O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) lançou, nesta quarta-feira (26), o projeto de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para construção do Laboratório de Alta Potência do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Elétricos, localizado em Itajubá (MG). Com investimento total de R$ 425 milhões, o complexo será o maior da América Latina e estará entre os sete maiores do mundo em P&D&I de novos equipamentos e sistemas do setor elétrico.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) participa do projeto por meio da aplicação de recursos do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (PROP&D) na construção do Laboratório de Alta Potência até o limite de R$ 152,7 milhões. Todas as empresas do setor elétrico que integram o programa podem aportar recursos até o limite estabelecido. O laboratório irá realizar ensaios que hoje são executados em poucas estruturas no mundo devido à complexidade para a produção e manuseio seguro das elevadas potências envolvidas. As condições de alta potência são, em geral, associadas a situações extremas de curto-circuito ou de manobra de correntes elevadas.
Esses ensaios destinam-se a investigar o desempenho e o comportamento de um determinado equipamento em condições reais de solicitação para as quais tenha sido projetado. Aplicam-se, por exemplo, a equipamentos de manobra e controle (interrupção em disjuntores, chaves seccionadoras, religadores, fusíveis, etc); proteção e controle, de condução, transformação e medição. No Laboratório, será instalado um gerador de curto circuito próprio tornando-o independente da concessionária, o que permitirá total flexibilidade para sua utilização.
COMPLEXO DE INOVAÇÃO – O Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Elétricos ocupará uma área total de 217 mil metros quadrados e 80 mil metros de área útil, na qual serão instalados, inicialmente, quatro laboratórios para atender à demanda da indústria nas áreas de alta tensão, alta potência, elevação de temperatura e ensaios mecânicos. O Instituto irá beneficiar uma base industrial diversificada de fornecedores da cadeia elétrica – em geração, transmissão e distribuição de energia – e outros segmentos industriais como eólico, solar, naval, óleo e gás, têxtil, materiais elétricos, materiais para construção civil, materiais de isolamento, etc.
O projeto é realizado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Governo do Estado de Minas Gerais por meio da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Poucos países contam com infraestrutura similar para P&D e realização de testes integrada ao setor industrial como a prevista no Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Elétricos. Com o complexo, cuja previsão é estar concluído até 2021, o Brasil irá integrar grupo restrito que conta com os Estados Unidos, Canadá, Japão, assim como países da Europa Ocidental. O Instituto terá capacidade técnica para ensaios de classe de tensão de até 550kV, ensaios de alta potência até 1500MVA e elevação de temperatura com até 25.000A.
Participaram da cerimônia, em Brasília, de lançamento do laboratório o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade; o presidente da Cemig, Bernardo Afonso Salomão de Alvarenga; o diretor-geral da Aneel, André Pepitone da Nóbrega; e o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi. “Esse investimento é muito importante para o setor elétrico brasileiro e para as indústrias do Brasil. A Aneel entendeu que esse laboratório tem um papel importante na inovação, nos projetos de P&D do setor elétrico”, avaliou o presidente da CNI. “Certamente essa infraestrutura pode contribuir muito para o país, tanto na fabricação de produtos que hoje não temos quanto no desenvolvimento de novas tecnologias e de inovação, assim como no desenvolvimento do setor elétrico brasileiro de tal forma que o beneficiado seja o consumidor. Esse é sempre o grande objetivo dos investimentos do SENAI”, Robson Braga de Andrade.
AVANÇOS EM PESQUISAS – O diretor-geral da Aneel ressaltou a importância da interação entre o setor público e o privado para o estímulo à inovação, especialmente na transformação da ciência em riqueza para o país. Ele destacou ainda que R$ 76 milhões dos R$ 152 milhões que serão investidos no Laboratório de Alta Potência irão retornar, em 16 anos, como benefícios ao consumidor por meio da redução de conta de energia elétrica. “Esse laboratório vai contribuir sobremaneira para o desenvolvimento do setor elétrico e da indústria pelo fato de potencializar e permitir o avanço da pesquisa básica, da pesquisa aplicada, do desenvolvimento de produtos, o desenvolvimento de equipamentos e, sobretudo, por meio da realização de ensaios e do desenvolvimento de materiais e de tecnologia”, afirmou André Nóbrega.
As obras do complexo em Itajubá foram iniciadas em janeiro de 2015 e a etapa inicial da obra já foi executada, com terraplenagem e asfaltamento da área. O projeto encontra-se agora na fase da construção da subestação de 138kV e em seguida se inicia a construção da estrutura predial.
O Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Elétricos integra a rede nacional de 26 Institutos, dos quais 24 já estão em estágio operacional, contando atualmente com 290 projetos de pesquisa aplicada, em parceria com empresas dos diversos setores industrais. A implantação da rede tem apoio da Sociedade Fraunhofer, da Alemanha, a maior organização de pesquisa aplicada da Europa, e do Massachusetts Institute of Technology (MIT) de Cambridge, nos Estados Unidos.