Leonardo foi escolhido para treinar para a WorldSkills 2019 após se destacar como autodidata em Desenho Mecânico em CAD

O jovem faz parte da delegação brasileira que vai para o mundial de profissões técnicas no mês que vem, na Rússia

Aos 20 anos, Leonardo Camargo de Souza já está acostumado a lidar com pressão. Há mais de dois anos ele treina de 8 a 10 horas por dia para ser o melhor profissional em Desenho Mecânico em CAD do mundo. Ele será o representante do Brasil na maior competição de educação profissional do planeta, a WorldSkills 2019, em agosto, na Rússia.

Desde 2007 o Brasil conquista medalhas de prata ou ouro na modalidade de Leonardo. “O Brasil é favorito, sem dúvida. Se eu treinar certinho e seguir tudo que experts estão me passando, eu tenho chance de conseguir uma medalha também”, conta o jovem, com aparente  tranquilidade. Segundo ele, não é só aparência. “É do meu perfil, sou muito tranquilo, não fico nervoso”, afirma.

Nascido no município de Avaré, no interior de São Paulo, ele mora com a mãe e a irmã em Araraquara e conta que decidiu fazer um curso no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Araraquara por influência da irmã mais velha, hoje com 24 anos. “Ela fez o curso de Mecânica de Usinagem, formou em 2013, e depois começou a graduação em Engenharia de Produção. Eu cresci vendo isso e decidi que queria trabalhar na área industrial”, diz Leonardo.

Foi no SENAI que Leonardo decidiu mudar de postura. “Sempre fui um aluno normal, minha nota de Desenho era 60 [de 100], tinha muita gente melhor do que eu. Mas quando o SENAI levou nossa turma para visitar a WorldSkills 2015, em São Paulo, percebi que eu queria fazer parte daquilo. Vi várias pessoas de diferentes países, coisas acontecendo ao mesmo tempo. Vi a responsabilidade e a importância do evento”, detalha o jovem.

Na semana seguinte à visita, Leonardo procurou o professor e perguntou como ele poderia concorrer a uma vaga para participar da próxima edição. A resposta? Muito treino. “No início era difícil alguém dar bola para mim, pensavam que eu não ia me dedicar. Mas comecei a me dedicar bastante e a frequentar a biblioteca do SENAI. Lá aprendi a  trabalhar com o Inventor (software de engenharia mecânica e CAD 3D) sozinho, assistindo a vídeos no YouTube”. 

Leonardo sabia que precisava treinar mais que os colegas. “De janeiro a novembro de 2017, foram mais de 3.600 horas de treino”. Mas a recompensa veio. Passou nas seletivas nacionais, derrotando competidores de outros estados, participou da WorldSkills Américas em 2018, no Chile, onde conquistou a medalha de prata e o título de melhor brasileiro na competição (eram 9) e, agora, sonha com o pódio em Kazan, na Rússia.

DISTÂNCIA DA FAMÍLIA - A maior dificuldade, segundo ele, é lidar com a distância da família, da namorada e amigos. Desde janeiro ele treina 10 dias em Brasília – onde fica a central de treinamento dos competidores – para depois passar o fim de semana em casa. “O mais importante é que tenho apoio deles, e está valendo a pena. Aqui eu aprendi a conviver com regras, a acordar no horário, a melhorar meu comportamento e lidar com pressão”, completa o jovem, que nunca foi muito fã de baladas e que gosta de passar o tempo com viagens e filmes.

“Após a WorldSkills, vou ver as oportunidade de emprego, mas quero continuar trabalhando no SENAI e fazer o curso superior de Engenharia Mecânica”, planeja.

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