Descobertas biológicas vão revolucionar os negócios

Especialistas da Harvard Business School, dos Estados Unidos, apresentam a industriais brasileiros as perspectivas econômicas da biotecnologia

Na avaliação do  norte-americano Juan Enriquez, um dos mais renomados especialistas em biotecnologia do mundo, uma nova era tecnológica já começou. Se, anos atrás, as descobertas dos códigos digitais trouxeram uma nova configuração econômica, agora é a vez da biologia genética e molecular revolucionarem o mundo dos negócios. O planeta, segundo ele, está diante de um novo patamar de desenvolvimento. 

“Não é futuro, já virou história. Assim como tudo mudou com o código digital, tudo vai mudar com as descobertas do código da vida”, diz Enriquez. Para exemplificar, ele lembra diversos produtos biotecnológicos comercializados no mundo, como os alimentos geneticamente modificados, o uso de bactérias na fabricação de tecidos e os biocombustíveis. Destaca também os experimentos para reprodução de partes humanas, como bexiga, artérias e até mesmo uma orelha. Segundo ele, essas são apenas algumas das inúmeras oportunidades a serem exploradas. 

Enriquez falou para cerca de 200 empresários durante o Fórum de Bioeocnomia - Desenhando uma agenda para o Brasil promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 4 de outubro, em São Paulo. Ele e Rodrigo Martinez são os fundadores do Projeto de Ciências da Vida da Harvard Business School e, nos debates, apresentaram aos representantes do setor produtivo as perspectivas desse nicho de mercado. 

IMPACTOS EM TODOS OS SETORES – As descobertas e produtos citados por Enriquez representam ainda um primeiro momento diante do que pode ser feito como resultado da evolução do conhecimento em genética e biologia molecular. Rodrigo Martinez ressalta que possibilidades muito mais complexas estão se desenhando. 

“Quando os biotecnológicos começaram a ser desenvolvidos, ainda no fim da década de 1990, havia perspectiva de impacto no setor de saúde, agricultura, químico. Isso era o básico. Mas os rumos que as coisas estão tomando evidenciam que nenhuma área deixará de ser afetada por essas pesquisas”, destaca Martinez. 

Entre as descobertas que poderão fazer parte do futuro estão a possibilidade de programar uma bactéria para desenvolver couro na forma exata de um modelo de roupa, retirando grande parte do processo produtivo, cremes personalizados feitos com micro-organismos da própria pele do consumidor e sementes otimizadas para o solo de determinada área. 

“Haverá um momento que qualquer produto da indústria têxtil será biológico” reforça Martinez. Apesar de causar estranhamento, ele alerta que essas descobertas ficarão obsoletas no futuro. “Daqui a pouco o termo bioeconomia não fará sentido, as descobertas nessa área vão se misturar às plataformas analógicas e digitais. E quem não acompanhar terá de correr atrás”, alerta.

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