Por que a Embrapii é tão importante para a inovação no Brasil?

Em reunião da MEI, empresários e autoridades destacam a relevância da EMBRAPII para o fortalecimento do ecossistema de inovação brasileiro

uma mulher e três homens compõem uma mesa durante evento
Luciana Santos (e), Robson Braga de Andrade, Aloizio Mercadante e Pedro Wongtschowski presidem a mesa de reunião da MEI

Uma estrutura moderna e inédita no ecossistema de inovação brasileiro, que em 9 anos, mobilizou R$ 3 bilhões em projetos de inovação. Na última reunião do Comitê de Líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), empresários e autoridades destacaram o papel da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) no incentivo à sofisticação da pesquisa aplicada e da tecnologia no país. Desde 2014, a EMBRAPII já apoiou 1.459 empresas e investiu mais de R$ 3 bilhões em projetos de empresas em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

No evento, que aconteceu nesta sexta-feira (4), no escritório da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, lembrou que a EMBRAPII nasceu a partir de discussões da MEI, que completa 15 anos em 2023.


“A EMBRAPII foi uma das melhores criações da MEI e é uma realidade importante para o desenvolvimento da inovação no país, com grande contribuição para a indústria brasileira”, destacou Andrade.


Andrade também destacou a participação do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, na criação da EMBRAPII. “Sempre acreditamos que o BNDES deveria ser o fomentador da indústria brasileira e temos visto o trabalho desempenhado em prol da retomada da indústria brasileira”, afirmou.  

Mercadante participou do encontro de líderes pela primeira vez desde que assumiu o banco. Ele ressaltou que a indústria e a inovação vinham perdendo espaço nos últimos anos, mas frisou que o Brasil vive um cenário que favorece o reposicionamento de liderança e a neoindustrialização do país.


Mercadante citou os Estados Unidos e a União Europeia como modelos de mudança de atitude com relação à inovação e à competitividade. “Eles fazem política industrial aberta e ostensiva, com incentivos à indústria, parcerias público-privadas e crédito barato. O Brasil precisa mudar a visão sobre a parceria entre Estado e setor privado, e entender que há novos desafios de produtividade a serem enfrentados”.


 

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Mercante: BNDES está empenhado em fortalecer a indústria brasileira

A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, explicou que a garantia de uma agenda de inovação depende do Estado, já que a história acumula exemplos de países com forte produção científica e tecnológica que atingiram um nível de industrialização graças ao esforço de políticas públicas.  


“Não tenho duvida de que a gente vive a retomada das políticas industriais nas cadeias mais dinâmicas da economia, o que depende da superação do atraso produtivo e tecnológico e do estímulo e apoio à inovação empresarial por meio da ação decisiva do Estado”, afirmou a ministra. 


Com um modelo moderno de financiamento para projetos de inovação, a EMBRAPII conta com uma rede de 10 mil cientistas atuando em institutos credenciados e permite um tempo médio de contratação de 30 a 45 dias para novos projetos. O presidente da entidade, Francisco Saboya, destacou que a missão da EMBRAPII é promover a conexão entre a produção científica com a industrial.


O Brasil é o 14º produtor de conhecimento, mas estamos sempre nos derradeiros lugares nos rankings de inovação. A EMBRAPII estará cada vez mais presente para enfrentar a baixa competitividade e a desindustrialização. A inovação é a construção permanente do futuro”, disse Saboya.


No mesmo sentido, o Secretário de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas e Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, Sergio Pinheiro Firpo, afirmou que o Ministério do Planejamento está alinhado com a pauta da inovação no país. “A nossa produtividade está estagnada há muitos anos e sabemos que a inovação é uma das peças fundamentais para termos ganhos nesse aspecto”. 

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Rizzo, da Tupy, destacou importância da EMBRAPII para o desenvolvimento de projetos que colocam a empresa na fronteira da inovação

Tupy, Embraer, Bosch e ArcelorMittal destacam inovações desenvolvidas com a Embrapii

Quatro empresas destacaram projetos de inovação desenvolvidos em parceria com Institutos de Ciência e Tecnologia credenciados pela EMBRAPII. Com o apoio da EMBRAPII, a Tupy, multinacional do ramo de metalurgia, desenvolveu projetos de reciclagem de baterias de lítio, por exemplo. “A EMBRAPII é nosso grande parceiro tecnológico e tem um papel muito importante no desenvolvimento da nossa indústria”, disse o CEO da empresa, Fernando de Rizzo.

Embraer, por sua vez, já desenvolveu 27 projetos com a EMBRAPII, um deles na área de manutenção de aeronaves. “A inovação é uma agenda de sobrevivência, de criação de empregos e de formação de mão de obra qualificada e acreditamos que a EMBRAPII fomenta a inovação de excelência no Brasil”, considera Maurílio Albanese, head de Desenvolvimento Tecnológico da empresa.

O diretor de Inovação e Novos Negócios da Bosch América Latina Bosch, Paulo Rocca, conta que a empresa de fornecimento de tecnologia e serviços já desenvolveu mais de 30 projetos contratados com a EMBRAPII desde 2017, além de outros 18 projetos em andamento. Um deles é um projeto de módulo de controle eletrônico de veículos. “A EMBRAPII nos dá suporte no desenvolvimento de novos negócios e é um parceiro confiável para enfrentarmos uma série de desafios”.

ArcelorMittal, siderúrgica produtora de aço, é a empresa que mais utiliza a parceria com a EMBRAPII. Ao todo, já são 42 projetos. “Temos um desafio muito grande de sermos a empresa líder em descarbonização no setor de aço e vemos a EMBRAPII como importante parceira nesse sentido”.

USP: aproximação entre universidade e setor produtivo beneficia inovação

As universidades têm um papel relevante como fornecedoras de conhecimento para o desenvolvimento de setores industriais, já que o conhecimento científico contribui para a inovação. Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da Universidade de São Paulo (USP), falou sobre a importância da articulação universidade-empresa e o ecossistema de inovação da universidade. Parte da estratégia da USP de fomentar a inovação passa pela ampliação de centros na universidade que focam em pesquisa e desenvolvimento.

“A agenda da inovação está há muitos anos na universidade, mas precisamos nos aproximar ainda mais das empresas e do setor público para discutir inovação”, afirma. Atualmente, a USP é responsável por 18,5% da produção científica brasileira.

homem negro, com barba branca, vestindo óculos de grau e camisa azul marinho fala em microfone
Carlos Lopes reiterou impacto da geopolítica no desenvolvimento de tecnologia e inovação no mundo

Carlos Lopes: geopolítica vai mudar diretrizes para inovação

O contexto econômico e geopolítico, como a guerra na Ucrânia, além das mudanças climáticas, são fatores que impactam diretamente a inovação. Carlos Lopes, professor na Mandela School of Public Governance da University of Cape Town e membro do Comitê Consultivo Internacional da MEI, afirmou que aspectos demográficos também vão afetar uma série de parâmetros aos quais a sociedade estava acostumada.

Entrevista: Mundo precisa de nova trajetória de crescimento, diz Carlos Lopes

“Vamos ter uma migração rápida para novas formas de trabalho, o que vai nos levar a um nível de digitalização muito elevado. Com isso, virão muitas possibilidades, como novos modelos de emprego, também impactados pela Inteligência Artificial e serviços cada vez mais digitalizados”, explica.

Quais são as perspectivas de investimento via FNDCT em 2023

Recomposto integralmente em maio deste ano, após vários anos de contingenciamento, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) concentra R$ 9,9 bilhões para investimentos em inovação em 2023.

Pedro Wongtschowski, coordenador da MEI e integrante do Conselho Diretor do Fundo, explicou que os recursos estão alinhados ao programa de neoindustrialização do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Ele explicou que os recursos reembolsáveis serão dedicados a créditos para empresas, inclusive startups, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que operacionaliza os recursos.

A outra metade, a recursos não-reembolsáveis financiamento a projetos ICT empresas e financiamento a projetos de ciência e tecnologia, sendo uma parte desses recursos destinada a projetos que já haviam sido contratados nos anos anteriores.

“Sabemos que a boa tecnologia é cara. Se realmente fizermos projetos de real impacto sobre a economia brasileira para gerar novos desenvolvimentos vamos ter que, ao longo do tempo, concentrar esses recursos em número menor”. Wongtschowski também frisou que há questões crônicas que merecem atenção especial, como, por exemplo, a recuperação da infraestrutura cientifica e tecnológica do país.

Robson Braga de Andrade se despede da MEI: "Uma das melhores iniciativas da CNI"

Presidente Robson Braga de Andrade fez a última reunião da MEI como presidente da CNI e recebe homenagem

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, liderou pela última vez uma reunIão de Comitê de Líderes da MEI. Em outubro, o mineiro passa o comando da CNI a Ricardo Alban, presidente da Federação de Indústrias do Estado da Bahia, eleito o novo presidente da CNI para um mandato de quatro anos a partir de 30 de outubro de 2023. 

“Essa é minha última reunião da MEI como presidente da CNI. Dos 15 anos da mobilização, estive aqui ao longo de 13 anos. Acredito que a MEI é uma das melhores iniciativas da CNI, com ela conseguimos muitos avanços para a inovação brasileira. Agradeço a todos por esse período”, afirmou. 

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