Startups de tecnologia no setor financeiro ainda não miram nas pequenas e médias empresas

Foco das Fintechs de crédito ainda é para pessoa física. Empresas reconhecem oportunidade nas PMEs, mas também têm dificuldades em acessar recursos de baixo custo. O acesso ao crédito foi discutido durante o 5º Seminário Pense nas Pequenas Primeiro

O fundador da Conexão Fintechs, José Prado, explica que há muito a inovar no mercado de crédito para as micros e pequenas e que elas são uma das 10 tendências para as Fintechs no mundo. “O cenário é o seguinte: o futuro é promissor, mas ainda estamos engatinhando no Brasil”, diz Prado. Ele participou do 5º Seminário Pense nas Pequenas Primeiro, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira (25).

De acordo com a especialista em Política e Indústria da CNI Suzana Peixoto, o acesso ao crédito para as PMEs tem melhorado muito lentamente. No entanto, a falta de capital de giro ainda aparece como uma das dificuldades do empresário industrial. Ela lembra que o crédito é importante para alavancar o crescimento de forma mais rápida e eficiente. “O financiamento precisa voltar aos níveis anteriores à crise para incluir pequenas indústrias, com custos compatíveis ao cenário atual de juros baixos”, afirma.

A CNI coordena a rede de Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC), uma estrutura de atendimento ao setor empresarial dentro das federações estaduais de indústrias, para fornecer o máximo de informação possível sobre linhas de créditos disponíveis e adequadas a cada empresa. A entidade também mantém parceria com a Caixa Econômica Federal, BNDES e outras instituições na busca de soluções para as PMEs.

BANCOS – “O BNDES é voltado para atuar junto às micro e pequenas empresas. No ano passado, mais de 40% das liberações foram para elas. Mas o processo de comunicação disso é difícil", afirma o chefe de Departamento de Relacionamento com Agentes Financeiros do BNDES, Carlos Alberto Viana.

Segundo ele, entre as ações para promover o acesso ao crédito das PMES está o repasse para os agentes financeiros, em especial, em cooperativas e agências de fomento, banco de montadoras (na linha FINAME). Viana garante ainda que o custo efetivo dos juros no BNDES Giro caiu de 19% ao ano, em agosto do ano passado, para 16% nas operações de janeiro a março deste ano.  

Diretor-executivo de Clientes da Caixa Econômica Federal, Júlio Volpp também garantiu que tem orçamento para ampliar o crédito para as PMEs. “Ainda bem que 2017 ficou para trás. Em 2018 o momento é outro, e já percebemos um aumento na procura. Estamos investindo muito nos nossos processos de agilização da concessão do crédito”, garantiu.

CRÉDITO CONSCIENTE – A preocupação do secretário especial da Micro e Pequena Empresa do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), José Ricardo Veiga, é com o crédito consciente. Para ele, é preciso trabalhar para que o empresário tome o empréstimo de forma orientada e consciente sobre o prazo e a condição. “Não é nossa intenção fazer uma corrida de crédito que pode gerar inadimplência, uso equivocado do recurso e depois causar problemas”, afirma.

SIMPLES NACIONAL – O relator da comissão especial que debaterá a atualização da Lei do Simples Nacional, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), defendeu o “Simples Nacional para o século XXI, com menos burocracia e mais acesso ao capital”. Na proposta, ele incluiu o Sistema Nacional de Fomento, que promove a desconcentração bancária.

“Precisamos aumentar os correspondentes bancários. Hoje temos 12 mil, para 5,7 mil municípios. É muito pouco. Menos burocracia e mais acesso a crédito é tudo que se precisa para fazer um Brasil melhor”, diz o deputado. O projeto também prevê a captação de capital externo desonerado.

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