Henrique Meirelles diz que reforma tributária terá prioridade absoluta em seu governo

A ideia é unificar os impostos de valor adicionado, como PIS, Cofins, ICMS e ISS, em uma única cobrança chamada Imposto de Valor Agregado (IVA)

Meirelles aposta na experiência durante os governos Lula e Temer na conquista do voto dos brasileiros

A reforma tributária será uma das principais agendas do pré-candidato à presidência da República Henrique Meirelles (MDB), caso seja eleito nas eleições de 2018. O ex-ministro da Fazenda do governo Temer destacou que uma equipe elabora projeto mais detalhado sobre o tema. A previsão dele é de a mudança ser votada nos primeiros 100 dias de seu governo, caso obtenha vitória nas urnas. Meirelles foi o quarto pré-candidato à Presidência da República a participar do Diálogos da Indústria com os Candidatos à Presidência promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira (4), em Brasília.

Meirelles adiantou que o foco será simplificar a tributação brasileira. Por isso, a ideia é unificar os impostos de valor adicionado, como PIS/Cofins, ICMS e ISS, em uma única cobrança chamada Imposto de Valor Agregado (IVA). Após o recolhimento, o valor seria redistribuído a estados e municípios. Para ele, a medida deixa a cobrança de impostos mais transparente e vai permitir aumento de arrecadação. “Dados do Banco Mundial mostram que um empresário gasta 2,6 mil horas por ano para pagar imposto, e não é trabalhando para gerar dinheiro para pagar o imposto, é em burocracia, em papel. Meu objetivo é reduzir para 200 horas, seguindo o padrão mundial. Temos que simplificar para ficarmos mais eficiente”, afirmou.

As reformas serão temas centrais na campanha de Henrique Meirelles. Segundo ele, os 15 projetos prioritários do atual governo continuarão na agenda, caso ele se eleja. Entre eles, há um de simplificação tributária um pouco mais tímida do que a prometida durante a sabatina da CNI, porque envolve somente o PIS/Confins. O ex-ministro afirmou ainda que a reforma tributária que ele propõe pretende corrigir a distorção da indústria ser um dos setores que paga mais imposto.

Com baixa penetração no eleitorado e menos de 1% nas intenções de voto, Meirelles aposta na experiência durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi presidente do Banco Central, e na participação no governo Temer na conquista do voto dos brasileiros. Para conseguir conectar a sua imagem aos avanços econômicos ocorridos entre 2003 e 2011 e 2017, Meirelles pretende contar com o tempo de televisão e a capilaridade do MDB nos estados e nas cidades brasileiras. “Vamos mostrar que o homem responsável pela economia no governo do Lula era o senhor Henrique Meirelles e que, quando ele saiu, o país entrou em uma crise profunda que só melhorou depois que ele voltou”, explica.

Meirelles declara que já conquistou o apoio de 80% dos delegados regionais do partido. O pré-candidato reforçou que pesquisas internas encomendadas pelo MDB indicam que, entre o público que o conhece, a aceitação sobe. “No momento em que meu histórico se tornar conhecido, o eleitor vai optar pela minha candidatura. Eu saí do Ministério da Fazenda convencido da possibilidade de chegar à Presidência da República”, afirmou. “Com mais quatro anos, eleito por voto direto, vamos colocar o Brasil em uma rota clara e sustentável de crescimento”.

O ex-ministro explica que a unificação de impostos de valor adicionado deve deixar a cobrança mais transparente e permitir o aumento de arrecadação


Principais pontos da apresentação de Henrique Meirelles aos empresários:

  • Emprego

    “Pegamos um quadro com 14 milhões de desempregados. O PIB (Produto Interno Bruto) tinha caído mais de 5% em um ano. O país estava com economia em queda livre. Tínhamos 89,5 milhões de pessoas trabalhando quando assumimos o governo, agora são 91 milhões. Arrefeceu um pouco o crescimento das vagas este ano, é verdade, mas a resposta para isso é simples. Pessoas que tinham desistido de procurar emprego voltaram a ter esperança.”
     
  • Juros bancários

    “Não há dúvida de que existe pouca competição no mercado financeiro brasileiro. Na estrutura do mercado existente, temos a vantagem de ter milhares de agências bancárias no país. Entretanto, isso também gera uma barreira de entrada de novos agentes. Existe uma solução que o mundo inteiro está buscando que são as fintechs - empresas financeiras eletrônicas com acesso geral -. Assim., não tem necessidade de fazer 3 mil, 4 mil agências, que é a barreira de entrada de novos bancos. Assim aumenta a competitividade e diminui os preços"
     
  • Reforma da Previdência

    “O Estado tem que diminuir as despesas, diminuir o deficit público e a dívida. Por isso, é importante a reforma da Previdência, mas ainda temos que discutir. Nós não desistimos dela. As reformas são a nossa prioridade nos primeiros 100 dias de governo. As despesas do governo central cresceu de 10,8% do PIB para 20% em 20 anos. Vai cair se aprovamos a reforma da Previdência.”
     
  • Governo Lula

    “Quando eu era ministro da Fazenda no governo Lula, 60 milhões de brasileiros entraram na classe média. Houve um crescimento enorme da economia brasileira, porque eu tinha autonomia. Enquanto eu estive no governo, o Brasil melhorou, cresceu. Eu saí, piorou. Eu sirvo ao país."
     
  • Experiência

    “Trabalhei com Lula e com Temer e foi bem-sucedido em ambos os casos. O que eu consegui no governo Lula e no governo Temer tem uma diferença de tempo. No governo Lula, tive tempo suficiente para o resultado do trabalho aparecer, porque foram oito anos. No Temer, não houve tempo de ter o mesmo tipo de efeito que teve naquela época.”
     
  • Congreso Nacional

    “Não tenho dúvidas de que vamos aprovar no Congresso Nacional todas as reformas necessárias, como, afinal, já vem sendo feito. Conseguimos aprovar a reforma trabalhista, a lei da terceirização e a lei de governança das estatais."
     
  • Segurança

    “Com a economia crescendo, vai haver mais condições para a arrecadação dos estados aumentar, o que vai gerar maior investimento em segurança. O governo federal tem condições de fazer na segurança pública um grande projeto de informações de policiamento em fronteira, para evitar o contrabando de armas e de tráfico de drogas. O governo estadual pode aumentar o policiamento, e os municípios contribuem com a guarda municipal. O Brasil tem condições de oferecer segurança pública nos estados, não distribuindo revólveres para cada um de vocês aqui sair no meio da rua se defendendo e trocando tiros. Não é isso.”
     
  • Interferência do governo na economia

    “Nós temos que aumentar a competitividade. Nós vivemos um sistema de livre mercado. No mundo inteiro, quando o governo tenta interferir nisso, sempre dá errado, principalmente no Brasil. Governo interferir é achar que um burocrata de um gabinete de Brasília sabe mais que todos os senhores e as senhoras empreendedores. Quando o governo quer intervir na economia, você tem qualquer tipo de raciocínio simples. Toda resposta simples para problema complexo dá errado.”
     
  • Confiança

    “O eleitor brasileiro está cansado de aventureiros. Antes, um dos critérios para a escolha de um presidente era a busca por candidatos carismáticos. Não é mais assim. A seriedade ganhou importância. Os eleitores procuram confiança. Alguém que sabe fazer, com história, experiência e seriedade.”
     
  • Educação e saúde

    “O problema da formação de mão-de-obra é uma das causas da baixa produtividade do Brasil. Nós temos que ter ensino profissionalizante no governo federal. Ensino básico com as prefeituras. Na área de saúde, a informatização já começou a ser feita para que o pequeno posto tenha acesso a toda a cadeia de informações dos grandes hospitais."

José Ricardo Roriz Coelho, presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP)

“Ele tem propostas muito consistentes porque tem experiência muito grande de governo e de iniciativa privada. Agora, algumas coisas que deixam dúvida para a indústria é que ele foi presidente do Banco Central no governo Lula. Nesse período, o Brasil teve as maiores taxas de juros e a indústria perdeu muita participação no mercado. Foi um período muito bom para os bancos, mas as indústrias tiveram grandes problemas. Hoje, tem participação de somente 11,7% do PIB, justamente porque perdeu competitividade nesse período. Um dos grandes problemas de competitividade é o custo de capital do Brasil, que afasta investimentos. Se ele disse que vai resolver os problemas que propõe, por que não resolveu até agora?”

Ricardo Alban, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB)

"Henrique Meirelles apresentou propostas que convergem com as demandas do setor industrial brasileiro. Mostrou coerência, ressaltando a sua experiência e seu papel na condução da economia nos governos Lula e Temer. Tratou de temas caros ao país, já conhecidos, mas que ainda exigem soluções, como a criação de emprego e renda, controle da inflação, segurança, saúde e educação básica e profissionalizante. Um ponto importante em seu favor é a visão abrangente sobre a economia, considerando o seu histórico. Sua visão sobre a taxa de juros bancários trouxe luz à questão, pois reforçou a necessidade de favorecer a competição para reduzir os juros, a partir de soluções aparentemente simples como a regulamentação das empresas financeiras eletrônicas, maior estímulo às cooperativas de crédito e a entrada de novos bancos estrangeiros no país."

Ricardo Cavalcante, diretor administrativo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC)

“Henrique Meireles apresentou seus feitos na política econômica durante os governos que participou. Mostrou sua capacidade pessoal e irá montar uma grande equipe técnica para enfrentar o momento atual. Para mim, a grande incógnita é saber se ele terá cacife político, caso venha a ganhar a eleição, e conseguir agregar esforços para fazer uma grande união política pelo país.”



DIÁLOGO DA INDÚSTRIA COM OS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA - Há duas décadas, a CNI apresenta à sociedade e aos candidatos à Presidência da República um conjunto de propostas para o crescimento econômico e social do Brasil. Neste ano, o setor industrial sabatina seis pré-candidatos ao Palácio do Planalto. Acompanhe a cobertura completa na Agência CNI de Notícias e no Flickr da CNI.
 

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