunidade”, enfatizou Holanda.

Homem branco com camisa jean falando com microfone na mão com fundo escrito "bio"
"Não adianta apenas incluir o prefixo ‘bio’ na nomenclatura das atividades, se continuam gastando mais energia, explorando mais o meio ambiente e causando mais desigualdade social" - Paulo Holanda

Desafios da bioeconomia no Brasil

Além da palestra de Holanda, o primeiro dia do festival reuniu representantes do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) e da Natura em um painel sobre os desafios da bioeconomia.

Para o diretor executivo do IPAM, André Guimarães, foi feito um grande trabalho contra o desmatamento da Amazônia entre 2001 e 2013, mas estamos regredindo novamente e isso está relacionado com os entraves de desenvolvimento da bioeconomia. “Para a gente cessar o desmatamento, é necessário fiscalização, multa, essas coisas. Agora, para manter o desmatamento baixo, são importantes outras ações, como substituir uma economia ilegal, irregular, mas que dá emprego e renda, por uma economia verde, por empregos sustentáveis”, destacou Guimarães.

Homem branco de terno sentado falando em microfone
"Para manter o desmatamento baixo é preciso substituir uma economia ilegal por uma economia verde, por empregos sustentáveis" - André Guimarães

O diretor de relações governamentais da Natura, Paulo Dallari, contou sobre como os fundamentos da empresa estão sempre presentes na criação dos produtos e enfatizou que o foco é “não ser predatório, ser inclusivo e permitir a regeneração da área”. Para o empresário, um ponto específico na missão 1 da política Nova Indústria Brasil (NIB) — referente às cadeias agroindustriais — o surpreendeu positivamente, por incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias, máquinas e equipamentos agrícolas e industriais voltadas às cadeias produtivas da sociobiodiversidade.


“Essa é uma mudança de paradigma muito maior do que ter um capítulo de bioeconomia [na política industrial]. Incorporar a ideia de sociobioeconomia, que é uma bioeconomia ligada ao desenvolvimento social, na aquisição de maquinário para produção agrícola, significa que você está conectando a bioeconomia às linhas de financiamento tradicionais, ao Plano Safra. Agora estamos interessados nos tipos de máquina que podem ser adquiridas por meio da NIB. Uma secadora de castanha, por exemplo, reduz de 40 para 3 dias de secagem, independente se choveu ou fez Sol, não tem perda de produção”, explicou Dallari.

Homem branco de terno fala em microfone com outro homem branco de terno ao fundo
"Nossa preocupação não é incluir uma parte sobre sustentabilidade nos nossos relatórios, mas sim elaborar relatórios sustentáveis" - Paulo Dallari

O painel foi moderado pelo gerente de Recursos Naturais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mario Augusto Cardoso.

Ciência ancestral e inovação norteiam painéis desta quinta-feira

Nesta quinta-feira (5), a partir das 9h, acontece o segundo dia do Festival do SESI Lab. A programação conta com a presença de pesquisadores, empreendedores e especialistas de diferentes regiões do país que estudam as perspectivas e desafios da bioeconomia e a importância da biodiversidade brasileira.

Ciência ancestral, conhecimento arqueológico, inovação e empreendedorismo são alguns dos temas que serão abordados ao longo do segundo dia de evento.

A participação da programação do festival é de graça, mas é necessário se inscrever. Confira a programação completa no documento a seguir:

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