O Brasil pode deixar um importante legado de inovação após a crise do coronavírus, desde a conectividade de todas as unidades de saúde do país até o crescimento da produção interna de equipamentos e novos reagentes para o setor de saúde.
A afirmação foi feita pelo secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Julio Semeghini, durante bate-papo ao vivo (confira aqui a íntegra) promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), para debater resultados da última Pesquisa de Inovação (Pintec), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com Semeghini, o Brasil tem uma comunidade científica forte e conectada com as de outros países que está sendo decisiva para acelerar a inovação para atender o aumento da demanda interna. “Se tivéssemos mais articulação dessa rede com a cadeia industrial, esse processo poderia ter sido bem mais rápido”, destacou.
O secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTIC, Paulo Alvim, acredita que o país se tornará um dos mais importantes atores na cadeia produtiva de saúde mundial, com destaque para setores de biotecnologia e bioquímica, com oportunidade de criação novos e melhores empregos. “Esse movimento poderá transbordar para outros segmentos da economia”, disse Alvim.
SENAI contribui para acelerar inovação no enfrentamento ao coronavírus
Alvim ressaltou o papel do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) no apoio a mudanças de processo no setor em tempo recorde. “Entre os destaques está o apoio à recuperação de, pelo menos, 10% da capacidade de produção de ventiladores e na produção de biopolímeros para substituir o gel importado”, destacou.
Ele ressaltou também a importância do Serviço Social da Indústria (SESI) no apoio à construção de hospitais de campanhas em todo o país.
Outro setor promissor para o Brasil, segundo Alvim, é o de energia. Segundo ele, o país, que já tem a matriz energética mais limpa do mundo, está na fronteira tecnológica de produção de energia a partir da biomassa e tem grande potencial para avançar na geração eólica e solar. “Além disso, estamos sendo forçados a acelerar o processo de transformação digital, que promoverá o teletrabalho e a telemedicina”, acrescentou.
Recessão econômica impactou investimentos em inovação em 2017
De acordo com os resultados da sétima edição da Pintec, a recessão econômica foi a principal causa de os investimentos chegarem, em 2017, ao menor nível desde o início do levantamento, em 2002, segundo Alessandro Pinheiro, coordenador de Pesquisas Econômicas Estruturais Especiais do IBGE. Em 2017, os investimentos em atividades inovadoras corresponderam a 1,95% das receitas líquidas das empresas, com queda de 17,42% frente ao investido em 2014.
Pinheiro destacou, ainda, que a valorização cambial contribuiu para o aumento da importação de máquinas e equipamentos e redução de financiamento para inovação no setor. No entanto, ele apontou evolução em alguns resultados do levantamento, como o crescimento da inovação em produtos, a manutenção dos níveis de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e crescimento do uso da biotecnologia e nanotecnologia.
Além disso, empresas desses setores se engajaram em arranjos de cooperação em parceria forte com universidades e institutos de ciência e tecnologia, algo não comum na realidade brasileira. “Esses arranjos de cooperação são fundamentais diante das novas tecnologias que exigem competências diversificadas para acelerar o processo inovativo”, explicou Pinheiro.
Cooperação é fundamental para acelerar a agenda de inovação das empresas
Outro desafio que precisa ser encarado pelas empresas, segundo Pinheiro, é a melhora da articulação dentro das empresas com foco no desenvolvimento tecnológico. Para isso, é preciso envolver a alta liderança das organizações para dar o direcionamento, em especial, ao processo de transformação digital. Somente após isso, será possível trabalhar na integração das cadeias.
“As empresas precisam ter forte coordenação e planejamento para ter condições de embarcar na Indústria 4.0”, disse. Pinheiro reconheceu o papel da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), liderada pela CNI, como fundamental no apoio à transformação digital das empresas brasileiras.
O bate-papo virtual foi mediado pela diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, que apresentou o trabalho da MEI articulado com os Institutos SENAI de Inovação, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no apoio à aceleração da agenda de inovação no país.
A MEI conta hoje com cerca de 300 empresas e, além de apresentar propostas de políticas públicas para a inovação, traz ainda ferramentas para apoiar indústrias nesse processo, como o MEI Tools, canal de informação constantemente atualizado sobre instrumentos de financiamento à inovação; e o Programa de Imersões em Ecossistemas de Inovação. “A inovação é o principal vetor de desenvolvimento do Brasil”, afirmou Gianna.
A Indústria contra o coronavírus: vamos juntos superar essa crise
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