O Brasil deve utilizar com mais eficácia os mecanismos de compras públicas para impulsionar o desenvolvimento tecnológico nacional. “Mesmo em meio à crise, o Estado vai continuar comprando, não são recursos novos. Mas o Brasil pode e deve utilizar essa possibilidade para buscar solucionar desafios nacionais ao mesmo tempo que promove o desenvolvimento de inovação e tecnologia”, afirmou o gerente-executivo de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), João Emílio Gonçalves, no Seminário Inovação no Brasil. O debate é promovido pelo jornal Folha de S. Paulo, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, nesta segunda-feira (13 ).
Gonçalves integrou painel que discutiu os desafios da conectividade e da Indústria 4.0 no país, ao lado do ministro de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge de Lima; Rafael Andrade, coordenador de Gerência e Regulamentação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel); e Johannes Klimberg, diretor-executivo da Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha (VDI).
Para o representante da CNI, o país precisa ter pressa para criar as condições adequadas para a digitalização da economia, movimento que se dará por meio da modernização do parque industrial e do estabelecimento de políticas públicas que priorizem a inovação e a tecnologia. “Todos os anos, os governos compram na ordem de R$ 70 bilhões, não é dinheiro novo. Países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) utilizam amplamente as compras públicas para induzir a inovação. Sob a perspectiva da crise, é uma saída que exploramos pouco”, afirmou Gonçalves. O tema é uma das propostas elaboraras pela CNI e entregue aos candidatos à Presidência da República.
CONHECIMENTO – O painel discutiu também os desafios impostos às empresas diante da nova revolução. Entre eles, está o de identificar quais tecnologias digitais têm maior impacto sobre os negócios.
“As empresas precisam entender quais tecnologias fazem sentido para elas no curto e médio prazos. É possível fazer a transição pra o modelo digital por partes, como estamos vendo as grandes empresas fazerem”, avaliou Gonçalves. Segundo ele, a boa notícia é que o país conta com a presença de todas as empresas que lideram a corrida tecnológica, o que pode acelerar o processo de digitalização.
COMPETITIVIDADE – O gerente-executivo de Política Industrial da CNI ressaltou a importância de o país ter urgência na agenda 4.0. “Sabemos que as mudanças estão acontecendo e em ritmo acelerado, com impacto muito relevante para a competitividade dos países. Não podemos nos dar ao luxo de ficar para trás”, concluiu.