Brasil e China: indústria brasileira apresenta 16 propostas para fortalecer cooperação

CNI participa de missão oficial, até 7 de junho, liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Mirando um diálogo mais estratégico, industriais querem estreitar laços com gigante asiático

Vista área de cidade chinesa com diversos prédios altos

Com intuito de fortalecer a parceria estratégica entre Brasil e China, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, levará 16 propostas prioritárias da indústria brasileira a empresários e governo do país asiático nesta semana. A diretoria da CNI integra a missão comercial do governo brasileiro ao país e à Arábia Saudita, de 2 a 7 de junho, liderada pelo vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. 

O encontro faz parte da estratégia da indústria brasileira de estreitar ainda mais a relação com a China, principal parceiro comercial do Brasil e 8º maior investidor direto no país. A CNI considera o momento atual oportuno para estruturar a agenda de cooperação industrial com o país asiático, especialmente nas áreas científica, tecnológica e de inovação, para atração de investimentos. 

Na visita a Pequim, a indústria brasileira apresentará propostas em diferentes áreas, mapeadas junto às empresas. Entre elas, estão ações em energia renovável, transferência de tecnologias para mobilidade sustentável, expansão da cooperação espacial, cooperação regulatória em inspeção farmacêutica e biotecnologia agrícola, hubs de descarbonização para a indústria siderúrgica, desenvolvimento de cadeias de suprimento do hidrogênio verde brasileiro, eliminação de barreiras comerciais, fomento a projetos de bioeconomia e intercâmbio técnico e outras. 

“O futuro da agenda entre Brasil e China deve ser baseado na sustentabilidade e na inovação tecnológica, criando um impulso para os próximos 50 anos de parceria econômica e comercial. Convidamos as empresas chinesas a ampliarem os investimentos sustentáveis no Brasil e afirmo que a CNI vai apoiar quem planeja investir seus negócios e incentivar a agenda de transferência de tecnologia e inovação ligada a novos investimentos”, afirma o presidente Ricardo Alban.

Durante um seminário empresarial, com participação de autoridades e empresários dos países, serão anunciados memorandos de entendimento (MoU) entre entidades chinesas e a CNI, o do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Os acordos propõem facilitar a expansão das empresas brasileiras no mercado chinês e criar um grupo de CEOs de alta tecnologia; viabilizar a formação de executivos em setores estratégicos e promover a inovação na indústria; fortalecer a cooperação entre entidades; e criar ações para trocas de tecnologia e formação de competências técnicas.

Relação comercial Brasil e China

Em 2024, as relações diplomáticas entre Brasil e China completam 50 anos, além dos 30 anos de parceria estratégica e dos 20 anos da criação da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), o principal mecanismo de diálogo governamental entre os países, sob o comando dos dois vice-presidentes da República. 

A China é o principal parceiro comercial do Brasil e o 8º maior investidor direto no país. Em 2023, as exportações brasileiras para a China somaram US$ 104,3 bilhões, com aumento de 16,97% em relação a 2022, quando o valor foi de US$ 89,4 bilhões. Já as importações do país para o Brasil marcaram US$ 53,2 bilhões, uma queda de 12,54% em 2023 em relação ao ano anterior, quando foram de US$ 60,7 bilhões. Os dados foram elaborados pela CNI a partir das estatísticas do ComexStat.

Indústria também teve agenda na Arábia Saudita 

Antes da visita à China, a delegação governamental passou por Riad, na Arábia Saudita, em um momento em que o país quer fortalecer a relação comercial com o Brasil. O território brasileiro foi escolhido como parceiro estratégico para investimentos desde 2019 e, desde aquele ano até 2023, os setores que mais receberam anúncios de investimentos do país no Brasil foram os de energia renovável e combustíveis fósseis. De acordo com a CNI, as transações comerciais com os árabes podem saltar dos atuais US$ 8 bilhões para US$ 20 bilhões até 2030.

Recentemente, durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Arábia Saudita, em 2023, os árabes anunciaram intenção do Fundo Soberano Saudita de aplicar US$70 bilhões no Brasil, dos quais US$ 9 bilhões seriam nos próximos sete anos. No leque de possibilidades, há projetos na área de energia limpa, hidrogênio verde, defesa, ciência e tecnologia, agropecuária e aportes em infraestrutura conectados ao Novo PAC. 

Além do presidente da CNI, Ricardo Alban, integram a delegação empresarial brasileira o diretor de Desenvolvimento Industrial, Rafael Lucchesi; o diretor de Tecnologia e Inovação, Jefferson Gomes; o superintendente de Relações Internacionais, Frederico Lamego; e o diretor-geral do SENAI Cimatec, Leone Andrade.

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