Aos 15 anos, Gabriel dos Santos Vieira é o mais jovem da equipe que treina para tentar representar o Brasil na WorldSkills, a competição mundial de profissões técnicas. Ele também pode ser o primeiro brasileiro a participar do torneio na modalidade Arte 3D Digital para Jogos, recente no mundial. Será a primeira vez que haverá disputa nessa categoria, apresentada na última edição em 2017, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, mas sem caráter competitivo. Mesmo diante de toda novidade, Gabriel acredita ter chances de trazer da Rússia a medalha de ouro no peito.
A WorldSkills surgiu com uma grande surpresa para Gabriel e já mudou seu rumo de vida. Ao contrário da maioria dos competidores, que fizeram cursos de educação profissional no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o jovem era estudante da escola pública Walter Franco na cidade de Estância, em Sergipe. Um dia no final de 2017, sua turma de 1º ano do ensino médio recebeu a visita de Reginaldo Reis, do SENAI, que estudou na mesma escola e buscava jovens com talento para o desenho com o objetivo de participar do treinamento. “Já fiquei com olhos brilhando quando o ouvi falar”, conta.
Desde muito cedo, Gabriel se interessou pelo desenho e, aos 11 anos, ganhou da mãe um equipamento para transpor o desenho para o computador. Já pensava em levar o hobby para a vida profissional, mas a “descoberta” do SENAI acelerou tudo. No ano passado, ele iniciou o ritmo exigente de preparação para a competição mundial, que envolve longas horas de preparação. Recebeu a mentoria de grandes profissionais da área por meio de aulas a distância, inclusive um brasileiro que mora na Holanda, até vencer concorrentes do Rio de Janeiro e do Paraná e sagrar-se campeão nacional.
“No começo do treinamento eu não tinha muita pretensão de nada. Para mim, sair do país e competir em outro lugar era algo distante. Eu entrei mais pela vontade de aprender, eu gostava muito de fazer isso”, confessa.
Neste mês, Gabriel viajou, pela primeira vez, ao exterior para participar de competição de educação profissional em Melbourne, na Austrália, como forma de treinamento. Na WorldSkills, na cidade russa de Kazan, ele enfrentará competidores de dez países que são referência na área, como Taiwan, Hong Kong e Coreia do Sul. “Eu não tenho dúvida de que o Brasil não fica para trás. Estamos par a par com os demais”, acredita o “caçula” da equipe brasileira.