Inovação nos oceanos: confira 5 projetos sustentáveis para a vida marítima

Sacolas, redes de pesca e até protetor solar biodegradável. Conheça projetos de inovação desenvolvidos por estudantes do SESI para solucionar problemas ambientais nos oceanos

Nessa temporada da robótica, os estudantes da modalidade FIRST LEGO League Challenge (FLLC) foram desafiados a apresentarem soluções inovadoras, tendo como inspiração o tema Oceano.

Dentro do atual cenário ambiental, que desperta um grande alerta sobre o aquecimento dos oceanos, a poluição e a destruição dos habitats marinhos, os alunos do Serviço Social da Indústria (SESI) criaram diversas soluções para mitigar esses problemas e melhorar a vida dos profissionais que atuam no mar, além de beneficiar toda a sociedade. Confira cinco projetos desenvolvidos por eles!

1- Produto sustentável para limpar cracas de barcos 

As cracas são crustáceos marinhos que se fixam nos cascos de embarcações e causam uma enorme dor de cabeça na vida dos pescadores. Quando acumulados, esses animais deixam o barco mais pesado e provocam mais atrito com a água, exigindo maior potência dos motores, o que, consequentemente, aumenta os gastos com combustíveis. E não para por aí: elas também podem se fixar nas hélices, eixos, leme e até no sistema de refrigeração do motor.

Os pescadores do litoral alagoano também sofrem com as cracas e é aí que entra a solução desenvolvida pela equipe Robocamb, da Escola SESI Industrial Abelardo Lopes.  O Desincraca é um produto químico produzido com bicarbonato de sódio, água oxigenada e vinagre, que age em apenas 20 minutinhos e facilita a remoção das cracas. A ideia dos estudantes garantiu o Prêmio Maré de Ciência no festival nacional, em Brasília (DF). 

Pescadores do litoral alagoano testaram o 'Desincraca', produto químico que auxilia na remoção das cracas em embarcações

“Após a fabricação do nosso produto, realizamos testes com a comunidade de pescadores para colher feedbacks. Ao todo, conseguimos impactar seis importantes regiões litorâneas do estado de Alagoas e distribuímos os produtos para serem testados a longo prazo”, aponta Mharia Eduarda Ferreira, de 15 anos. 


Matheus Lima é um dos técnicos da equipe e explica que até existem soluções disponíveis no mercado, mas causa danos ao meio ambiente marinho ou exigem muito esforço físico dos pescadores que optam pela remoção manual. 


“Tem uma tinta anti-incrustante que é tóxica, alguns profissionais também fazem uso de cloro para remoção, ação proibida por lei, e a raspagem manual pode ser feita a raspagem manual, que é bastante trabalhosa e, geralmente, os pescadores mais idosos não conseguem realizar”, destaca. 

2- Sacola que dissolve em segundos na água 

A Biobag foi o projeto apresentado pela equipe ELEV3R, do Centro Educacional Isolina Ruttmann, de Rondônia. Produzida a partir de um material chamado entretela hidrossolúvel ou álcool polivinílico (PVA), que é o nome mais técnico. A sacola, ao entrar em contato com a água, se dissolve em segundos, e não produz microplásticos, diferente das sacolas biodegradáveis que já se encontram no mercado. 

A Biobag foi o projeto apresentado pela equipe ELEV3R, do Centro Educacional Isolina Ruttmann, de Rondônia

Thalita Lipke, 14 anos, explica a grande diferença do projeto desenvolvido pela equipe. As sacolas biodegradáveis já existem, é comum irmos a supermercados e encontrá-las. Quando comparada à sacola plástica comum, chega a ser até uma alternativa bem mais sustentável, no entanto, para sua produção são utilizados aditivos pró-degradantes que facilitam a decomposição delas nos oceanos, mas criam microplásticos, os quais contribuem para a poluição e afetam a vida de todos. 


“Já a nossa sacola quando se dissolve na água produz apenas matéria orgânica. Realizamos uma série de testes em laboratório para comprovar isso. Como teste de PH da água, de tempo de dissolvimento, teste de resistência, de cinza e não obtivemos resultados negativos”, detalha Thalita. 

3- Rede de pesca sustentável 

Ainda tendo como problemática a poluição plástica nos oceanos, a equipe Paratech, do SESI Belém (PA), criou o Projeto Biopesca, que utiliza a fibra de rami como alternativa sustentável às redes tradicionais de nylon. Esses materiais de pesca são responsáveis por 85% do lixo encontrado no fundo do mar e levam cerca de 600 anos para se decompor, de acordo com levantamento feito pela equipe. 

A fibra de rami é uma das fibras naturais mais resistentes do mundo, não libera resíduos tóxicos no mar e dura cerca de 20 anos

Sofia Duarte, de 14 anos, chama a atenção ao destacar as redes e os trejeitos da pesca convencional são um problema, diretamente, toda a população. Isso porque, os resíduos plásticos que ficam no mar são ingeridos pelos animais. 


“Quando comemos um peixe, por exemplo, ingerimos microplásticos também. A presença de microplásticos no sangue humano, assim como em órgãos, como o coração, pulmão, intestino, fígado e até no cérebro, já foi comprovado cientificamente”, enfatiza Sofia. 


A fibra de rami é uma das fibras naturais mais resistentes do mundo, não libera resíduos tóxicos no mar e dura cerca de 20 anos. O projeto dos estudantes já está sendo utilizado por alguns pescadores da região e a equipe iniciou o processo de registro de patente. Além disso, fecharam parcerias com Organizações Não governamentais (ONG’s) e universidades, como a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e a Universidade Federal do Pará (UFPA). 

4- Gaiola de mergulho feita de bambu 

Você sabia que os “ataques” de tubarão a humanos, são, na verdade, acidentais? Tubarões não se alimentam da carne humana. Aí vem a pergunta: Por que eles atacam as pessoas então? Um dos motivos é que esses animais se sentem confusos por alguns estímulos que encontram no fundo do mar e a gaiola de mergulho, feita de aço, pode ser uma das responsáveis por essa confusão. 

A equipe Dracarys, do SESI São Luís (MA), concluiu, por meio de pesquisas, que as ondas eletromagnéticas emitidas pelas gaiolas de mergulho comumente usadas atraem os tubarões. Isso acontece porque eles têm órgãos sensoriais chamados ampolas de Lorenzini, que detectam campos elétricos.  

Buscando aumentar a proteção dos mergulhadores e melhorar o bem-estar desses animais, os maranhenses desenvolveram uma gaiola de bambu com preenchimento de fibra de vidro e resina de poliéster. Segundo a equipe, o protótipo é 25 vezes mais resistente que a gaiola de aço, além de ter um custo-benefício bem menor. 

 

Os maranhenses desenvolveram uma gaiola de bambu com preenchimento de fibra de vidro e resina de poliéster

“Para comprovar a eficácia do nosso projeto, realizamos teste de compressão, tração e impacto. Todos esses testes foram feitos no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, o IFMA, e já iniciamos o processo de registro de patente”, destaca Frederico Melo, 14 anos. 

5- Protetor solar biodegradável 

Um protetor solar biodegradável feito a partir de compostos totalmente naturais, como óleo de semente de cenoura e polifenóis da folha da goiabeira. Esse é o Free of Sun, projeto da equipe MeqLego, do SESI Haley Margon Vaz (GO). 

Free of Sun é um protetor solar biodegradável feito a partir de compostos totalmente naturais, como óleo de semente de cenoura e polifenóis da folha da goiabeira

Ir à praia e usar protetor solar parece ser algo inofensivo, na verdade, é até um cuidado que deve ser tomado para proteger a pele e evitar possíveis doenças. O que você talvez não saiba é que o protetor solar tradicional causa o branqueamento de recifes de corais. 

O fenômeno, que já é impulsionado pelo aquecimento global, tem como principal consequência a morte do coral. Mas, como isso afeta a vida marinha? Várias espécies encontram nos recifes condições adequadas para se desenvolverem e reproduzirem. Estima-se que um em cada quatro espécies marinhas vivam nesses locais. 

A biodiversidade dos recifes de corais é aproveitada como fonte de alimento, turismo e até pela indústria farmacêutica. Logo, os impactos causados pelo embranquecimento são ambientais e socioeconômicos. 

O protetor solar da equipe foi testado e produzido em parceria com o Instituto Dahuer. Os estudantes realizaram uma campanha no parque da cidade de Catalão para conscientizar os moradores e distribuir amostras de protetores solares. Cerca de 500 unidades foram doadas. 


"O nosso produto já passou pelo processo de uso e experiência. Agora, estamos apenas aguardando a liberação da Anvisa para lançamento no mercado, um processo que leva cerca de dois anos para ser  totalmente aprovado”, ressalta Laura Zanini, 13 anos. 


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