Governos de Brasil e Argentina mostram sintonia inédita e relação bilateral avança

Mais de 30 associações empresarias dos dois países se reuniram para ouvir balanço da relação bilateral, durante encontro do Conselho Empresarial Brasil-Argentina, coordenado pela CNI

Brasil e Argentina estão trabalhando, juntos, para reduzir as barreiras ao comércio bilateral, ampliar investimentos e facilitar o comércio. Essa é a avaliação dos governos e dos empresários dos dois países reunidos, pela primeira vez, nesta sexta-feira (15), para o Conselho Empresarial Brasil-Argentina (CEMBRAR), colegiado criado há um ano pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a União Industrial Argentina (UIA).

“O CEMBRAR significa o compromisso, de ambos os lados, brasileiro e argentino, de trabalhar em busca do aprofundamento dos laços econômicos e comerciais entre nossos países, por meio da construção de uma agenda conjunta de temas prioritários nas áreas de comércio, investimento e inovação, voltados à melhoria do ambiente de negócios”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

Neste ano, o comércio brasileiro com os argentinos se reaqueceu, com aumento de 30% das exportações nacionais. As exportações da Argentina para o Brasil cresceram 7%, taxa duas vezes maior do que o crescimento de suas vendas para restante do mundo.

PARCEIRO ESTRATÉGICO - “Vejo o futuro dos nossos países como sócios e com abertura de mercado. Para o governo argentino, o Brasil é um sócio estratégico. Às vezes, a opinião pública vê o aumento das importações como catástrofe e a nossa resposta é sempre: o Brasil é um país estratégico”, disse o ministro da Produção da Argentina, Francisco Cabrera.

O ministro de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) do Brasil, Marcos Pereira, ressaltou que, nos últimos 16 meses, os avanços foram maiores do que nas duas últimas décadas. “A convivência entre os dois governos tem sido pela abertura, pelo desenvolvimento e pelo crescimento como não víamos há muitos anos. Nós estamos empenhados para continuar avançando nesta agenda. Queremos uma relação ampla e consistente com o tamanho dos nossos países”, afirmou Pereira.

COOPERAÇÃO - No início do ano, durante a presidência Argentina no Mercosul, o bloco assinou o acordo de cooperação e facilitação de investimentos (ACFI), com o objetivo de ampliar o fluxo de capitais e reduzir riscos para investidores. Agora, durante a presidência brasileira - que se encerra em janeiro de 2018 -, os países estão empenhados em fechar o acordo de compras governamentais. Somadas, as compras de governos de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai chegam a cerca de US$ 250 bilhões.

Na agenda comercial, também houve avanços relevantes. O Brasil conseguiu abrir o mercado de cítricos e o de componentes elétricos de baixa tensão, que estavam praticamente fechados na Argentina. “Não há setores inviáveis na Argentina, vamos trabalhar com vocês”, prometeu Cabrera. O açúcar brasileiro, no entanto, ainda encontra dificuldades para entrar no mercado argentino por estar fora do acordo do Mercosul.

Além disso, o secretário de Comércio Exterior do Brasil, Abrão Neto, afirmou que o Brasil terá com a Argentina o primeiro projeto de integração da ferramenta de facilitação de comércio, o Portal Único. Disse, ainda, que a inclusão do Certificado de Origem Digital no comércio bilateral reduziu em 30% o custo das emissões dos certificados de origem e viu o tempo de emissão cair de um dia para 30 minutos.

Em defesa comercial, os dois países se comprometeram usar meios eletrônicos nas investigações de antidumping, para dar mais transparência. Haverá também um intercâmbio entre start-ups. As brasileiras serão levadas a Buenos Aires e as argentinas conhecerão São Paulo.

CEMBRAR – Também participaram da prestação de contas do governo para o setor privado o embaixador argentino no Brasil, Carlos Magariños, o secretário de Comércio da Argentina, Miguel Braun, o presidente da seção brasileira do CEMBRAR, Ricardo Lima, e o presidente da seção Argentina do CEMBRAR, Adrian Kaufmann.

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