MEI e Federação Global de Competitividade discutem futuro da indústria

Em evento realizado na Embraer, em São José dos Campos, empresários e acadêmicos discutiram futuro do trabalho e da indústria de ponta em um mundo intensivo em conhecimento

Embraer quase dispensa introduções. Líder de mercado internacional no segmento de jatos executivos, a empresa se reinventou por meio da inovação.

Se manter no topo significa estar à frente do desenvolvimento e da operação de tecnologias de ponta. O case da Embraer abriu as discussões promovidas pela Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) e a Federação Global de Conselhos de Competitividade (GFCC, em inglês) sobre o futuro da indústria em um mundo que demanda cada vez mais conhecimento.

"Ter toda tecnologia disponível não adianta nada se você não tem as pessoas certas para trabalhar com elas”, explicou João Zerbini, gerente sênior de Engenharia Digital e Tecnologias de Manufatura da Embraer, que sediou o evento, em São José dos Campos.  Segundo ele, o plano de digitalização e engenharia da empresa anda lado a lado com a oferta de especialização e capacitação dos funcionários.

A EMpower, por exemplo, é uma plataforma online que oferece diferentes conteúdos e eixos de aprendizado aos colaboradores, do treinamento de habilidades digitais às habilidades cognitivas. Em outra frente, por meio de parceria com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), mais de 1,3 mil engenheiros já passaram por especialização. O programa deu tão certo que iniciativa semelhante foi aberta para o time de design da Embraer. “Acreditamos no aprendizado contínuo, da maneira mais adequada para cada pessoa”, explicou Zerbini. 

PRESSÃO TECNOLÓGICA – O impacto do conhecimento transborda o indivíduo. Corporações inteiras, de grandes indústrias a pequenos negócios, estão sob intensa pressão da tecnologia. Na opinião de Mark Minevich, fundador do fundo Going Global Venture e associado sênior do GFCC, o esforço de digitalização é o diferencial entre existir ou não.

"Se você não mudar, a sua empresa vai deixar de existir. Se você não investir na digitalização, inteligência artificial e a mudança no modelo de trabalho, você não será mais um global player. A produção física, a empresa física, o trabalho físico estão sob intensa pressão por mudanças”, afirmou. Minevich defendeu um grande diálogo sobre o impacto das tecnologias disruptivas, particularmente da inteligência artificial e da internet das coisas, sobre o trabalho e a operação das empresas.

"A tecnologia têm de existir para solucionar problemas complexos e construir uma sociedade melhor, com empregos melhores, maior acesso à saúde e mais qualidade de vida”, afirmou. A vice-reitora do SENAI Cimatec, Tatiana Ferraz, complementou que a aproximação do laboratório – um dos maiores da América Latina – à sociedade estimulou estudantes e pesquisadores a pensar em soluções para os problemas locais. “Às vezes, parece que estamos falando de problemas distantes, mas a nossa experiência mostrou que os estudantes que interagem conosco estão em busca de respostas tecnológicas para problemas graves que estão ali fora, do outro lado da rua, como a seca, a pobreza”, exemplificou.

Para Paul Kearn, diretor do Laboratório Nacional de Argonne (EUA), enfrentar os desafios deste novo mundo depende de formação humana mais próxima à ciência. “Devemos engajar as pessoas na inovação, no conhecimento científico desde cedo. Nossos estudantes devem ser instigados a se perguntar como é a vida de um cientista, de um engenheiro, quais coisas esses profissionais são capazes de fazer”, provocou.

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