Carta da Juventude do ViraVida defende direitos a emprego, igualdade e inserção social

Participantes do projeto são jovens que protagonizaram histórias de superação e que tiveram oportunidade de se reinserir na sociedade com o suporte do ViraVida

O acesso ao primeiro emprego, sem a exigência de experiência anterior, é um direito de todo jovem, afirmaram os cerca de 150 jovens participantes do encerramento da terceira edição do Seminário Nacional Protagonismo e Juventude, realizado entre os dias 25 e 27 de julho, no auditório da CNI, em Brasília. A declaração foi documentada na Carta da Juventude do ViraVida, que será encaminhada a autoridades pelo Conselho Nacional do Sesi. A instituição é organizadora do evento e idealizadora do projeto ViraVida, que atende vítimas de abuso e exploração sexual.

A Carta da Juventude elenca ainda outros 16 direitos, como o  “de ser protegido e de se proteger contra a violência, a exploração e o abuso sexual”. Um problema comum entre os alunos do projeto e em muitos outros lares, onde 80% dos casos de violência sexual são cometidos pelos próprios parentes que deveriam proteger as crianças e os adolescentes.

Na lista de reivindicações preparada pelos alunos do projeto também constam o “direito de errar e tentar de novo, como parte de seu processo de aprendizagem e construção de sua cidadania” e o “direito a expressão genuína de seus sentimentos e opiniões”.

A carta manifesta o desejo desses jovens por uma sociedade mais justa, democrática, equitativa e sustentável. Integram os princípios listados por eles o respeito inerente à dignidade, autonomia individual incluindo a liberdade do jovem de fazer suas próprias escolhas; a não discriminação em razão da sua condição juvenil; a inclusão e participação plena e efetiva na sociedade, entre outros.

O documento foi produzido após debates sobre protagonismo juvenil em que os alunos do projeto tiveram participação intensa, desde a organização do evento ao espaço nas mesas de debate para contar suas experiências ao lado de autoridades e especialistas de várias áreas. Além dos alunos do ViraVida, outros 200 técnicos e convidados  (palestrantes, lideranças empresarias,representantes de entidades públicas e da rede de enfrentamento à violência sexual) participaram do terceiro seminário no auditório da CNI, em Brasília, totalizado aproximadamente 360 participantes.

Na plateia, o que se viu foram jovens, donos de histórias de superação, que aproveitaram a oportunidade de participar de um projeto que lhes proporciona atendimento psicossocial,educação básica e capacitação profissional dentro do Sistema S (Senai, Senac, Sescoop, Sesc, Sebrae e Sest/Senat ). O curso tem duração de um ano e depois disso o próprio projeto encaminha o jovem ao mercado de trabalho.

O presidente do Conselho Nacional do SESI, Jair Meneguelli,que idealizou o projeto após indignar-se com cenas de exploração sexual de jovens em uma praia em Fortaleza a que assistiu durante uma viagem com sua família, disse que a mudança na vida dos jovens é percebida a cada mês e que os resultados desse projeto são muito positivos. “Estamos salvando vidas, porque os caminhos da violência sexual, da droga, do crime em que estavam inseridos os levariam à morte precoce”, afirmou.

Hoje, o projeto atende jovens entre16 e 21 anos. O grande desejo de Meneguelli é transformá-lo em uma política pública para se atingir um número maior da população, ideia compartilhada pela ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleanora Meniccuci, que firmou parceria com o Sesi no primeiro dia do evento.  Além de representantes de outros ministérios, o seminário contou também com as participações do rapper MV Bill e da sexóloga do programa Altas Horas, Laura Muller. Mas, foram os jovens os principais protagonistas com suas histórias de superação, participações e expressões de opiniões.  Na Carta da Juventude, reconheceram que “a garantia de acesso a estes direitos é um direito próprio, é dever do estado, da família e da sociedade”.

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