Inspiração e parceria: a importância da relação entre Brasil e Alemanha

País é um dos mais tradicionais investidores no território brasileiro, especialmente no setor industrial. Parceria vai de operações comerciais aos Institutos SENAI de Inovação, inspirados em organização alemã

Às vésperas do 39º Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), que acontece nos dias 13 e 14 de março, em Belo Horizonte (MG), setores industriais e gestores governamentais se preparam para debater iniciativas em prol do fortalecimento das relações bilaterais. A aproximação dos países nos últimos meses evidencia a importância da parceria que, reforçada, poderá promover o crescimento do comércio, dos investimentos e a cooperação tecnológica de ambas as economias. A Alemanha é considerada um dos mais tradicionais investidores no território brasileiro, além de ser o 4º principal parceiro do Brasil e ter o país como principal parceiro na América do Sul.

Em 2022, o comércio de bens entre os países atingiu US$ 19,1 bilhões – o recorde desde 2014 – e em 2021 o comércio bilateral em serviços totalizou US$ 1,78 bilhões, enquanto os estoques de investimento estrangeiro direto representaram US$ 26,4 bilhões. As dez empresas alemãs que mais anunciaram investimentos no Brasil no período entre 2010 e 2022, de acordo com dados da FDI Markets compilados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), foram a ThyssenKrupp, a Volkswagen, a Siemens, a Mercedes-Benz Group (Daimler), a Deutsche Post, a BASF, a Continental, a Stihl, a E.On, a N26 e a Bayer.

Em relação ao comércio, levantamento da CNI a partir de estatísticas do Comex Stat mostram que os principais produtos exportados do Brasil para a Alemanha, em 2022, foram café, chá, mate e especiarias (27%), resíduos e desperdícios das indústrias alimentares (16%), minérios (13%), máquinas mecânicas (10%) e demais produtos (33%). E no mesmo período, os principais produtos importados do território alemão foram máquinas mecânicas (21%), químicos orgânicos (12%), veículos terrestres (10%), produtos farmacêuticos (9%) e demais produtos (47%).

Fortalecimento da relação bilateral destaca oportunidades de negócios

O sinal de fortalecimento dos laços econômicos e políticos entre Brasil e Alemanha acende a chama de oportunidades para empresas que já têm ou desejam ter relacionamento com o território alemão. De acordo com levantamento recente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), existem relevantes oportunidade para exportação do Brasil para a Alemanha em máquinas e equipamentos de transporte, especialmente em aviões e peças de motores a diesel; materiais em bruto, principalmente resíduos de prata e minérios de ferro; e artigos manufaturados, com foco em alumínio, papéis e barras de aço, principalmente a partir do comércio intraindústria.

O cenário brasileiro também é promissor para a Alemanha e tem presença expressiva de empresas do país – cerca de 1,6 mil já instaladas. E há previsão de mais negócios: além dos debates e painéis com temas estratégicos para as economias, o próximo encontro dos setores industriais dos dois países, o 39º EEBA, terá um dia de reuniões entre empresários regionais, nacionais e internacionais para tratar de oportunidades relacionadas a parceria tecnológica, instalação de planta industrial, parceria para distribuição/representação legal e abertura de filial. Cerca de 200 empresas brasileiras e 50 alemãs de diversos segmentos industriais já sinalizaram interesse em participar da iniciativa.

Ações estratégicas vão promover mais desenvolvimento

A expectativa é que, com a execução de medidas estratégicas, a relação bilateral promova mais desenvolvimento para ambos os países, principalmente no que diz respeito à indústria, além de integração do Brasil de forma estratégica para a parceria com outras economias. Entre as medidas consideradas prioritárias pelos setores industriais brasileiro e alemão estão a conclusão do Acordo Mercosul-UE e um novo e moderno Acordo de Dupla Tributação (ADT), que seja alinhado às melhores práticas internacionais.


“Avançar na conclusão do Acordo Mercosul-UE é realmente necessário. A CNI trabalhou ativamente para a retomada das negociações desse tratado, ainda em 2012, e desde então se mantém na linha de frente para garantir a coesão do setor empresarial em prol do seu avanço. Por isso, estamos ansiosos pelos próximos passos: a conclusão dos trâmites necessários e o início da internalização pelos membros dos dois blocos”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.


Com o Acordo Mercosul-UE em vigor, a expectativa é que 95% das linhas tarifárias estejam isentas de tarifas em até dez anos, enquanto antes das primeiras fases do acordo, apenas 24% das linhas tarifárias do Mercosul estavam isentas. Já o novo ADT com a Alemanha será fundamental para impulsionar o comércio e os investimentos, uma vez que possibilita a previsibilidade e estabelece bases para uma prosperidade econômica comum a longo prazo.

Relação Brasil-Alemanha vai além do comércio de bens

O relacionamento econômico entre o Brasil e a Alemanha ultrapassa a linha de comércio de bens. Além das operações de importações e exportações, a parceria rendeu frutos como os Institutos SENAI de Inovação (ISIs), que foram inspirados pela maior organização de pesquisa aplicada da Europa, a Sociedade Fraunhofer, da Alemanha, e hoje contam com apoio de especialistas alemães para ajudar a indústria a inovar e ser mais competitiva.

A rede nacional de ISIs foi criada em 2013 e já atendeu mais de 860 empresas, com execução de mais de R$ 1,9 bilhão distribuídos em 1,9 mil projetos de Pesquisa & Desenvolvimento + Inovação (P&D+I) com a indústria. Com 28 institutos presentes em 13 estados do Brasil, a estrutura dos institutos SENAI tem mais de mil pesquisadores e, por meio de contrato de colaboração com o Instituto Fraunhofer IPK de Berlim, conta com especialistas estrangeiros que auxiliam no planejamento e na implementação de cada unidade com foco na orientação para o mercado, além de monitorar o desempenho individualmente e em conjunto

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