Inovação ajuda empresas a ganhar mercado, reduzir custos e conservar o meio ambiente

Estudo apresentado pela CNI no 5º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria mostra diferentes experiências de grandes indústrias brasileiras ou multinacionais com atuação no país

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou, nesta terça-feira (3), o estudo Inovação em Cadeia de Valor - 22 Casos. Organizado ao longo de um ano, o documento mostra experiências inovadoras de 22 grandes indústrias brasileiras ou multinacionais com atuação no país. Todos os casos, apresentados no 5º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, exemplificam como a inovação ajuda a abrir ou consolidar mercados, reduzir custos, criar e fortalecer competências internas, além de valorizar a sustentabilidade.

O documento mostra que existem diferentes formas de inovar. Nos relatos, há exemplos que resultaram na criação de um produto, na redução de custos, na geração de um modelo de gestão ou na reorganização social de uma comunidade. Todos têm em comum o envolvimento de outros atores no processo, como empresas, instituições de financiamento, de universidades e clientes. A CNI concluiu que inovação se faz com parcerias. "Um padrão é comum a todos. Inovação se faz com conexão. Ninguém inova sozinho", afirma o diretor de Inovação da CNI, Paulo Mól.

As empresas que contam seus processos inovadores no projeto da CNI são: 3M, Altus, Basf, Bosch, Braskem, Camargo Corrêa, CPFL, Cristalia, Embraer, Fiat, Ford, GE, IBM, Johnson & Johnson, Klabin, Marcopolo, Microsoft, Natura, Oxiteno, Petrobras, Siemens e ThyssenKrupp.

Conheça cada uma das 22 experiências inovadoras avaliadas pela CNI:

3M

A inovação da holding norte-americana do setor químico, e que atua em diversos outros segmentos, se dá na forma como são selecionados os fornecedores. A empresa, que tem sede em Sumaré (SP) e 4,1 mil funcionários no Brasil, analisa os critérios ambientais, de saúde, de segurança e aspectos sociais de seus fornecedores e faz uma medição do grau de adesão dessas empresas aos requisitos estabelecidos antes de fechar contratos. 

O impacto é direto. Muitos fornecedores que não tinham políticas e procedimentos formais para aspectos de saúde, segurança e meio ambiente, passaram a reconhecer a importância dessa prática e aumentaram seu grau de competitividade. A parceria da 3M facilita a transferência de conhecimentos e tecnologias para os fornecedores e proporciona melhoria significativa em seus processos produtivos.


ALTUS

As soluções tecnológicas da empresa gaúcha, que desde 1982 atua nos segmentos de automação e controle de processo industriais, ganharam destaque internacional recentemente com o desenvolvimento de soluções e softwares que podem ser integrados a sistemas de qualquer país. 

A solução desenvolvida pela companhia brasileira é capaz de se comunicar com máquinas e processos de todo o mundo.  A modernização da empresa também fez com que desde junho de 2012 passasse a fornecer soluções integradas de automação para dez plataformas de petróleo da Petrobras.


BASF

No projeto Inovação em Cadeia de Valor - 22 Casos, a BASF conta a história da CasaE, que envolveu 18 parceiros nacionais e internacionais na construção de uma casa concebida conforme os requisitos de obtenção da certificação LEED – Leadership in Energy and Environmental Design, principal selo de construção sustentável no Brasil. Com investimento de R$ 3 milhões, a CasaE foi erguida com blocos de poliestireno expandido (isopor) que proporcionam isolamento térmico, acústico além de possibilitarem encaixe e montagem rápidos. 

Para ser exemplo de eficiência energética, foram instaladas placas que captam energia solar para aquecimento da água, painéis fotovoltaicos que fornecem parte da energia consumida, além de vidros especiais que garantem entrada de luz natural, sem aquecer os ambientes.


BOSCH

Líder mundial em tecnologia automotiva, a Bosch inovou com a criação do sistema flex start, uma evolução do flex fuel, que facilita a combustão do etanol em veículos que estão em temperaturas abaixo de 15 graus. A empresa fez pesquisas com clientes em várias cidades do Brasil e descobriu que eles gostariam de ter uma partida mais rápida e eficiente. 

A invenção aquece o etanol antes de ser injetado no motor, diferentemente do que ocorre com o flex fuel, que exige que seja colocada uma pequena quantidade de gasolina para facilitar a partida do motor nos dias frios. E reduz ainda mais a emissão de CO2.


BRASKEM

Maior produtora mundial de biopolímeros, a empresa, criada em 2002, percebeu que expandiria seu mercado se incentivasse o uso de material plástico na construção civil. Para isso, buscou empresas na área de engenharia e da construção civil e o resultado foram parcerias que resultaram em novos produtos, como bubbledeck, telhas de PVC e poços de visitas em polietileno, estruturas complementares das redes coletoras de esgoto. 

Inédito no mercado, o bubbledeck é um sistema que incorpora esferas de polietileno em lajes de concreto, deixando-as muito mais leves e sustentáveis. A empresa colaborou para a sustentabilidade a partir de produtos mais resistentes e que oferecem menos acúmulo de resíduos. As empresas que utilizam esses produtos nas construções passaram a ser vistas como  inovadoras.


CAMARGO CORREA

A inovação na empresa, especializada em construções industriais, infraestrutura, energia e óleo e gás, se dá pela exigência que os fornecedores comprovem a origem da madeira. O projeto  Madeira Sustentável analisa os elos da cadeia de beneficiamento, desde a retirada da árvore da floresta até o transporte final da madeira tratada, em parceria com uma ONG ambiental. O projeto foi implantado primeiro na região Norte e está sendo difundido para todas as obras. 

Segundo a companhia, além do ganho na qualidade da madeira e de imagem da empresa, houve redução dos custos. Os resultados nos primeiros três anos mostram o número de espécies de madeira utilizadas em suas marcenarias passou de oito para 64.


CPFL

As casas de  657 famílias vão ser abastecidas pela energia gerada na primeira planta solar fotovoltaica do país, desenvolvida pioneiramente pela CPFL em Campinas (SP). A usina solar de Tanquinho é construída em uma área de mais de 13 mil metros quadrados, realiza pesquisas, testes e capacitações para colocar em prática a geração de energia renovável em escala ainda inédita no Brasil. 

O projeto foi desenvolvido de forma aberta, sob coordenação da CPFL, com parceria com universidades, outras empresas e institutos de ciência e tecnologia.


CRISTALIA

O laboratório químico-farmacêutico, fundado em 1972 no interior de São Paulo, ganhou mercado internacional com o medicamento Eleva, para tratamento da disfunção erétil. O medicamento foi o primeiro brasileiro a conquistar registro de patente internacional nos últimos cem anos, e ajudou a colocar a empresa brasileira, que fatura em torno de R$ 1,2 bilhão por ano, no mercado internacional.


EMBRAER

A multinacional com sede no Brasil desenvolveu um projeto inovador para a criação do Legacy 500 que vai colocá-la no mercado internacional de jatos executivos. A expectativa da Embraer é se tornar um dos cinco maiores fabricantes de jatos executivos do mundo até 2015. A companhia fez pesquisas com os clientes para identificar as necessidades dos executivos e lançou quatro aviões para o segmento nos últimos seis anos. 

O avião utiliza tecnologias totalmente novas e tem o maior alcance de sua categoria - voa 5.556 km sem escala.  A Embraer passou para dois de seus fornecedores a tecnologia de manufatura em robótica investida na fabricação do Legacy. Além disso, a empresa criou uma  fábrica de móveis de produção própria para produzir o mobiliário do novo jato.


FIAT

A montadora italiana criou, em 2009, uma plataforma colaborativa para desenvolvimento do carro-conceito Fiat Mio. Mais de 18 mil pessoas apresentaram ideias para o veículo-conceito nas redes sociais e no site. As inovações sugeridas pela população foram desenvolvidas pelos fornecedores, que aplicaram novas soluções e podem utilizar as ideias em outros projetos.


FORD

O Ecosporte foi o primeiro carro global da Ford criado exclusivamente pela engenharia brasileira. O utilitário esportivo ajudou a montadora a se recuperar no mercado brasileiro. O Ecospote passou a ser fabricado no interior da Bahia e exportado para vários mercados internacionais. A tecnologia brasileira foi exportada e hoje a fabricação ocorre em outros países.


GE

Atuante no mercado de saúde, transporte, energia e iluminação, a GE voltou a fabricar locomotivas de grande porte, no Brasil em 2008, quando iniciou um plano progressivo de nacionalização de locomotivas para bitola larga e corrente alternada. A empresa desenvolveu a primeira locomotiva nacional de grande porte e alto desempenho, a GE AC44i, por ter identificado que é grande o mercado para o produto. 

Após obter os recursos do BNDES, a GE definiu o projeto, adquiriu conhecimento adequado às tecnologias e realizou busca de fornecedores brasileiros com capacidade de produzir peças e componentes necessários e produziu a locomotiva e fez testes. Hoje já conta com um índice de nacionalização de 63%- a exigência do BNDES é de que deveria ter 60%.


IBM

Uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, a IBM desenvolveu há cinco anos o smarter cities, programa que inclui soluções de tecnologia para minimizar problemas que são grandes desafios para a sociedade, como melhoria do trânsito, segurança, saúde, nas redes elétricas, conservação da água potável. O primeiro, implementado no estado do Rio de Janeiro, faz previsões meteorológicas de chuvas e enchentes. 

O projeto apresenta ganhos sociais, econômicos e ambientais. Segundo a IBM, houve diminuição média de 30% no tempo de resposta a emergências. O próximo passo será o desenvolvimento de um aplicativo de celular para que as pessoas monitorarem a cidade. O cidadão poderá registrar ou fotografar a informação e enviar para o centro de monitoramento. O modelo do smarter cities está pronto para ser replicado em outras cidades.


JOHNSON & JOHNSON

A fábrica da empresa norte-americana investiu em inovação para atingir níveis de competitividade que justificassem a manutenção da produção no Brasil, apesar do custo mais elevado do que em outros países, como na República Dominicana. O desafio era aumentar em 60% sua produtividade, o que significava elevar a produção de 3 mil metros de fio dental  para 5 mil metros por hora. O resultado foi a criação de um equipamento inédito que é mais dinâmico na fase de impregnação do fio dental com a cera e do enrolamento e montagem do fio no estojo. 

A empresa não só lançou o desafio aos fornecedores, como patrocinou a pesquisa e desenvolvimento dessas soluções. Oito fornecedores diretos envolvidos também se desenvolveram e cresceram e podem oferecer a tecnologia ao mercado, o que beneficiou pequenas empresas que tiveram significativo desenvolvimento técnico. O equipamento desenvolvido no Brasil tornou-se referência mundial.


KLABIN

Maior produtora e exportadora de papéis do Brasil, a Klabin inovou ao criar uma embalagem de papelão ondulado para exportação de frutas frescas que permite uma maior ventilação das frutas e torna o processo mais ágil, por causa da facilidade da montagem. O projeto foi desenvolvido para oferecer alternativa às caixas de madeira e assim reduzir as perdas dos produtores. 

O desenvolvimento desse tipo de embalagem de papelão ondulado demandou diferentes competências, desde a escolha do mix de fibras longas e curtas até operação de logística. Iniciado em 2012, o projeto resultou no fornecimento de 1 milhão de embalagens para pequenos produtores de frutas. A embalagem pode ser reciclada.


MARCOPOLO

Principal fabricante de carrocerias de ônibus do Brasil, a Marcopolo lançou em 2009 um projeto que acelerou sua posição de empresa inovadora. Criou um novo padrão de qualidade, o Geração 7, que garantiu à empresa 35 novas patentes no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). O grande diferencial é que o design passou a ser incorporado desde a concepção até a conclusão do produto. O resultado foi a redução do consumo de combustíveis, do peso do veículo e um maior conforto para os passageiros.


MICROSOFT

Há 11 anos, a Microsoft criou, no Brasil, os Centros de Inovação (MICs) a fim de estimular ideias e projetos. Os MICs atuam como um canal de apoio regional para a Microsoft, oferecendo treinamentos e serviços de alta qualidade para estudantes, apoio à criação de startups e empresas parceiras. A ideia se espalhou pelo mundo com a instalação de uma centena de centros que, juntos, criaram uma rede de 625 mil empresas parceiras de informática, hardware e software. 

No Brasil, são 11 centros que funcionam na formação de estudantes e estímulo ao desenvolvimento de aplicativos para os produtos Microsoft. Em termos de capacitação, 100 mil jovens já foram formados. Ao todo, 10 mil jovens foram incorporados imediatamente ao mercado de trabalho.


NATURA

Nos últimos cinco anos, a Natura investiu R$ 600 milhões em pesquisa e encontrou na biodiversidade brasileira um diferencial competitivo. O projeto Amazônia, apresentado como case de sucesso em inovação e impacto na cadeia produtiva, mostra a teia de relacionamentos que a Natura criou com fornecedores e famílias da região amazônica. 

Atualmente, a empresa se relaciona com 2 mil famílias nas comunidades fornecedoras. A meta é aumentar este número para 10 mil até 2020. O objetivo da Natura é introduzir tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, além de uma relação institucional com todos os parceiros da região a fim de estabelecer uma cadeia produtiva próxima. A consolidação desse projeto deve chegar em 2014, com a inauguração do EcoParque – um espaço de 22 mil m² e 15 edifícios erguidos numa área de 172 hectares, no município de Benevides, no Pará. 

A construção está sendo projetada com importantes diferenciais para racionalização dos recursos naturais e energéticos desde os materiais de construção e acabamentos a tecnologias como o uso da água da chuva no processo produtivo.  O EcoParque também abrirá suas portas para outras empresas interessadas em fazer uso sustentável da biodiversidade.


OXITENO

A indústria brasileira inovou com o lançamento do projeto Greenperformance, que tem o objetivo de substituir insumos sintéticos e derivados petroquímicos por matérias-primas verdes, como óleo de soja e derivados da cana-de-açúcar. A empresa lançou solventes com maior nível de carbono renovável e baixa emissão de gases voláteis. Atualmente, 35% dos produtos da Oxiteno são feitos com ingredientes renováveis e a tendência é aumentar esse percentual. A internacionalização das atividades de pesquisa e desenvolvimento também faz parte do processo de inovação e é mais um passo de competitividade global da empresa.


PETROBRAS

A gestão da enorme rede de parceiros externos — empresas, institutos e universidades — da Petrobras só é possível pelo núcleo de competências estruturadas no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES). Atualmente, o CENPES tem  mais de 800 projetos de pesquisa alinhados à estratégia de longo prazo com base no Sistema de Gestão Tecnológica. A identificação de parceiros, do setor privado ou acadêmico, se dá na fase de pré-projeto, conforme a tecnologia a ser desenvolvida. Entre 1982 e 2007, a companhia registrou 716 pedidos de concessão de patentes, sendo 48 de titularidade compartilhada. 

O case apresentado pela empresa é o Programa de Capacitação Tecnológica em Águas Profundas (PROCAP), criado há 25 anos. Na época, a produção de petróleo era de cerca de 570 mil barris por dia. Atualmente, a produção diária é de 2 milhões, sendo que 1,8 milhão de barris são retirados do mar. O Programa de Desenvolvimento Tecnológico de Sistemas de Produção em Águas Profundas da Petrobras (Procap) engloba cinco áreas de atuação: novo conceito de sistemas de produção; engenharia de poço; logística; reservatório; e sustentabilidade.


SIEMENS

A empresa inovou ao lançar o Dry-sub, o primeiro transformador seco submersível do mundo que pode operar com até três metros de profundidade. O modelo substitui os tradicionais modelos com líquidos isolantes usados nas redes subterrâneas e é mais econômico e sustentável, além de operar submerso em água sem comprometer sua capacidade. Foi criado por necessidade do setor de geração e fornecimento de energia, que precisava de um transformador que pudesse ser instalado em suas redes subterrâneas sem o risco de contaminar o lençol freático ou causar explosões.


THYSSENKRUPP

A inovação da fabricante de elevadores, escadas rolantes, usinas eólicas, veículos automotivos e peças de aviões foi a criação de uma solução que faz o comissionamento  virtual do projeto. Ou seja, o processo que assegura que os sistemas de uma unidade industrial estejam instalados, testados e operados de acordo com as necessidades passa a ser feito virtualmente, o que otimiza as linhas industriais por permitir a execução paralela das fases do projeto e permite que sejam realizadas de forma mais eficiente. 

No caso das montadoras, esse processo será vantajoso por agilizar a produção testando os equipamentos fora da fábrica, o que reduz o prazo de produção, antes da montagem física da produção.

VÍDEOS - Você também pode assistir aos vídeos de cada um dos cases:

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