Ferramenta de Inteligência Artificial detecta Covid-19 em exame de raio-x

Solução desenvolvida pelo SENAI CIMATEC já está sendo usada em um hospital no Espírito Santo. Intenção é expandir uso da tecnologia para outros diagnósticos

Os pesquisadores do SENAI CIMATEC Erick Sperandio e Adhvan Furtado estão na equipe que desenvolveu a nova tecnologia

Pesquisadores do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (SENAI CIMATEC) desenvolveram uma tecnologia capaz de identificar, em exames de raio-X ou tomografia computadorizada do tórax, traços anormais que indicam infecção pela Covid-19.

A pesquisa começou em 2020, por meio de uma chamada nacional do SENAI para ações de combate à Covid que envolvessem a supercomputação, e hoje o algoritmo já está sendo usado em um hospital do Espírito Santo. 

O projeto foi desenvolvido com o apoio da Brasil Diagnósticos por Imagem e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) e foi possível com o uso de Inteligência Artificial (IA). 

O Gerente de Computação do SENAI CIMATEC, Adhvan Furtado, coautore do estudo. conta que foram usadas mais de 60 mil imagens de raio-X e mais de 6 mil de tomografia computadorizada de vários hospitais para treinar uma IA que pudesse ser assertiva na identificação de alterações no pulmão sugestivas de Covid-19.


“A intenção é trabalhar com um suporte de diagnostico médico. A gente sabe que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) não recomendam os exames de imagem como única fonte de diagnóstico. A principal fonte é o RT-PCR, mas, no auge da pandemia, quando tem muita demanda e você precisa de suporte, a alternativa de ter o exame de imagem é interessante para que o médico saiba se o caso merece um protocolo diferente de atendimento. Com a IA, a gente pode identificar prioridades e ações mais rápidas ao paciente”, explica Furtado.


Os dois algoritmos foram publicados nas revistas MDPI Diagnostics e MDPI Applied Sciences – publicações científicas de renome – e análises estatísticas mostraram que a tecnologia tem um bom desempenho. Segundo o pesquisador, para casos ainda iniciais, com baixo comprometimento do pulmão, a identificação é mais difícil, portanto o algoritmo é mais assertivo para identificar casos mais graves.

Por enquanto, o algoritmo é mais assertivo para identificar casos graves de pneumonia

O presente e o futuro da tecnologia

Atualmente, o algoritmo está sendo usado no dia a dia do hospital MedSênior do Espírito Santo, rede focada no atendimento a idosos. O sistema de imagem que já era usado na unidade foi integrado à Inteligência Artificial dos pesquisadores do SENAI CIMATEC. Assim, mesmo os médicos que não são especializados conseguem identificar casos graves de Covid-19 e orientar os pacientes para o protocolo mais adequado.

O algoritmo é completamente gratuito, aberto ao publico e está disponível na internet, porque a ideia, segundo Furtado, é usar essa tecnologia também em outros cenários. “Ele foi feito para que a gente possa evoluir essa IA e melhorá-la para novas situações, como diferenciação de pneumonias bacterianas e virais, que a gente possa derivar a partir disso também, para eventualmente em novas pandemias a gente já ter uma estrutura montada que permita uma rápida adequação do algoritmo para outras situações”, resume o pesquisador.

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