A memória do avô é a inspiração diária de Luan Silva Braga, 20 anos. Sempre que lembra dele, José Fernandes Braga, vem um nó na garganta, seguido de um desejo de superação. “A memória dele é uma motivação, é o gatilho. Quando eu penso que não vou conseguir, eu tento, penso nele, isso me deixa satisfeito”.
Assim como o avô, Luan seguiu o caminho da Construção Civil. José era pedreiro e trabalhava na construção de casas. Para ele, não há dúvidas de que avô sentiria muito orgulho ao saber de sua participação no mundial das profissões, a WorldSkills, que ocorrerá em agosto, na Rússia. Luan será o representante brasileiro na ocupação Sistemas em Drywall e Estucagem.
Luan nasceu em Brasília e vive com a família na região administrativa da Candangolândia. A relação do jovem com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) começou durante o programa de aprendizagem que fez por meio da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). O curso de Técnico em Edificações foi feito entre 2015 e 2017. Depois da aprendizagem, Luan foi trabalhar em um escritório de arquitetura.
No entanto, ele sempre teve vontade de competir na WorldSkills porque conhecia colegas que tinham participado e gostado da experiência. Procurou a direção da escola mostrando o interesse e o indicaram para Sistemas em Drywall e Estucagem. No início de 2018, ele começou o treinamento para a seletiva nacional. “Tinha um colega ex-competidor que me incentivava muito. Ele me dizia: ‘quer ganhar? Você consegue. É só se dedicar’”.
Luan levou o conselho do amigo a sério e treinou ativamente por 10 meses até ganhar a seletiva nacional, onde participaram concorrentes de oito estados diferentes. “Eu tinha conhecimento de alguma coisa, mas não era bem a minha área. Fui aprendendo e tomando gosto. Me dediquei bastante: treinava de segunda a sábado, sem feriado, de manhã à noite. Eu ficava muito curioso para aprender mais”, conta. Atualmente, o brasiliense treina para o mundial em um prédio no Guará, em Brasília.
RÚSSIA - O jovem está ansioso para a competição, em agosto. Ele tem esperança de trazer o primeiro pódio para o Brasil na modalidade. A melhor posição alcançada até então foi o 10º lugar. Em maio, ele e um grupo de competidores foram à Rússia para participar do nacional russo como convidados. Para ele, a experiência na Rússia antes do mundial foi importante para testar os materiais.
“No Brasil não tem massa que seca em uma hora, aqui, seca em duas horas. Muito tempo de secagem para pouco tempo de prova. Isso pega no meu desempenho nas provas. Não dá acabamento porque não seca. No nacional da Rússia, utilizei a massa e vi como é”, explica Luan.
Após a WorldSkills, o competidor tem vários planos: pretende fazer graduação em Arquitetura e depois em Engenharia Civil. Estão nos planos também cursos técnicos na área Automotiva e angariar uma vaga no SENAI. Abrir uma empresa também está no radar. “ Vou chegar melhor no mercado de trabalho. Estou abraçando essa oportunidade para ter outras, por mais que seja cansativo, está valendo a pena”, afirma. “Há um ano atrás eu não imaginava o que eu seria hoje. Vejo um vídeo de um ano atrás, chega da agonia de olhar a lerdeza”, disse o jovem.