Além da telemedicina: conheça outras 3 inovações na saúde

Inteligência artificial, coleta e análise de dados e interoperabilidade de informações foram temas do painel sobre avanços tecnológicos em saúde e boas práticas de segurança do trabalho no Congresso de Inovação

Cinco homens brancos sentados em palco falando com tela verde ao fundo
Painel "De olho na agenda 2030: avanços tecnológicos em saúde e boas práticas voltadas à segurança no ambiente de trabalho" discutiu avanços do setor

Na pandemia de Covid-19, os brasileiros se acostumaram com a teleconsulta, uma maneira prática e segura de receber orientação médica à distância. A tecnologia, que evitou que pacientes com sintomas leves da doença fossem aos postos de saúde, se desenvolveu, foi ampliada para outras queixas e mostrou como a inovação pode remodelar as formas de diagnóstico, tratamento e monitoramentos de pacientes. 

Mas as inovações do setor vão muito além disso. O tema foi assunto do 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria, no painel De olho na agenda 2030: avanços tecnológicos em saúde e boas práticas  voltadas à segurança no ambiente de trabalho, nesta quinta-feira (28). O evento é organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em barceria com o SEBRAE.

"Fico muito feliz de tratar desse assunto dentro do Congresso de Inovação. Uma pesquisa feita pela CNI, em 2021, perguntou aos brasileiros quais eram os principais problemas enfrentados. Em primeiro lugar, foi a questão do emprego. Logo em seguida, foi a questão da saúde, do acesso à saúde. Isso é um problema grave. Então, a gente tem que perguntar de que maneira a inovação tem trabalhado a favor da saúde", afirmou o diretor de operações, SESI, Paulo Mól, responsável pela moderação do painel.

Presidente emérito da Universidade da Carolina do Sul, o epidemiologista Harris Pastides falou sobre como o atendimento remoto pode ser uma resposta para enfrentar barreiras de acesso a diagnósticos e tratamentos.


“A telemedicina tem diversos impactos. Por exemplo, no trânsito. Muitas vezes, você demora uma hora para atravessar a cidade para uma consulta médica. Até 2030, muito do cuidado médico vai ser feito em casa por meio de câmeras. E os profissionais de saúde vão usar essas ferramentas de diagnóstico para ajudar o trabalhador e fazer recomendações em termos de tratamento e terapias tudo à distância”, explicou Pastides.


Além de debateram a telemedicina, os painelistas falaram de outras inovações como:

  1. Inteligência artificial 
  2. Coleta e análise de dados
  3. Interoperabilidade de informações
Cinco homens brancos sentados em palco falando com tela verde ao fundo e um deles no telão, de terno claro e cabelo castanho
"A gente tem que perguntar de que maneira a inovação tem trabalhado a favor da saúde", disse o diretor de operações, SESI, Paulo Mól

Inteligência artificial 

Presente em tarefas cotidianas, como na escolha da melhor rota de trânsito, de uma refeição e até na indicação de um voo mais barato, a inteligência artificial também tem se tornado cada vez mais presente na saúde. A tecnologia que proporciona dados e diagnósticos mais precisos foi citada pelo presidente da Johnson & Johnson MedTech Brasil, Fabrício Campolina, como uma das linhas de investimento da empresa. 

Segundo Campolina, a Johnson & Johnson se juntou a um cliente e a uma startup para desenvolver uma tecnologia que permite que a população identifique se tem arritmia cardíaca, alterações no ritmo dos batimentos do coração, de maneira precoce e possa ser assistida. 

“A gente entra em contato com esse paciente e o convida a entrar dentro de uma linha de cuidados para garantir que ele faça procedimentos que, muitas vezes, vão curá-lo dessa condição que, se não for tratada, pode por exemplo causar um AVC”, disse o presidente da Johnson & Johnson. 

Coleta e análise de dados

O diretor corporativo de recursos humanos da Vicunha Têxtil, Alexandre Ferreira, contou que, por meio de um programa de saúde do SESI, a empresa começou a coletar informações de maneira mais sistemática sobre seus trabalhadores e, assim, foi possível ajudá-los na prevenção de doenças. 

“Conseguimos coletar informações de uma forma mais estruturada e gerenciar esses dados. E com os especialistas do SESI, médicos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos trazer para empresa ações inovadoras de prevenção ao adoecimento, prevenção a acidentes e isso reflete na sociedade”, apontou Ferreira. 

O programa citado pelo diretor Vicunha Têxtil é o SESI Viva +, uma ferramenta que possibilita a produção de informações qualificadas e estruturadas, além de estudos, para apoiar as indústrias na redução de riscos legais, de custos com saúde e de afastamentos, na prevenção de acidentes e no aumento da produtividade no trabalho. 

Homem branco de barca com cabelo castanho fala segurando microfone em palco sentado com tela verde com logos do SENAI e SEBRAE
“Conseguimos coletar informações de uma forma mais estruturada e gerenciar esses dados", disse o diretor corporativo de recursos humanos da Vicunha Têxtil, Alexandre Ferreira

Interoperabilidade de informações

A interoperabilidade significa garantir a interação de sistemas e instituições de maneira eficaz e eficiente. Para o ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Denizar Vianna, o conceito, se devidamente desenvolvido, promoverá melhorias significativas na saúde do país. 


A gente está trazendo a questão da Inteligência Artificial, da conexão dos dados, mas precisamos transformar essa massa de informação para que possamos fazer, de fato, uma gestão na saúde”, afirmou Vianna. 


O Ministério da Saúde deu o pontapé inicial na integração de dados dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) com o aplicativo ConecteSUS. O dispositivo auxilia o cidadão a ter acesso à carteira nacional de vacinação digital e saber se todas as vacinas estão em dia.

De acordo com Vianna, a jornada do paciente dentro da saúde suplementar, no entanto, ainda é muito fragmentada:  “Vamos pegar o exemplo do paciente com câncer. Dependendo do tipo seguro de saúde, ele faz quimioterapia numa clínica, exames de acompanhamento em outro laboratório, internação em um hospital… muitas vezes, todas essas informações não estão integradas. Então, esse é o primeiro ponto que vamos ter de vencer”. 

Ainda segundo o professor, a interoperabilidade poderá ajudar os gestores a aplicarem seus recursos de maneira mais eficiente. 

“A saúde vai ser sempre capital dependente. [...] A pergunta principal não é o quanto estamos gastando. É se estamos gastando de forma adequada esse recurso. E, para isso, nós vamos precisar lançar mão de todas essas inovações”, finalizou Vianna. 

Confira a galeria de fotos do 2º dia do Congresso de Inovação:

28/09/2023 - 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria     - 2º dia

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Os objetivos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) são 17 e reúnem temas que se conectam entre si para o desenvolvimento global. São eles: erradicação da pobreza, Fome zero e agricultura sustentável, Saúde e bem-estar, Educação de qualidade, Igualdade de gênero, Água potável e saneamento, Energia limpa e acessível, Trabalho decente e crescimento econômico, Indústria, inovação e infraestrutura, Redução das desigualdades, Cidades e comunidades sustentáveis, Consumo e produção responsáveis, Ação contra a mudança global do clima, Vida na água, Vida terrestre, Paz, justiça e instituições eficazes, Parcerias e meios de implementação.

Relacionadas

Leia mais

GALERIA: As melhores fotos do 1o dia do Congresso de Inovação
Suicidologista Karina Fukumitsu participa de debate sobre saúde mental e acolhimento no trabalho
Qual é o papel da política pública para que a inovação turbine a sustentabilidade?

Comentários