Conheça a biomimética e como a inovação pode ser inspirada pela natureza

O Congresso Internacional de Inovação da Indústria terá, entre os palestrantes, Janine Benyus, referência em biomimética. Veja iniciativas na área que se inspira na natureza para melhorar o cotidiano

Planta marrom com esporos e fundo verde desfocado

Que a natureza é inspiradora, ninguém duvida. Mas sabia que ela também pode inspirar a criação de soluções inovadoras para o dia a dia? A biomimética, área da ciência que estuda a vida (“bio”) da natureza e a imita (de “mimesis”), será um dos temas do Congresso Internacional de Inovação da Indústria, que será realizado nos dias 27 e 28 de setembro, em São Paulo. 

Referência no tema, a norte-americana Janine Benyus, cofundadora do Biomimicry Institute, vai falar sobre biomimética, cujo exemplo mais famoso surgiu durante um passeio de um engenheiro com seu cachorro.

Antes de saber mais nada: Se ainda não confirmou a sua participação, aproveita e corre porque dá tempo. Inscreva-se!

O suíço George de Mestral estava com seu companheiro fiel quando ficou intrigado com o modo como os ganchos da semente da bardana, uma planta, grudavam nos pelos do animal. Ao pensar em como reproduzir essa fixação em tecidos, por exemplo, depois de muito estudo, ele desenvolveu o que chamamos de velcro (erroneamente, pois esse é o nome da marca). O certo, mesmo, é fecho de gancho e argola.

Ou seja, a partir da curiosidade, o inventor criou esses fixadores famosos em todo o mundo e usados em uma série de indústrias, como a de calçados, vestuário, embalagens e transportes. Olhar atentamente para a natureza não parou por aí.

Festo: inspiração em borboletas e peixes

A partir da observação dos seres vivos, a Festo, empresa de tecnologia de automação, desenvolve os chamados bionics, que combinam biologia e eletrônica e se baseiam em elementos como animais o plantas para a criação de inovações e invenções técnicas. A partir dos bionics podem surgir tecnologias com aplicação industrial.  

A Festo vai apresentar dois desses projetos biônicos no Congresso de Inovação: as eMotionButterflies e o AirJelly. Os chamados bionics são uma iniciativa de uma área da empresa sem fins lucrativos, a Bionic Learning Networking, que copia elementos da natureza com a possibilidade de desenvolver tanto novos bionics quanto tecnologias e produtos. Ou seja, os bionics, mesmo, não são comercializados. 

O head de Gestão de Marketing de Produto na América do Sul da Festo, José Folha, explica que as eMotionButterflies, por exemplo, podem auxiliar com a inteligência artificial para algoritmos de rotas de entrega e/ou logística interna das empresas. "Elas nos ajudaram com nossa plataforma de Inteligência artificial Festo AX Link". 

As eMotionButterflies fizeram parte de estudos de algoritmos de inteligência colaborativa em que as borboletas sabiam onde estavam – individualmente e em grupo – para evitarem a colisão durante o voo e trazem os seguintes conceitos:

  • leveza;
  • controles complexos de movimentos;
  • aerodinâmica.

O AirJelly, por sua vez, se baseia na utilização de uma tecnologia que foi aprendida a partir da observação dos peixes e foi um dos primeiros usados para trabalhos com voos. O AirJelly se inspira em três princípios: 

  • sustentação da suspensão em equilíbrio;
  • simplicidade de estruturas mecânicas;
  • controle de movimentação para estudos de aerodinâmica com tentáculos. 

O desenvolvimento dos bionics, segundo Folha, acontece de forma multidisciplinar. “Os grupos de trabalho são compostos por engenheiros, designers, arquitetos, médicos, estagiários, cientistas, administradores, ou seja, por grupos heterogêneos de várias partes da Festo e de seu ecossistema. Cada grupo tem até dois anos para criar um bionic. Se isso não acontecer, esse projeto fica disponível para um novo grupo continuar o estudo ou apenas utilizar conhecimentos adquiridos para novos bionics”. 

Para Folha, o modo de encarar a inovação define a evolução das pessoas junto com o mundo.

“A inovação é para o mundo como o oxigênio é para a vida. O mundo continuará vivendo enquanto houver oxigênio e inovação”. 

Com a palavra, uma das discípulas de Janine Benyus

A engenheira de produção mecânica Giane Brocco é fundadora e CEO da Amazu Biomimicry, empresa de consultoria e treinamentos para indústrias por meio da aplicação de inovação biomimética. Giane também foi aluna de Janine Benyus quando fez Especialização em Biomimética, no Biomimicry Institute, em 2013. “Desde cedo trabalhei na indústria e me apaixonei ainda mais por processos e por pessoas. No final da faculdade, entendi que queria não apenas criar inovação para as empresas, mas também queria que isso impactasse positivamente o planeta. Foi quando descobri a biomimética e nunca mais larguei”, lembra.

Mulher branca com cabelo castanho liso comprido sentada em rocha com várias árvores ao redor sorrindo
A engenheira de produção mecânica, Giane Brocco, é CEO da Amazu Biomimicry, e foi aluna de Janine Benyus

Em seu trabalho de conclusão de curso, por exemplo, ela elaborou indicadores ambientais industriais inspirados nas sequoias, um tipo de árvore. “Os indicadores inspiraram o nosso método ‘Empresas como florestas’, em que desenvolvemos as empresas para integrarem os critérios ESG no dia a dia”, conta Giane, que também é conselheira na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS)

Com mestrado em engenharia de produção e sistemas, e apaixonada por tecnologia e inovação, Giane acredita que a natureza é a expressão mais potente de criatividade, sustentabilidade e inovação, e o maior laboratório de pesquisa e desenvolvimento que existe. “Pensem em quantos organismos existem, nos mais diferentes ecossistemas e habitats, que se adaptam para sobreviver com estratégias fantásticas de alta engenharia. Nós, seres humanos, também somos natureza e nossos corpos são também inspiração para a inovação. Por exemplo, os pulmões, que inspiram máquinas industriais que filtram o ar. Pois então, já existe esse tipo de tecnologia”. 

Entre as soluções que a Amazu oferece está a entrega de um mínimo produto viável biomimético em até cinco dias para a empresa testar e validar a inovação, com acompanhamento de, no mínimo, seis meses, para a implementação dessa inovação no mercado ou internamente na empresa. Por exemplo, embalagens, novas formulações para produtos e até mesmo inovação em processos de produção com foco em sustentabilidade, a depender da necessidade do cliente. 

A Amazu também atua no desenvolvimento de pessoas e da cultura de empresas por meio da aplicação da metodologia da biomimética e de ferramentas de bioliderança a partir dos 26 princípios da vida. Além disso, a empresa oferece um curso de biomimética para ajudar empresas a criar soluções com impacto positivo para a sociedade e para o planeta. 

Para Giane, a natureza tem respostas para todos os desafios industriais e de lideranças, mas é preciso fazer as perguntas certas para ela. “Também precisamos usar a natureza como fonte de inspiração, e não apenas como fonte de extração. Para tornar prática a aplicação da natureza para a inovação é que utilizamos a metodologia da biomimética, a fim de integrar essa ferramenta como método para inovar de forma sustentável nas empresas. Se você quer construir coisas feitas para durarem e com impacto positivo, pergunte à natureza como ela faz o que faz”. 

Janine Benyus no Congresso Internacional de Inovação da Indústria

Biológa, consultora de inovação e autora de vários livros sobre biomimética, Janine Benyus é cofundadora do Instituto de Biomimética, localizado em Montana, nos Estados Unidos. A organização sem fins lucrativos foi criada em 2006 e capacita as pessoas a criarem soluções inspiradas na natureza rumo a um planeta saudável. 

Mulher branca com cabelo curto loiro e roupa azul com fundo desfocado marrom
Janine Benyus será uma das palestrantes no Congresso de Inovação

Bateu curiosidade para saber mais sobre biomimética? Inscreva-se no Congresso Internacional de Inovação da Indústria, uma iniciativa da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) e realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A palestra de Janine Benyus sobre biomimética e a jornada da ecoinovação nas empresas será no dia 27 de setembro, a partir das 10h50. É de graça e você pode participar presencialmente ou de qualquer lugar do mundo!

Relacionadas

Leia mais

Conheça 6 mulheres INCRÍVEIS que estarão no Congresso de Inovação
Falta pouco: Congresso de Inovação discute inovação e sustentabilidade nesta semana
Ecoinovação será tema do Congresso Internacional de Inovação da Indústria

Comentários