Acordo Mercosul-UE vai contribuir para a reindustrialização do Brasil, afirma Alban

Representante da CNI no EEBA, Ricardo Alban disse que tratado trará crescimento e criação de empregos. Vice-presidente Geraldo Alckmin disse que governo se empenhará pela internalização do tratado

O 39º Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA) acontece em Belo Horizonte

A conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia e a modernização do acordo que evita a dupla tributação (ADT) são as prioridades das indústrias do Brasil e da Alemanha como medidas para aprofundar as relações econômicas entre os dois países. Os dois marcos dependem de avanços nas negociações entre os governos – no caso do Mercosul União-Europeia, de aval dos países-membros dos blocos – e devem ser aceleradas, na visão de representantes dos setores produtivos alemão e brasileiro, reunidos 39º Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), nesta segunda-feira (13), em Belo Horizonte.

“A implementação do acordo Mercosul-UE será muito positiva porque facilitará a diversificação das exportações e a ampliação da rede de parceiros comerciais nos países que integram os dois blocos. Ajudará, ainda, a agregar valor às cadeias de produção e a incentivar o crescimento da economia e a criação de empregos nas duas regiões”, afirmou presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) e representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban.

Ricardo Alban, representante da CNI, reforça que a sofisticação e o pioneirismo da indústria alemã são essenciais para a reindustrialização do Brasil

Convidado para a abertura do encontro, o vice-presidente e Ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, também ressaltou a necessidade de avançar com a conclusão do acordo, fortalecendo o bloco sul-americano, e com o novo ADT. Segundo ele, o tratado já em análise pelo governo brasileiro.

“Nós vamos nos empenhar no Acordo Mercosul-UE. O presidente Lula teve uma importante agenda na Argentina para fortalecer o Mercosul e então avançarmos com o acordo. Também tivemos uma reunião há duas semanas, em Buenos Aires, para trabalhar nos detalhes. Mas não podemos voltar a discutir tudo”, disse o vice-presidente.

Os avanços pela conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia e o acordo para evitar a bitributação entre os países já haviam sido listadas como mais impactantes na relação Brasil-Alemanha, em uma consulta prévia realizada pela CNI com empresas com relações econômicas com o país europeu. As conclusões deste levantamento foram apresentadas por Alban, durante a abertura do EEBA.

Também presente no encontro econômico, o vice-chanceler e ministro da Economia e Ação Climática da Alemanha, Robert Habeck, avalia os dois tratados como um importante pilar na relação entre as economias. “O acordo Mercosul-UE está negociado há muitos anos e não é essa a velocidade com a qual podemos tomar decisões políticas porque não é competitivo. Acredito que agora existe um momento político propício e temos oportunidade para ajustar”, afirmou o ministro.

Reforma tributária vai melhorar ambiente de negócios

Além dos ministros brasileiro e alemão e dos representantes do setor industrial, participaram da abertura do EEBA o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe; a secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura; e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema.

Durante o EEBA, o vice-presidente Alckmin afirmou que para aumentar a competitividade brasileira é preciso reduzir o Custo Brasil - conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas - e avançar, ainda, com a agenda da Reforma Tributária. Segundo ele, o governo Lula tem atuado para criar um imposto único sobre consumo, com objetivo de simplificar o sistema tributário no Brasil e melhorar o ambiente de negócios.

“Precisamos reduzir o Custo Brasil e rapidamente avançar pela Reforma Tributária. Podemos até ter mais de uma alíquota, mas concentrando em um imposto só. Na proposta que o governo vai apresentar, teremos o IVA, com o intuito de desburocratizar”, disse o ministro do MDIC.

Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil, disse que o governo vai se empenhar no Acordo Mercosul-UE

Para o vice-presidente, a medida vai garantir mais competitividade brasileira no que diz respeito ao comércio exterior, que é muito importante para o desenvolvimento do país.

Relação bilateral tem tradição e é parceria estratégica

Para o vice-chanceler alemão, o EEBA coloca em evidência um momento de oportunidade para a relação Brasil-Alemanha e propício para avançar em diversas agendas estacionadas, principalmente após mudanças significativas no cenário geopolítico. “O mundo parece estar se isolando em blocos e esferas de poder, novas fronteiras políticas e econômicas. Depende de nós dar força a um contrapeso. Eu acredito que as discussões aqui podem estreitar a relação e contribuir para que tenhamos uma mudança positiva”, disse Habeck.

“As relações Brasil-Alemanha têm tradição e são uma parceria estratégica. O Brasil está aproveitando as possibilidades e tenho muito respeito diante da grandeza das ações que estão sendo realizadas”, completou o vice-chanceler.

Robert Habeck, vice-chanceler da Alemanha, disse que o Brasil é forte em relação às energias e que os potenciais são enormes

O representante da CNI, Ricardo Alban, reforçou a importância da parceria bilateral e enfatizou que a Alemanha tem um papel significativo na formação da cultura e da identidade brasileira. “No passado, os imigrantes alemães contribuíram de forma decisiva para a diversificação da nossa agricultura e para a construção no nosso parque industrial. Hoje, a parceria com a Alemanha, país que vem se destacando pela sofisticação da sua indústria e pelo pioneirismo no estímulo à digitalização das atividades, é essencial para a reindustrialização do Brasil”, afirmou Alban.

Robert Habeck disse, ainda, que o Brasil é forte em relação às energias e que os potenciais são enormes. “A Alemanha segue o mesmo caminho e estamos trabalhando na transformação. Queremos uma fonte verde além do Atlântico. Nós queremos crescimento para além das energias renováveis, o que inclui o hidrogênio verde. Se combinarmos nossos potenciais, seremos mais fortes”, afirmou.

O presidente da Federação das Indústrias Alemãs (BDI), Siegfried Russwurm, também comentou a parceria estratégica entre as economias e as indústrias alemã e brasileira. “Nós precisamos de mais energias renováveis do que nós mesmos podemos produzir, principalmente hidrogênio verde. O Brasil dispõe de muitos recursos e muita experiência, e na Alemanha temos pesquisa em relação ao hidrogênio e muita propriedade intelectual, por isso estamos em busca de parceiros”, disse Russwurm.

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