Menos de 1% dos recursos para rodovias federais concedidas foi para o Nordeste em 2022

Planejamento do transporte de cargas para a Região Nordeste e agenda de baixo carbono da CNI foram debatidos em reunião do Conselho de Infraestrutura da CNI

Rodovia com céu azul ao fundo

A discrepância de investimentos em infraestrutura na Região Nordeste chama a atenção. De acordo com dados apresentados pelo economista Cláudio Frischtak, sócio da Inter B Consultoria, apenas 0,7% dos recursos empregados em 2022 nas rodovias federais concedidas do país foram para o Nordeste – R$ 25,6 milhões de um total de R$ 3,6 bilhões. 
 
“Há um longo histórico de má alocação de recursos no país, particularmente em obras de infraestrutura, especialmente no Nordeste”, enfatizou Frischtak, nesta quarta-feira (25), na reunião do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Há uma dissonância entre a dependência do Nordeste em investimentos públicos e o baixo compromisso do investimento privado nessa região”, acrescentou.
 
O economista observou que o problema da infraestrutura de transportes é geral no país, mas acentuado no Nordeste. Ele apresentou dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), segundo os quais 71,3% das rodovias do Nordeste são classificadas entre regulares e péssimas. 
 
No setor ferroviário, há o emblemático caso da Transnordestina – um projeto iniciado em 2006. Frischtak lembrou que a expectativa é que o empreendimento seja entregue somente entre 2026 e 2027, um atraso superior a 15 anos. “O cerne do problema é de governança nos investimentos públicos ou financiados pelo setor público. A agenda Nordeste tem que ser ampliar os investimentos privados sem abrir mão de recursos públicos disponíveis”, destacou.

Agenda de baixo carbono

Outro tema debatido pelo Coinfra nesta quarta-feira foi a agenda de baixo carbono da CNI. O gerente de Recursos Naturais da CNI, Mário Cardoso, enumerou as principais iniciativas do setor industrial para esta agenda, balizada pela transição energética, pelo mercado de carbono, economia circular e conservação florestal. “Precisamos de uma agenda de baixo carbono que seja factível e aderente à realidade do nosso país. O setor privado não pode ser deixado de lado nessa coordenação”, afirmou Cardoso. 

Despedida do presidente do Conselho de Infraestrutura da CNI

A reunião marcou também a despedida do empresário Olavo Machado Jr. do cargo de presidente do Conselho de Infraestrutura da CNI. Ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, ele presidiu o Coinfra entre 2014 e 2023. Foram 65 reuniões nesse período.

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