Institutos SENAI de Inovação preparam o Brasil para a nova revolução industrial

Com atuação em rede e parceria com centros internacionais de conhecimento, os Institutos ajudam as empresas a desenvolver produtos e processos inovadores

Tintas cicatrizantes para veículos e um robô que vive no fundo do mar e que, de forma autônoma, inspeciona dutos de exploração de petróleo são alguns dos produtos desenvolvidos pela indústria brasileira por meio de parcerias com os Institutos SENAI de Inovação. Desde que foram criados, em 2013, os 25 institutos já entregaram 204 produtos e processos inovadores, e estão em execução 201 projetos.

Ao criar a rede nacional de Institutos de Inovação, o SENAI deu um passo decisivo rumo a uma revolução no desenvolvimento tecnológico do Brasil. Os centros realizam pesquisa aplicada por meio do emprego do conhecimento acadêmico de forma prática e desenvolvem produtos e processos que geram novas oportunidades de negócios. “O SENAI tem infraestrutura e competências para ajudar o Brasil a se inserir na quarta revolução industrial”, afirma o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi.

Cada um dos 21 institutos já operacionais é uma porta aberta para a rede nacional do SENAI, que trabalha em conjunto quando um desafio é apresentado. Os institutos foram implantados perto de complexos industriais e universitários a fim de facilitar o fluxo de conhecimento científico e tecnológico entre o ambiente acadêmico e o setor produtivo. Dessa maneira, a rede pode funcionar como uma ponte entre as universidades e centros de pesquisa e as necessidades do empresariado nacional.
 

Em Natal, funciona o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, que desenvolve novos sistemas de energia limpa destinados às instalações industriais e residenciais. No Rio de Janeiro, o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Virtuais de Produção busca soluções em simulação e automação de processos em linhas de produção, o que eleva a produtividade.

Três Institutos SENAI de Inovação estão instalados na Bahia, no Cimatec, um dos mais avançados centros de educação, tecnologia e inovação do Brasil. Na Unidade Embrapii, o Cimatec desenvolve produtos inovadores de padrão global, como o Flatfish. Dos cerca de 500 colaboradores que trabalham na rede, 76 são doutores e 108 têm mestrado.

PARCERIAS INTERNACIONAIS - A rede do SENAI foi criada com investimentos na ordem de R$ 1,9 bilhão da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para dividir com o empresário brasileiro os riscos inerentes à inovação desde a fase pré-competitiva, momento em que a pesquisa pode acabar sem qualquer resultado prático, até a etapa final de desenvolvimento, quando o novo produto está prestes a ser fabricado pela indústria. Para implantar a rede, a instituição pesquisou vários modelos e teve como principal referência a Sociedade Fraunhofer, da Alemanha, a maior organização de pesquisa aplicada da Europa.

Além disso, o SENAI contratou, em 2014, especialistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT), de Cambridge (EUA), para propor metodologias e práticas existentes na Europa e nos Estados Unidos em versões adaptadas às particularidades do Brasil. Um dos focos do trabalho dos Institutos de Inovação é desenvolver soluções para inserir o setor produtivo brasileiro na quarta revolução industrial. Na lista de soluções desenvolvidas pela rede, entre julho de 2013 e março deste ano, 37 foram relacionadas à indústria 4.0, em que os processos produtivos são permeados por tecnologias digitais ou por mecanismos que ampliem – com inteligência – a produtividade. Os projetos movimentaram R$ 86 milhões em investimentos e foram desenvolvidos com empresas de todos os portes, sendo 18 grandes, 12 startups, cinco médias e duas pequenas.
 

Além da rede nacional de inovação, o SENAI estrutura 57 Institutos de Tecnologia com 1,2 mil especialistas que prestam serviços em áreas como metrologia, testes de qualidade, consultoria em processos produtivos específicos de diferentes setores, entre outros.

COMO SERÁ EM 2027 - Para antecipar o futuro e conhecer as oportunidades e os desafios impostos ao Brasil pelo avanço tecnológico que impulsiona o mundo para a nova revolução industrial, a CNI também se juntou aos institutos de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no projeto Indústria 2027.

O trabalho avaliará os impactos de inovações como internet das coisas, nanotecnologia e inteligência artificial, entre outras, para a competitividade do produto nacional. O projeto mobilizará mais de 40 pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Durante um ano, o grupo vai examinar em profundidade o potencial de oito tecnologias para o futuro da indústria e o impacto delas em dez sistemas produtivos em projeções para os próximos cinco e dez anos.

O projeto Indústria 2027 também identificará as condições de o Brasil acompanhar e aproveitar as inovações, a capacidade de resposta atual do empresariado brasileiro e também apontará as estratégias de desenvolvimento produtivo.

Depoimentos de especialistas, políticos, empresários e alunos:

“Sem o Sistema Indústria, a economia brasileira estaria totalmente no século 19. Ainda assim, o sistema educacional não ajuda o Sistema S. Os alunos chegam aos cursos profissionalizantes às vezes sem saber uma regra de três.” 
Cristovam Buarque, senador pelo PPS-DF

“A formação e a capacitação de profissionais fazem parte da cultura da Volkswagen, desde o início de suas operações, na Alemanha. Aqui no Brasil, conseguimos implementar esse modelo por meio de uma parceria com o SENAI há mais de 40 anos, que se tornou referência no país.”
Nilton Junior, Vice-Presidente de Recursos Humanos da Volkswagen do Brasil

“Foi o primeiro curso que fiz, ainda na década de 1970. Depois do curso, tive a oportunidade de crescer dentro da empresa. Eu não tinha nenhum curso profissionalizante e estava fazendo o curso fundamental. Abriu minha visão de que a educação poderia me permitir crescer na vida.”
Silvio Dreveck, presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina e ex-aluno

“Temos uma longa parceria com o SENAI. Acabamos de receber consultores do programa Brasil Mais Produtivo. Os especialistas ficaram na empresa por três meses, para conhecer os processos e sugerir melhorias na produtividade. Mudamos o layout da fábrica para aumentar a competitividade. E já desenvolvemos roupas em impressoras 3D por meio de uma parceria com o SENAI Modatec.”
Gláucia Froes, empresária de Belo Horizonte, proprietária da indústria de confecção Plural

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