CNE aprova oferta definitiva do modelo de Educação de Jovens e Adultos do SESI

Nova EJA valoriza histórico e se adapta melhor à realidade dos estudantes. Aprovação vai permitir expansão da oferta para a rede pública, que pode chegar a 120 mil novas matrículas em 2024

Brasil tem desafio de atrair e reter estudantes na Educação de Jovens e Adultos

O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou, por unanimidade, a oferta em caráter definitivo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Serviço Social da Indústria (SESI) para os níveis fundamentais e médio.  

A Nova EJA começou a ser aplicada em escolas da rede como experiência pedagógica em 2016. Trata-se de um modelo inovador na educação brasileira, que tem como principais diferenciais:

  • reconhecimento de saberes, que identifica competências desenvolvidas na vida e no trabalho do estudante;
  • flexibilização dos espaços de aprendizagem, com até 80% do ensino a distância;
  • possibilidade de escolha de itinerários ligados a oito áreas da indústria; e
  • material didático próprio adaptativo, segundo as necessidades do aluno.  

Para se ter uma ideia, dependendo do que for identificado como conhecimento prévio pela metodologia de reconhecimento de saberes, o ensino médio pode ser concluído em menos de 13 meses.

A votação da Nova EJA de experiência pedagógica para oferta definitiva ocorreu na quinta-feira (5), pela Câmara de Educação Básica do CNE, a partir do parecer da conselheira Suely Menezes.

O diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi, explica que essa é uma conquista importante, fruto de uma experiência exitosa realizada por 25 Departamentos Regionais do SESI - apenas Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul não têm turmas.   

Expansão para rede pública  

Com a aprovação, o SESI deve expandir a implementação do modelo não só dentro da própria rede de ensino como também para a rede pública, em parceria com as secretarias estaduais de educação. Esperam-se 120 mil novas matrículas em 2024.  


"Desde que começamos a implementar a Nova EJA, tivemos um número crescente de matrículas, de 6,8 mil em 2017 para 45,2 mil em 2022. Foram mais de 217 mil estudantes formados nesse período, com uma taxa de conclusão que varia entre 70% e 82%, que é o dobro da rede pública”, comparou Lucchesi.


Matrículas da EJA no Brasil caem 50% em 15 anos  

Os números da Educação de Jovens e Adultos no Brasil são alarmantes: enquanto existem 66,4 milhões de pessoas com mais de 18 anos que não frequentam a escola e não têm ensino médio completo, segundo a PNAD Contínua 4º trimestre 2022, do IBGE; o número de matrículas na modalidade caiu 50% de 2006 a 2022, indo de 5,6 milhões para 2,7 milhões.

O diretor do SESI destaca que o modelo da rede é bem-sucedido porque busca contornar um dos maiores desafios da EJA no país: atrair e reter os estudantes que já abandonaram os estudos uma vez e, quando decidem retornar à sala de aula, encontram dificuldades para se adaptar ao modelo tradicional de aulas e conciliar com a rotina de casa e do trabalho.

Para se adaptar melhor às necessidades de jovens e adultos, a formação é oferecida sobre cinco pilares: autonomia do estudante, resolução de problemas complexos, preparação para continuidade dos estudos e progressão na carreira, desenvolvimento das competências do século XXI e formação cidadã de uma consciência crítica e reflexiva.

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