Durante a Plenária I do XXXIII Congresso Internacional de Propriedade Intelectual da ABPI – Associação Brasileira de Propriedade Intelectual, que acontece hoje (19) e amanhã no Rio de Janeiro (RJ), representantes da indústria e de empresas globais discutiram a relação entre a proteção do conhecimento e a inovação. Nesse sentido, ofereceram seu ponto de vista sobre os desafios que o Brasil tem para se tornar competitivo no mercado global no debate moderado por Luiz Henrique Amaral, presidente da ABPI. Confira:
Diana Jungmann, coordenadora do Programa de propriedade intelectual da Confederação Nacional da Industria – CNI
“No Brasil, estamos correndo pra nos alfabetizar em relação à propriedade intelectual porque esse sistema se tornou importante pro país. Inovação ainda é um item novo na nossa agenda industrial. Todos estão correndo contra o tempo pra entender as regras do jogo e fazer o uso correto delas. Nesse sentido, a CNI entende que existe uma necessidade de educação em relação a proteção do conhecimento e é isso que estamos tentando fazer.”
Joseph Schaper, diretor Internacional de propriedade intelectual da Monsanto
“A partir do momento em que temos uma invenção nas mãos, levamos de 8 a 10 anos para conseguir toda a aprovação regulatória e transformá-la num produto vendável. A demora na obtenção das patentes muitas vezes nos mata, precisamos de algum tipo de garantia que teremos retorno dos nossos investimentos feitos ao longo desse período. Felizmente, ouvi palavras encorajadoras do Jorge Ávila [presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI] no que se refere à ampliação do Instituto. Prazos e tempo de concessão dos registros ainda são um problema para a indústria.”
Donald Frail, vice presidente da iScience Emerging Innovations AstraZeneca
“No Brasil, a propriedade intelectual é muito complexa. A constituição brasileira defende o benefício da humanidade e isso influencia a maneira como a proteção ao conhecimento é interpretada. O suporte à sociedade da inovação também é fundamental no país, que precisa sair do paradigma da transferência de tecnologia para a produção de tecnologia. Em muitos círculos, ainda se vê a propriedade intelectual como um sistema anticompetitivo. Se continuar assim, não vamos conseguir efetivar a sociedade do conhecimento. O sistema é pró competição e pró concorrência.”
Joff Wild, editor da revista Intellectual Asset Management- IAM
“O grande desafio para várias economias, principalmente entre as em desenvolvimento como o Brasil, é encarar a propriedade intelectual estrategicamente. O tema ainda é coisa do jurídico para muitas empresas. Empreendedores e líderes governamentais também precisam assumir essa responsabilidade. Os países fundadores da propriedade intelectual criaram o sistema, e aqueles que começaram depois têm a vantagem de não precisar começar cometendo os erros dos primeiros, podem copiar as boas práticas do que já deu certo e das grandes empresas.”
Robert DeBerardine, chefe mundial da Sanofi-Aventis
“Na indústria farmacêutica, as pessoas acham que não deve haver patentes em nome da dignidade humana. E toda a pesquisa, e todos os fracassos que tivemos por 10 ou mais anos até conseguir um sucesso? Precisamos criar um novo modelo pra gerenciar isso. Temos que resolver o problema do acesso aos medicamentos sim, mas também é fundamental encorajar o desenvolvimento da cura do alzheimer, do câncer e outras doenças. Acredito que o debate não é se a propriedade intelectual é justa ou não, e sim sobre como vamos poder explorá-la e garantir o retorno de investimentos.”
O Congresso Internacional de Propriedade Intelectual da ABPI é o maior evento sobre propriedade intelectual da América Latina. Acompanhe a cobertura das plenárias e debates da 33ª edição no site da entidade e no canal de propriedade intelectual da CNI.
