Em um ano, SESI Lab dá vida à cultura de Brasília e se nutre do potencial criativo da cidade

Museu de arte, ciência e tecnologia mobiliza artistas e produtores locais rumo a um projeto de cultura para a capital. Relembre algumas dessas atrações

Diversas pessoas reunidas sob luz rosa em museu

Quem passa pela Rodoviária do Plano Piloto hoje em dia nem acredita que, logo ao lado, há pouco mais de um ano, havia um edifício abandonado. Desde o dia 30 de novembro do ano passado, o espaço que compõe o corredor cultural de Brasília ganhou cores, sons, texturas, movimento e é a cara de Brasília: múltipla, atemporal e inovadora. De lá para cá, o SESI Lab – museu de arte, ciência e tecnologia – já recebeu atrações de música, teatro, filmes, atividades educativas, oficinas e muito mais, dando ainda mais vida à cena cultural da capital. 

Para a gerente de Programação Cultural do SESI, Agnes Mileris, o SESI Lab movimentou diversos atores da cidade e mobilizou a cadeia produtiva local. “Foi um ano de muita construção e aprendizado, e queremos trabalhar cada vez mais com produtores, artistas e empreendedores locais. O SESI Lab veio para se juntar a outras iniciativas e dar luz a outros projetos que já acontecem na cidade. É um trabalho colaborativo. Não funcionamos sozinhos, mas, sim, porque há uma rede de instituições e profissionais atuando juntos”, diz. 

Até hoje, o SESI Lab já registrou mais de 235 mil visitantes. Para Agnes, o número mostra como a população de Brasília coloca o SESI Lab como um lugar de referência na cidade.


“O museu contribui para o movimento de ocupação desse espaço. Era um espaço pouco visto na cidade, até então, e isso, certamente, reverbera em nosso entorno. Acaba sendo um hub e catalisador de iniciativas e projetos que atuam com a divulgação científica, gerando um movimento de transformação coletiva”, completa a gerente.


O Night Lab é um dos sucessos do museu. Até agora já foram oito edições do projeto voltado exclusivamente para o público adulto, que promove uma experiência sinestésica ao reunir música, galerias expositivas com temas, oficinas interativas, performances e outras apresentações artísticas, além de debates com cientistas. Desde abril já foram vendidos mais de 8 mil ingressos para a atração.

Roberta Martinelli, curadora musical do SESI Lab, é a responsável por levar música para o museu. Jornalista musical, Roberta aceitou o desafio de conectar o tema das edições do Night Lab com o som que dá ainda mais vida às noites do museu.


“Como cada Night Lab tem um tema, a gente quebra a cabeça para casar o contexto da edição com a música que vai embalar a noite de um museu que é muito vivo. O contexto agrega para a música e vice-versa”, diz.


Ela relembra, por exemplo, a sexta edição do projeto, que abordou o papel ecológico dos fungos e o aquecimento global, com a temática “Super Fungos!”. Naquela noite, quem ocupou o palco do evento foi a banda paraibana Glue Trip, com o show “Glue Trip, 10 anos de psicodelia”.

Mulher morena sorri com casaco vermelho e branco

Ao comparar a capital federal com a tradicionalmente cosmopolita e efervescente São Paulo, onde ela mora, Roberta se arrisca a dizer que não existe nada como o Night Lab na terra da garoa. “Tem muita coisa em São Paulo, é claro, mas separadamente. Mas, noites como as do SESI Lab, são únicas. Tem a magia do lugar, que une arquitetura, projeções visuais, música e toda a experiência que o museu promove. E a quantidade de público é sempre surpreendente”, comemora.

Atrações que são a cara da cidade

Ellen Oléria, a cantora que é a cara de Brasília e que leva a cidade por onde for, cantou na programação especial do museu para celebrar o aniversário de 63 anos da capital. Para ela, a natureza e a localização do museu promovem a cultura local. “Brasília é uma cidade criada para diluir as tensões sociais e a localização do SESI Lab representa a democratização do acesso para quem mora longe. Além disso, é um espaço que promove um encontro geracional. Tem crianças e idosos, que são as gerações mais abandonadas pela sociedade, e acredito que a gente aprende muito quando junta gerações”. 
 

Mulher negra com macacão segura flores sentada no chão em um tapete e apoiada em sofá

Segundo Ellen, a cidade ainda não consegue absorver toda a cultura que produz e é preciso despertar para isso. “Eu me lembro das campanhas de conscientização para o uso da faixa de pedestre em Brasília e isso me faz pensar na necessidade de pensar em formas de chamar o público brasiliense para sair de casa e valorizar o que a cidade está produzindo.".


"O SESI Lab é um oxigênio para Brasília e uma escola para entendermos que as instituições devem se envolver com cultura e com educação. Poder juntar tudo isso num só lugar nos aproxima de um projeto de cultura”, completa a cantora.  


A primeira participação de Miguel Galvão, criador do festival itinerante PicniK e do complexo de entretenimento Infinu, foi já na primeira edição do Night Lab. Para ele, os pontos altos do projeto são o trabalho com conteúdos profundos e a programação de alto nível. “É assim também porque o público de Brasília é ávido por novidade e cultura. E Brasília é muito rica em cultura. O espaço do SESI Lab é foco de uma resistência cultural de mais de 10 anos e, com o tempo, pode aproveitar ainda mais a conexão com coletivos que trabalham a arte periférica, principalmente no túnel revitalizado, para construir uma realidade cada vez mais potente”. 

Para Galvão, o SESI Lab vem para preencher uma lacuna de museus que trabalham com qualidade imersiva. “Acredito que Brasília sentia falta disso. Sem contar a localização e a infraestrutura do local, que têm um papel disruptivo no cenário cultural candango”.

Mulher negra mexe em equipamentos de DJ

Apaixonada por música e acostumada a estar em cima do palco em grandes festivais, a DJ Odara, que também já participou do Night Lab, explica que o SESI Lab contribui para experiências inovadoras para a cena cultural da cidade. “Foi muito interessante participar da inauguração de um novo museu e aparelho cultural na cidade onde nasci e fui criada, ainda mais numa região que necessita tanto de cultura como ferramenta para transformação de realidade”. 

SESI Lab também é para a criançada

Em julho deste ano, o SESI Lab abriu as portas para uma programação especial voltada para as férias da criançada. Com entrada gratuita, do primeiro até o penúltimo dia do mês, o museu recebeu uma série de shows, performances, teatro, contação de histórias, filmes e oficinas. 

Ao todo, o Brinca+SESI Lab teve mais de 45 mil visitantes e contou com mais de 100 atividades educativas e culturais. Além disso, foram 23 curtas-metragens exibidos em oito sessões, 10 apresentações musicais na praça da árvore, 12 oficinas inéditas realizadas em 73 sessões, além de seis apresentações teatrais que aconteceram em 13 sessões. 

Palco com tela com animação e crianças assistindo

Mas não foi só no Brinca+ que o SESI Lab recebeu a criançada. Todos os dias, o museu 100% interativo é um espaço também para o público infantil. O Bebelume, produtora de Brasília que faz conteúdos audiovisuais para crianças de até 5 anos de idade, já participou três vezes da programação do SESI Lab.

Para Leonardo Hernandes, um dos produtores do coletivo, mais do que incentivar a economia criativa local, impulsionar novos empregos e renda, e promover a conexão entre cultura e tecnologia, o museu cria famílias frequentadoras desse tipo de ambiente.


“Acredito muito que participar de atrações como essas fideliza o público desde a primeira infância. É um espaço onde as crianças experimentam e para o qual as crianças vão querer voltar. O aprender brincando é muito potente”, diz o produtor.


De acordo com Hernandes, o SESI Lab é um espaço de possibilidades onde surgem ideias e pensamentos disruptivos, fundamental para as crianças – parte do público do museu – construírem o pensamento crítico sobre o mundo e seus desafios. “Só teremos inovação se criarmos ambientes inovadores e a cultura e a economia criativa são centrais na inovação. Trata-se de um espaço de possibilidades onde surgem ideias e pensamentos disruptivos. As crianças têm uma potência artística gigante, além de um encantamento profundo pelo mundo. É necessário expandir os gostos da criança. Quanto mais diversa for a exposição, maior a chance de se tornar uma criança inovadora”.  

Ainda segundo Hernandes, o SESI Lab criou um movimento de ganho mútuo entre artistas e museu. “As boas produções artísticas da cidade mostram a qualidade da curadoria e a qualidade da curadoria revelam as boas produções artísticas da cidade. Participar das atrações do museu representa um movimento de legitimação e de confirmação de qualidade”.

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