Foi dada a largada da principal competição de robótica do mundo

O Campeonato Mundial FIRST Championship, em Houston, reúne estudantes de 74 países. O Brasil participa com 106 competidores. Neste primeiro dia, treinos e ambientação fizeram parte da rotina das equipes

Equipes montaram os estandes e fizeram ambientação no primeiro dia do mundial

Descer as malas, pegar as caixas com as peças, tentar localizar o estande designado à equipe. Montar cada detalhe do espaço, ensaiar o grito de guerra e conversar com participantes de diferentes países. Conhecer onde serão as provas, se apresentar aos juízes do campeonato e treino, muito treino. Essa foi a rotina deste primeiro dia dos competidores do Campeonato Mundial de Robótica, em Houston, Texas, nos Estados Unidos.

A competição da FIRST, que segue até sábado (20), desafiou estudantes dos ensinos fundamental e médio a projetarem robôs para executarem tarefas relacionadas às missões e desafios do espaço sideral. O tema foi escolhido para celebrar os 50 anos da chegada do homem à lua.

As primeiras horas do mundial de Houston serviram para a ambientação - não houve atividades competitivas. Afinal, são representantes de 74 países diferentes em um mesmo espaço no centro da cidade: o George R. Brown Convention Center, que está com os seus três andares tomados por competidores e seus robôs. Nos corredores, jovens enrolados em bandeiras de vários países, outros fantasiados de acordo com o tema das equipes - de pinguins a super-heróis.  

As equipes brasileiras chegaram cedo - às 6h já havia estudantes no saguão do centro de convenções. Este ano o Brasil participa com 106 competidores, divididos em dez equipes. São representantes em três das quatro categorias existentes no mundial: cinco equipes na FIRST LEGO League (FLL), uma na FIRST Tech Challenge (FTC) e quatro na FIRST Robotics Competition (FRC). Dessas, oito são compostas por alunos do Serviço Social da Indústria (SESI) e/ou do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de São Paulo, Goiás e Santa Catarina, uma de alunos de escolas públicas de Taubaté (SP) e outra do Colégio Marista Pio XII, de Novo Hamburgo (RS). 

Os estudantes do SESI Vila Canaã, de Goiânia, da equipe Geartech, chegaram cedo. Eles são os únicos representantes do Brasil na FTC. Nesta modalidade participam 60 equipes com alunos de 15 a 18 anos. O objetivo do grupo é projetar, prototipar e produzir robôs de diferentes materiais capazes de cumprir missões de maneira autônoma e por rádio controle. Na temporada 2019, os robôs precisam recolher materiais na superfície de outro planeta. Para representar o Brasil, a Geartech Canaã venceu o Festival SESI de Robótica, no Rio de Janeiro, em março. 

Entre o torneio nacional e o mundial, a equipe Geartech Canaã fez adaptações no robô

O principal desafio da equipe para Houston foi o pouco tempo para fazer ajustes no robô - entre a classificação nacional e o mundial foram menos de 30 dias. “Nós melhoramos o robô em dois aspectos: mudamos a garra de captação dos materiais, assim ele ficou mais leve e eficiente para cumprir a missão, e melhoramos a dirigibilidade, agora o robô consegue rodar tanto no eixo X quanto no Y”, explica Sthephany Natália Oliveira Santos, 17 anos.

De acordo com o técnico da equipe, José Rodrigues Júnior, uma das principais dificuldades foi o tempo para as peças importadas chegarem no Brasil para as melhorias do robô. “Deixamos para comprar peças nos Estados Unidos porque não tinha em Goiânia. Chegamos e vimos uma variedade de materiais - alguns nem sabíamos que existiam. Inclusive, o fabricante nos deu a peça que precisávamos”. Além de montar o estande, a Geartech Canaã também participou de uma apresentação do projeto do robô para três juízes. 

EXPERIÊNCIA - Na FLL, o Brasil tem a maior quantidade de equipes participantes: são cinco, sendo três de São Paulo e duas de Santa Catarina. Nessa modalidade, o país levou o título de campeão mundial no ano passado, com a equipe Red Rabbit, que se classificou novamente e veio para tentar o bicampeonato em Houston. Na FLL, estudantes de 9 a 16 anos projetam robôs, feitos de peças e tecnologia LEGO e, nesta temporada, propuseram soluções inovadoras para um problema físico ou social enfrentado durante as viagens espaciais. 

Antes de chegar ao mundial, a equipe Techmaker, do SESI de Blumenau (SC), ficou em primeiro lugar em Design mecânico do robô, na etapa nacional no Rio de Janeiro. “É a primeira vez que a gente participa do mundial e a nossa expectativa para os próximos dias é aprender, trabalhar e se divertir muito. O prêmio vai ser uma consequência disso”, afirma Amanda Ströher, 15 anos.

“É a primeira vez que a gente participa do mundial e a nossa expectativa para os próximos dias é aprender, trabalhar e se divertir muito. O prêmio vai ser uma consequência disso”, afirma Amanda Ströher, 15 anos.

A estudante Thaís Regina Wildner, 15 anos, da equipe Agrorobots, do SESI Concórdia (SC), também participa pela primeira vez do mundial e, para ela, o mais interessante tem sido a troca cultural. “O prêmio sempre é bom. Mas viemos mais pela convivência, para comunicação, para conhecer, são muitas culturas diferentes, já conhecemos uma equipe do Líbano, outra da Itália e visitamos a Nasa (National Aeronautics and Space Administration)”.

Mentor da equipe Agrorobots, Ricardo Luis Gabiatti também valoriza o aprendizado de participar de uma competição internacional e acredita que a equipe vem apresentando uma boa evolução. “Foi tudo muito rápido. Soubemos da vaga no dia 29 de março e, no mesmo dia, tínhamos que dar a resposta. Agora estamos aqui para apresentar o nosso trabalho, que vem evoluindo cada dia mais e vamos aproveitar essa oportunidade para aprender cada vez mais”, conta ele. A equipe terminou a etapa nacional do Rio de Janeiro como suplente e acabou conquistando a vaga para Houston dias depois.

A equipe Agrorobots está ansiosa pela troca de experiências no mundial

FRC - Considerada a modalidade mais avançada e tecnológica do mundial de Houston, a FRC é destinada a estudantes de ensino médio de 14 a 18 anos, com mentores do ensino superior. Os competidores têm de usar a ciência e tecnologia para angariar fundos, criar uma marca para o time, construir e programar um robô industrial de cerca de 60 quilos para executar tarefas em uma arena. Como não há um torneio nacional desta modalidade, as equipes brasileiras que estão no mundial venceram seletivas regionais nos Estados Unidos. 

A equipe Octopus #7567, do SESI e SENAI de Bauru (SP), passou por uma regional em Las Vegas e ganhou o prêmio Rockie All Star, que é para categorias iniciantes. Da seletiva para o mundial, o grupo teve uma semana para melhorar a documentação do projeto e o próprio robô - uma peça foi adicionada para a máquina ter mais estabilidade.

“Esse é o nosso primeiro mundial. A gente espera crescer com a experiência, pegar o melhor de cada equipe, ver os projetos maravilhosos das outras equipes e a gente espera poder aprender com elas”, comenta Allana Elisa Porfirio Batista, 16 anos, membro da Octopus. No primeiro dia, além de uma partida de treino, a equipe fez a montagem do pit e a inspeção do robô  - a organização analisa se o equipamento está dentro das regras de segurança da FIRST.

A equipe da estudante Allana, a Octupus #7567, venceu a etapa regional em Las Vegas

SESI, FIRST e LEGO – Desde 2006 o SESI investe na inserção da robótica educacional nas salas de aula. Atualmente, todas as 505 escolas da rede contam com o programa no currículo. Até o ano passado, o SESI realizava anualmente apenas o Torneio de Robótica FIRST LEGO League, criado em 1998 pela FIRST, uma organização não governamental, em parceria com o Grupo LEGO. O SESI é a instituição responsável pela organização do torneio (etapas regionais e nacional) no Brasil desde 2013. Em 2019, além da competição FLL, o SESI promoveu as competições FIRST Tech Challenge e F1 nas Escolas.

REDES SOCIAIS - Acompanhe a cobertura completa do Campeonato Mundial de Robótica de Houston aqui na Agência CNI de Notícias e nos perfis de Robótica do SESI no Instagram e Facebook. Todas as fotos estão no Flickr da CNI.

SAIBA MAIS - Veja tudo sobre as competições brasileiras no site do Festival SESI de Robótica.

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