É comum utilizar a expressão "prevenir é melhor que remediar" para situações diversas do dia a dia. Para colocar essa premissa em prática, o Centro de Inovação em Economia para a Saúde e Segurança (CIS), do Serviço Social da Indústria (SESI), do Ceará, desenvolveu uma tecnologia inovadora que deve mudar a forma como empresas do Brasil inteiro se relacionam com a saúde de seus colaboradores: a Ferramenta SESI de Cálculo do Retorno sobre o Investimento.
O produto será lançado durante o evento SESI Health Summit, a ser realizado nos dias 22 e 23 de março, em Fortaleza. A programação reunirá executivos de grandes empresas brasileiras e contará com a presença do PhD Ron Goetzel, Cientista Sênior e Diretor do Instituto de Estudos da Saúde e Produtividade da Universidade Johns Hopkins (EUA) e a PhD Enid Chung Roemer, cientista associada do mesmo instituto.
ENTENDA - Hoje, a maioria das organizações concentra os cuidados com a saúde dos colaboradores no fornecimento de um plano de saúde como benefício. O investimento é tanto que cerca de 60% dos custos com a saúde suplementar nacional é pago pela iniciativa privada. Segundo uma pesquisa da Consultoria em Saúde e Benefícios Aon, para 25% das corporações estudadas, os custos de assistência médica podem chegar de 10,1% a 20% do total gasto com os colaboradores, fora o salário. O custo fica ainda maior porque, anualmente, os planos de saúde passam por aumentos significativos em suas mensalidades. Para chegar ao valor do reajuste, as operadoras levam em consideração fatores como a sinistralidade: quanto mais os usuários acessam o plano, maior é o reajuste no ano seguinte.
Com isso, atuar na prevenção dos fatores de risco de saúde que podem ser modificados com um melhor comportamento - como obesidade, tabagismo, depressão, hipertensão e alcoolismo – parece a solução indicada para dirimir o volume das contas. Atualmente, algumas indústrias já investem em programas de qualidade de vida, mas não conseguem dimensionar o impacto real desses investimentos.
É aí que entra a Ferramenta SESI de Cálculo do Retorno sobre o Investimento, desenvolvida pelo Centro de Inovação em Economia para a Saúde e Segurança do SESI Ceará em parceria com a Universidade Johns Hopkins. Trata-se de uma tecnologia capaz de mensurar o retorno sobre o investimento em produtividade e economia em assistência médica. Assim, a empresa conseguiria dimensionar quanto foi economizado com uma ação de redução do sedentarismo, por exemplo. No momento em que são retirados os trabalhadores sedentários do grupo de risco, ou seja, sujeitos a faltas e ao uso frequente do plano de saúde, a empresa ganha em diminuição de custos e produtividade.
A análise da sinistralidade do plano de saúde é feita com a ferramenta, que consegue ter um mapeamento da saúde dos colaboradores das empresas. A partir desses cálculos, é possível direcionar os investimentos em saúde das empresas, estratificando-os por riscos e custos. Por exemplo, se uma empresa identifica uma grande quantidade de colaboradores indo a ortopedistas e fisioterapeutas por conta de problemas na coluna, ela poderá criar um programa de saúde direcionado para essa questão, o que deve diminuir a sinistralidade do plano e diminuir os índices de absenteísmo. A ferramenta será capaz de apontar, ainda, o retorno desse investimento em valores, para que os empresários consigam visualizar o resultado das ações.
PARCERIAS - Em 2016, o SESI realizou duas missões internacionais mapeando as instituições de referência na Europa e EUA. A ideia era buscar avanços significativos na área de pesquisa (economia para saúde e segurança), com o desenvolvimento de algum estudo, pesquisa ou ferramenta que pudesse ser customizado para a realidade brasileira.A partir dessas interações foram identificadas três instituições parceiras: National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSHI), que é a agência federal dos Estados Unidos responsável pela realização de pesquisas e produção de recomendações para a prevenção de lesões e doenças relacionadas com o trabalho; a universidade Johns Hopkins University e o Instituto finlandês de Saúde Ocupacional (FIOH).