MEI apresenta sugestões à proposta da Política Nacional de Inovação

Mobilização Empresarial pela Inovação defende que a PNI tenha metas, clareza de recursos disponíveis, cronogramas de implantação e sistema de monitoramento do programa

Marcelo Barros Gomes, ministro substituto da Casa Civil; Robson Andrade, presidente da CNI; Marcos Pontes, ministro do MCTIC; e Pedro Wongtschowski, presidente do Conselho de Administração da Ultrapar

A Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) apresentou a representantes do governo federal uma série de contribuições para a Política Nacional de Inovação (PNI), que está sob consulta pública desde o último dia 8. O processo está sendo coordenado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), a quem cabe recolher subsídios junto aos principais atores envolvidos na geração de serviços e produtos inovadores no país. As sugestões da MEI serão encaminhadas para o CGEE, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
 
O presidente do CGEE, Márcio Miranda Santos, participou na sexta-feira (29) da Reunião do Comitê de Líderes da MEI, em São Paulo, onde destacou que a expectativa do governo com a PNI é traçar propostas com um horizonte de 10 anos que coloquem o Brasil alinhado com as melhores práticas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “É o caminho para a competitividade e o desenvolvimento global. Essa iniciativa partiu de uma revisão de literatura e visa vários atores em busca de perspectivas para melhorar os indicadores do Brasil”, pontuou.
 
De acordo com Santos, o CGEE realizou 16 oficinas temáticas com a participação da sociedade para produzir a proposta de política. “Os desafios são financiamentos específicos, que, ao longo do tempo, em vez de crescerem têm diminuído, além de formação e qualificação de recursos humanos com a perspectiva de futuro nas profissões”, detalhou.

Márcio Miranda Santos, presidente do CGEE, apresenta propostas da Política Nacional de Inovação

CONTRIBUIÇÕES – Mobilização criada e coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que reúne mais de 300 das principais lideranças empresariais do país, a MEI apresentou propostas à PNI em seus seis diferentes eixos: bases de conhecimento e de tecnologia; aprimoramento e disseminação de instrumentos jurídicos; aumento do volume de recursos públicos e privados para ciência, tecnologia e inovação (CT&I); formação de talentos; mercado para produtos e serviços inovadores brasileiros; e cultura de inovação e visão empreendedora (veja ao fim da matéria a lista de contribuições da MEI).
 
O presidente do Conselho de Administração da Ultrapar, Pedro Wongtschowski, apresentou, durante a Reunião da MEI, as contribuições do movimento para a PNI. “Não está clara como vai ser a participação do setor empresarial. Mas é preciso que a Política Nacional de Inovação tenha metas, clareza de recursos disponíveis, cronogramas de implantação e, finalmente, um sistema de monitoramento e avaliação do programa”, frisou.
 
Pedro Wongtschowski acrescentou que as seis grandes diretrizes do plano estão alinhadas com o trabalho que a MEI vem realizando coletivamente ao longo dos últimos anos. “Esse plano só será de fato um plano se forem acrescidos esses detalhes sobre governança, recursos, cronograma, participação do setor empresarial e metas”, afirmou.
 
Desde 2017, a CNI, o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) são parceiros do conhecimento do Índice Global de Inovação (IGI) – o mais relevante relatório sobre inovação no mundo. O IGI tem sido disseminado amplamente no Brasil por meio de seus parceiros, com o objetivo de aumentar a competitividade do país por meio da agenda de inovação.
 
Atualmente, o Brasil ocupa a 66ª posição no IGI em um ranking que abrange 129 países. O intuito da proposta da PNI é estimular o desenvolvimento econômico e social, e promover melhoria no ambiente de negócios, tendo como meta o posicionamento do Brasil entre os 20 países mais inovadores até 2030.
 
Wongtschowski também comentou o Planejamento Estratégico da MEI 2020-2024. Segundo ele, o objetivo para os próximos quatro anos é que a MEI seja a mobilização catalisadora das iniciativas privadas e públicas para fortalecer a inovação no Brasil. “A nossa missão é aumentar a inovação da indústria estabelecida no país”, enfatizou. Entre os desafios estão priorizar a solução de problemas estratégicos, desenvolver e aplicar tecnologias disruptivas, fomentar a criação de novas empresas de base tecnológica, além de garantir e ampliar recursos para a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), cujo modelo estimula e alavanca o investimento privado em inovação.
                                                                                                                       
MEI TOOLS – Durante a reunião, o presidente da Quantum4, Ricardo Pelegrini, apresentou o MEI Tools – programa que reúne um conjunto de instrumentos para fortalecer a capacidade inovativa das empresas. “A plataforma, criada em 2016, é um repositório dos instrumentos mais relevantes de apoio à inovação no Brasil. Temos 36 parcerias e sempre mantemos atualizada”, contou.
 
De acordo com Pelegrini, o foco do setor empresarial em relação ao MEI Tools será cada vez maior. “A MEI tem debatido conosco maneiras para que a inovação seja prioridade tanto no setor público quanto privado. Temos que mudar esse atual cenário. A mensagem é para que a gente continue trabalhando pelo investimento em P&D. Se compararmos o Brasil com os países líderes globais enxergamos que há muito que fazer. E é isso o que a MEI tem trabalhado fortemente: o estímulo à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação no país”, destacou.

CONTRIBUIÇÕES DA MEI À PNI
 
Bases de conhecimento e de tecnologia
1 - Permitir a concessão de bolsas a pesquisadores por empresas e ICTs privadas
2 - Criar e instalar um órgão ligado à Presidência da República, voltado à tomada de decisão em CT&I
3 - Fortalecer ICTs públicas e privadas a exemplo das unidades Embrapii e dos Institutos SENAI de Inovação e Tecnologia
 
Aprimorar e disseminar instrumentos jurídicos
1 - Permitir que os órgãos de financiadores utilizem contratos de fornecimento como garantia de tomada de crédito para PD&I
2 - Desburocratizar processos de execução dos recursos e prestação de contas
3 - Priorizar a entrega de documentos declaratórios e de monitoramento amostral, sobretudo para instrumentos de baixo valor
4 - Manter e aprimorar a Lei do Bem (permitir a contratação de outras empresas para a realização de P&D externo; permitir que os dispêndios com P&D possam ser abatidos em mais de um ano fiscal)
 
Aumentar o volume de recursos públicos e privados para CT&I
1 - Assegurar recursos para CT&I sustentados ao longo dos anos
2 - Garantir e ampliar recursos para a Embrapii, cujo modelo alavanca o investimento privado em inovação
3 - Tornar o FNDCT um fundo financeiro e reestruturar os comitês gestores dos Fundos Setoriais
4 - Ampliar a dotação orçamentária para a subvenção econômica e estabelecer limite mínimo de 20% e relação à oferta de crédito
 
Talentos para inovação
1 - Implementar currículos focados em STEAM, visando capacidade de resolução de problemas, planejamento, gestão, empreendedorismo e trabalho em equipe
2 - Aproximar os cursos de engenharias do setor produtivo, por meio de estágios e do uso de metodologias de ensino orientadas às necessidades do mercado
3 - Ampliar a oferta de profissional em STEAM
 
Mercados para produtos e serviços inovadores brasileiros
1 - Apoiar a criação de fundos de investimento e formatar políticas de incentivo ar investidores institucionais
2 - Criar atrativos tributários para incentivar o investimento inovador nas fases iniciais
3 - Estimular a interação ICT-empresa, NITs e incubadoras de base tecnológica para fortalecer o intercâmbio de experiências
 
Cultura de inovação e visão empreendedora
1 - Fazer da PNI uma política de longo prazo, com governança no alto escalão do governo e representatividade empresarial
2 - Preservar iniciativas exitosas e criar novos programas que abram caminho para maior interação entre empresas e ICTs

Relacionadas

Leia mais

CNI e Apex-Brasil firmam parceria para promover inovação
Ministro Marcos Pontes quer colaboração da  indústria em decisões do MCTIC sobre inovação
Imersões promovidas pela CNI aproximam indústria  brasileira da fronteira da inovação mundial

Comentários