Reforma política será prioridade de Marina Silva, caso seja eleita

Para pré-candidata, o começo da mudança no sistema político começa nas urnas. Ela defendeu fim da reeleição, do monopólio de partidos e aprovação de candidaturas independentes

“O Brasil precisa de condições para cumprir com sua vocação e ser economicamente próspero, socialmente justo, politicamente democrático, culturalmente diverso e ambientalmente sustentável”, afirma Marina Silva

Uma reforma política que contemple o fim da reeleição, a quebra de monopólio de partidos com a possibilidade de candidaturas independentes, a aprovação do voto distrital misto e a composição de governo com base em meritocracia será prioridade da pré-candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede), se for eleita. Ela esteve presente no Diálogo da Indústria com os candidatos à Presidência da República, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira (4), em Brasília.

Marina defendeu ainda o fim do presidencialismo de coalizão, dependente basicamente das alianças políticas para se governar, para um “presidencialismo de proposição”, baseado no diálogo e em programas, para se escolher os ministros por competência técnica e politica. Segundo ela, essas transformações exigem mudança de postura e o começo disso começa com a decisão nas urnas.

“Não podemos repetir as mesmas práticas que nos trouxeram aos problemas”, afirmou. “Vou governar com os melhores, pois vejo muita competência na academia, entre empresários, nos movimentos sociais, nos vários segmentos da sociedade.”

A pré-candidata elogiou as propostas da CNI que, segundo ela, têm um olhar sistêmico sobre os problemas. Ela também destacou que é importante construir um ambiente saudável para os negócios, com ajuste nas contas públicas, reforma tributária, eliminação de gargalos para o desenvolvimento do setor industrial e respeito ao tripé macroeconômico, baseado em câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação. “A indústria, que já representou 22% do PIB, está bem aquém das expectativas”, comentou. Ela disse que é preciso reverter o quadro, mas sem a manutenção de um “sistema de privilégios”, com muitos subsídios para o setor.

Marina disse ainda que países desenvolvidos chegaram a patamares mais elevados porque construíram sua identidade e ideais e continuam a perseguí-los. “O Brasil precisa de condições para cumprir com sua vocação e ser economicamente próspero, socialmente justo, politicamente democrático, culturalmente diverso e ambientalmente sustentável.”

Marina Silva defendeu o fim do presidencialismo de coalizão, dependente basicamente das alianças políticas para se governar


Principais pontos da apresentação de Marina Silva aos empresários:
 

  • Reforma política

    Marina defendeu “presidencialismo de proposição”, baseado no diálogo e em programas, para se escolher os ministros por competência técnica e politica. Ela disse estar disposta ao debate com os diversos segmentos da sociedade para se construir a união necessária para a governabilidade.
     
  • Reforma trabalhista

    Para Marina Silva, a nova legislação (Lei 13.467/17) precisa ser modernizada, pois ainda gera insegurança jurídica. Entre os pontos que precisam ser aperfeiçoados, ela ressaltou a falta de critérios de salubridade para mulheres grávidas trabalharem. “A lei carece de mudanças e revisão, pois há resultados celebrados, como por exemplo a diminuição de processos, com custo elevado para as relações trabalhistas.”
     
  • Reforma tributária

    A pré-candidata defende as seguintes diretrizes para a reforma tributária: simplificação, justiça tributária e não aumento de tributos. “Em uma crise como essa, não é possível reduzir tributos.”
     
  • Economia

    A pré-candidata também destacou que é importante construir um ambiente saudável para os negócios, com ajuste nas contas públicas, reforma tributária, eliminação de gargalos para o desenvolvimento do setor industrial e respeito ao tripé macroeconômico, baseado em câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação.
     

  • Inovação

    Ela destacou que é preciso investir na Indústria 4.0 para que o Brasil se integre às cadeias globais de valor. “O mundo todo passa por esse processo de reestruturação produtiva”, disse.
     

  • Agências reguladoras

    Marina defendeu o aperfeiçoamento da atuação das agências reguladoras. Para isso, defende que sejam focadas em capacidade técnica dos gestores.
     
  • Segurança pública

    Ela defendeu a ação integrada entre as polícias e maior interação entre os entes federativos para a construção de um sistema de maior inteligência de segurança pública.
     
  • Empreendedorismo

    A pré-candidata destacou que é preciso preparar a sociedade brasileira para empreender, especialmente, em empreendedorismo popular. Defendeu para isso o estímulo a startups em comunidades de periferia e mais vulneráveis, com acesso facilitado a crédito e à tecnologia.
     
  • Educação

    Segundo Marina, a educação é a base para o desenvolvimento do país. Para ela, a prioridade deve ser a educação na infância.
     
  • Investimentos

    Marina defendeu que, para a criação de um ambiente saudável, são necessários elevados investimentos do Estado em segurança, infraestrutura, educação, transporte, entre outros.

Humberto Paulo Cronemberger, presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado do Piauí (FIEPI)

"Quero parabenizar a Marina Silva pela escolha de se candidatar e acredito que, se eleita, ela será uma presidenta muito boa. Mas reconheço que, para a indústria, com a Marina Silva na Presidência, vai demorar mais para sairmos do impasse que vivemos no país, porque ela é uma pessoa cheia de normas. No momento, a indústria precisa de um solavanco mais rápido para o país se desenvolver."

Adelaide de Fátima Gonçalves de Oliveira, presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC)

"A participação da Marina poderia ter sido melhor. Ela recebeu um documento, como os demais candidatos, mas não se comprometeu com a indústria. A Marina tem um caráter excepcional, mas o que queremos ouvir são candidatos que verdadeiramente falem que vão fortalecer a indústria e desburocratizar a economia. Na questão da reforma trabalhista, ela disse que concorda com a reforma, mas que tem que ser revisada. Isso nos deixa apreensivos, porque sabemos que o Brasil precisa de empresas gerando empregos e renda."


DIÁLOGO DA INDÚSTRIA COM OS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA - Há duas décadas, a CNI apresenta à sociedade e aos candidatos à Presidência da República um conjunto de propostas para o crescimento econômico e social do Brasil. Neste ano, o setor industrial sabatina seis pré-candidatos ao Palácio do Planalto. Acompanhe a cobertura completa na Agência CNI de Notícias e no Flickr da CNI.

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