Pandemia deve impactar exportações em, pelo menos, R$18,6 bilhões, estima CNI

Análise mostra redução no embarque de, ao menos, 56 milhões de toneladas de cargas em decorrência da desaceleração do comércio mundial. Projeção é inicial e feita com base em retração do PIB global de 1,1%

Carlos Abijaodi: País precisa de medidas para sustentar e ampliar as exportações da economia pós-coronavirus

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que as exportações brasileiras poderão apresentar uma queda de, no mínimo, US$ 18,6 milhões, caso se confirme a retração mundial de 1,1% no Produto Interno Bruto (PIB) dos países, devido a pandemia do coronavírus. A CNI a avalia que a recessão global provocaria uma redução de 56 milhões de toneladas de cargas nacionais indo para o exterior.
 
Segundo o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi, esta avaliação foi feita com base em estudos de referência que mostram que quedas de renda na população mundial  levam automaticamente a reduções nas exportações de produtos nacionais. A metodologia usada pela CNI aponta para uma queda de 11% na quantidade de toneladas exportada pelo Brasil, neste ano, em comparação ao ano passado. Diante disso, a queda projetada para 2020 é de uma redução de US$ 18,6 bilhões, no mínimo.

"A América Latina, grande destino dos nossos produtos manufaturados, poderá ter, nas próximas semanas, um aumento maior nas medidas para contenção do vírus, o que poderá vir a afetar ainda mais as exportações de manufaturas do Brasil", afirma o diretor da CNI.

Câmbio pode ajudar, mas país precisa de medidas para ampliar exportações na retomada

Para ele, o câmbio desvalorizado pode representar uma janela a ser aproveitada pelos exportadores, principalmente daqueles setores com cadeias de produção mais longas e envolvendo  pequenas empresas como alimentos e bebidas, calçados, joias, móveis e vestuário. "Mas o câmbio é um elemento temporário de melhora da competitividade", alerta Abijaodi.

A CNI defende que o país pense em medidas para sustentar e ampliar as exportações na retomada da economia pós-crise, preservando a capacidade da indústria de competir com setores mais intensivos em tecnologia, como aeronáutico, automotivo, eletroeletrônicos e de máquinas e equipamentos.

O combate à pandemia tem causado problemas a logística de Comércio Exterior, com medidas restritivas a cargas marítimas, rodoviárias e deslocamento de pessoas, o que pode aprofundar ainda mais a crise nos negócios.

As avaliações  sobre estas reduções nas exportações deverão ter um acompanhamento para que a economia volta ao normal. No momento, esses dados ainda são baseados num cenário de recessão ampla e não diz respeito a países específicos, pois nenhuma entidade ou organização internacional divulgou dados por país ou por região.

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