Disseminar a cultura da inovação. Esse foi o mantra que permeou a palestra da diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio, a empresários e representantes de instituições que trabalham pesquisa e desenvolvimento em Goiás. A apresentação foi promovida pela Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), nesta quarta-feira (24), com participação de 31 instituições.
Durante uma hora, Gianna elencou as diversas ações desenvolvidas no âmbito da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) com foco em tornar a indústria brasileira mais inovadora e competitiva. A atuação envolve a proposição de políticas públicas e instrumentos de apoio à inovação; a articulação para o fortalecimento da inovação empresarial e melhoria do ambiente de negócios; e a produção e difusão de conhecimento sobre ciência, tecnologia e inovação.
De acordo com a diretora da CNI, o atual contexto de pandemia deixou ainda mais clara a necessidade de as empresas investirem em tecnologias inovadoras e, principalmente, em aperfeiçoarem metodologias de gestão. "É extremamente importante ajudarmos as empresas a se inserir nessa revolução industrial, sobretudo as de pequeno porte. É um caminho sem volta. Quem não se inserir, corre o risco de desaparecer em um futuro próximo", avaliou.
Segundo Gianna, os empresários, sobretudo os pequenos, têm a percepção de que é preciso grandes investimentos para se inserir no contexto da Indústria 4.0. Entretanto, a especialista alerta que o importante é dar passos nesse sentido e, para isso, as empresas contam com diversas ações articuladas pela MEI, inclusive em parceria com as federações estaduais da indústria e sindicatos patronais, para ajudá-las nessa jornada pela inovação.
Publicações da CNI auxiliam empresas no processo de inovação
Para tanto, são disponibilizadas diversas publicações gratuitas com orientações, além do MEI Tools, um compilado com o detalhamento de 113 instrumentos vigentes de apoio à inovação e indicação de mais de 50 instituições parceiras em todo o Brasil que podem auxiliar as empresas a implantarem processos inovadores.
"Nesse momento de pandemia, temos boletins semanais do MEI Tools. A publicação ajuda as empresas a entender em que momento podem usar esses instrumentos e programas e o que pode ser financiado", explicou Gianna.
Paralelamente, a MEI também busca conectar a indústria brasileira aos mais importantes centros de inovação do mundo. Por meio de programa de imersões em ecossistemas de inovação, quase 250 empresas e instituições de ensino já realizaram intercâmbio com organizações no exterior.
"Muitos países não conhecem o ambiente de inovação que temos no Brasil. A iniciativa busca expor e permitir que as empresas e instituições de ensino no Brasil possam acompanhar as políticas públicas para inovação implantadas em outros países", afirmou a diretora da CNI. Segundo ela, o benchmarking abre os olhos do empresário para as vantagens de se investir em inovação.
Investimentos em inovação
"Apesar de sermos a 9ª economia do mundo, estamos na 66ª posição no ranking global de inovação, que avalia 129 países", disse Gianna Sagazio, externando sua preocupação com as sistemáticas quedas nos investimentos em P&D no Brasil. Em nove anos, o Brasil caiu 19 posições no Índice Global de Inovação (IGI).
"O cenário é de retração nos investimentos em inovação, pesquisa e desenvolvimento e diminuição do apoio público", acrescentou. Segundo a especialista, enquanto os EUA e a China investem, respectivamente, US$ 590 bi e US$ 520 bi, o Brasil destina somente US$ 40 bi para inovação.
De acordo com a diretora da CNI, o Brasil precisa de uma política robusta para toda área de ciência e inovação, com uma visão macro, que demanda também investimentos em educação básica e superior de forma sistêmica, visando, lá na frente, à qualidade de vida das pessoas.
“A pandemia causada pelo novo coronavírus revela a importância da P&D e da inovação para a retomada do crescimento. É preciso ter uma visão do que o Brasil quer se tornar. O futuro depende de inovação", afirmou.
Para Gianna, a pandemia mostra a importância de tais investimentos, fundamentais para enfrentar desafios contemporâneos, como doenças, questões climáticas e crises econômicas. "Se trata de uma questão de soberania nacional", observou.