Educar as gerações futuras e a atual em um mundo em transformação, em que a única certeza vinculada ao futuro é a incerteza, é um desafio. A provocação de Peter Kronstrom, Head no Instituto de Copenhagem de Estudos Futuros na América Latina, foi o ponto de partida do Seminário Internacional SESI de Educação.
Com o tema “Pensamento computacional - aprendendo na escola a resolver questões complexas do trabalho”, o evento trouxe grandes nomes do mercado para falar sobre tendências, as aplicações e os impactos no ambiente escolar. Realizado pelo Serviço Social da Indústria (SESI) nesta quinta-feira (26), o seminário abriu a programação do Festival SESI de Robótica, que segue até domingo (29).
“Precisamos repensar a educação. A maior parte do mundo tem um sistema educacional arcaico, desatualizado, que não prepara as pessoas para o futuro que queremos viver e é baseado em verdades absolutas, que não existem. Temos que capacitar os alunos para criarem o futuro deles. O futurismo está entre a ciência e a arte, precisamos de imaginação.”
Confira as fotos do seminário
Tecnologias, envelhecimento populacional e economia em rede são tendências
Durante o painel “Ações e pensamentos para o presente e o futuro”, Peter listou megatendências, categorizadas em Mundo, Pessoas e sociedade, Tecnologia e ciência e Economia: globalização, crescimento e envelhecimento populacional, foco em saúde, inteligência artificial e automação, inovações da engenharia, economia em rede, economia de serviço, entre outros.
Como a jornalista Luiza Tenente, que mediou os debates, destacou nos primeiros minutos, a formação de professores precisa considerar essas transformações e ir muito além dos conhecimentos tradicionais relacionados à licenciatura.
“É preciso formar repertório e conseguir usar conteúdos e aprendizados de outros campos para ajudarem nos desafios de sala de aula. Nosso objetivo é mostrar como dá para aproveitar tendências que acontecem fora da escola e aplicá-las em projetos, aulas e discussões”, sintetizou Luiza.
Durante uma hora, o representante da ONG dinamarquesa compartilhou exemplos para ampliar o repertório dos educadores. Em seguida, outros palestrantes convidados complementaram com vivências e aprendizados do mercado de trabalho.
Esses argumentos valem a reflexão. Confira!
“Pensamento computacional envolve ter um problema complexo e quebrá-lo em pequenas partes, para ficar mais fácil de entender e resolver o desafio.”
Luiza Tenente, mediadora
“Devemos manter a escola de décadas atrás? São conceitos e novas práticas que surgem, como sala de aula invertida, solução de problemas, educação inovadora e linguagem, como letramento digital e pensamento computacional. Existe a necessidade de incorporar isso, mas no Brasil há resistência. O professor nunca será substituído, mas podemos melhorar seu papel com conjunto de tecnologias.
Estudo adaptativo, em que o processo de aprendizagem é personalizado, por meio de trilhas de aprendizagem.”
Rafael Lucchesi, diretor-superintendente do SESI
“Muitos jovens chegam na indústria com vontade de realizar e ter resultados para a companhia. Eles têm boa formação, foram treinados para resolver problemas, no colégio, no curso técnico ou na universidade. O que eu acho que falta é que ele não consegue enxergar qual problema ele deve resolver. E daí quebrar esse problema em várias partes. A gente tem que aprender a aprender.
”
Rodrigo Neves, diretor de Logística e Customer Care LATAM da Rockwell Automation
“Os millenials são a geração que nasceu em um mundo conectado, com ferramentas a disposição, que vai para o mercado de trabalho com menos experiência, mas mais formação. Dentro da empresa, nós temos que entregar contexto e clareza, e não meta. É uma geração que não tem tanta resiliência, é muito instantânea. Temos que administrar frustrações.
Uma dica é que, no começo de carreira, temos tendência a falar demais, mas, no jogo corporativo, ganha quem faz as melhores perguntas, quem tem capacidade enigmática mais sofisticada e que promove as melhores discussões.”
Jean Klaumann, CEO da Neogrid
“A gente continua com o modelo de escola para o mundo e um aluno completamente diferente. A mesma escola que minha avó, minha mãe e eu frequentamos.
Nas escolas públicas, perdemos grande parte de talentos ali. Como a escola pode dialogar com mercado de trabalho? Quando chega em dezembro, eu sou chefe e setor não vai atingir a meta. Como conciliar isso tudo, pensando em equidade?”
Pilar Lacerda, pesquisadora associada da DGPE/FGV RJ
“Minha experiencia com a competição de robótica é maravilhosa. Brincar é provavelmente um dos melhores jeitos de aprender.
O fato de dar aos estudantes um problema para resolverem e eles desenvolverem a própria solução. As crianças descobrem os passos, o que é um robô, por onde começar. Eu diria aos jovens, não devemos subestimar o poder do networking, resolva seus problemas, mas encontre as pessoas que vão te ajudar nisso.”
Lee Magpili, Senior Designer da LEGO
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