Capacitação é peça-chave para o próprio negócio

Jovens deixam de lado o mercado de trabalho tradicional e, em busca de satisfação pessoal e profissional, investem em cursos técnicos para se tornarem empresários

O número de jovens que desejam apostar nas próprias ideias e abrir um empreendimento cresceu 33% nos últimos dez anos. A cada dez brasileiros com até 24 anos, dois já possuem uma empresa ou estão envolvidos com a criação do próprio negócio, segundo dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2016/2017, que monitora os índices globais de empreendedorismo. E um dos caminhos mais trilhados por quem deseja ser empresário é o da formação técnica.

Sérgio Endrico é um dos exemplos. Quando tinha 23 anos, o brasiliense deu início à Brilhinox, graças ao conhecimento obtido no curso técnico de Serralheria em Aço Carbono, concluído no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) do Gama (DF). Inaugurada em 2004, a microempresa é especializada na fabricação de produtos em aço inoxidável. “Além de me dar uma profissão, o SENAI me fez ser uma pessoa de visão”, afirma.

O técnico conta que vem de uma família de funcionários públicos, sem qualquer tradição no mundo dos negócios, e por pouco não seguiu o mesmo caminho. Em 2003, passou no concurso da Polícia Militar do Distrito Federal, mas “felizmente” não foi convocado. “Se tivessem me chamado, provavelmente eu não teria ousado empreender e eu não seria tão realizado profissionalmente”, destaca. 

Hoje, com a Brilhinox consolidada, o lado empreendedor do serralheiro voltou a falar mais alto. Com a experiência no fornecimento de materiais para a construção civil e o conhecimento técnico do sócio, Ricardo Macedo, o brasiliense abriu a Richard do Brasil. Inaugurada em abril deste ano, a nova empresa foca na produção de artigos de madeira, como corrimão, porta, guarda-corpo e mobiliário em geral. 

Empreendedores, assim como Sérgio Endrico, podem buscar ideias de negócio na mostra Inova 2018, que será realizada de 5 a 8 de julho, durante a 10ª Olimpíada do Conhecimento, em Brasília. Além de conhecer como será a cidade e a escola do futuro, quem visitar o evento terá acesso a 61 produtos inovadores desenvolvidos por equipes do SENAI e do SESI de diferentes estados, à disposição de empresários e investidores interessados em colocá-los no mercado.

TENTATIVA E ERRO – A formação técnica também foi determinante para a história de Adilson Silva Junior, um empreendedor da área de hialotecnia – fabricação de vidrarias para laboratórios, como tubo de ensaio, béquer e balão volumétrico. Mais novo de oito irmãos, Junior conta que aprendeu o ofício com o pai, mas foi a capacitação em Mecatrônica que garantiu o sucesso de seu empreendimento.

O mineiro formalizou sua microempresa aos 20 anos de idade. Com a demanda crescente, quis profissionalizar o empreendimento, com a construção de uma máquina que automatizasse parte da produção. Foram anos de tentativa e erro, e muito investimento perdido. Sobravam ideias, faltava conhecimento técnico para executá-las. 

“A área de hialotecnia não tem nada a ver com máquinas, é um serviço 100% artesanal – segura o vidro, liga o maçarico e solda a mão livre. Ainda assim, investi todo o meu tempo e dinheiro no projeto. Quando dei por mim, meu apartamento tinha ido para leilão”, conta. O susto o fez ver a necessidade de capacitação.

Foi então que buscou os cursos de Eletricista de Automação Industrial e de Técnico em Mecatrônica no SENAI Euvaldo Lodi, em Contagem (MG). “Aprendi técnicas de desenho industrial, usinagem de peças, lógica de Controlador Lógico Programado, programação de cilindros pneumáticos”, completa. 

Com o conhecimento obtido, Junior finalmente conseguiu realizar o sonho de automatizar a fabricação de tubos de vidro (Durham). O maquinário foi desenvolvido com apoio dos instrutores do SENAI e, hoje, está em uso em sua fábrica. Além de minimizar os riscos da produção, os produtos foram padronizados e o tempo de fabricação de cada unidade reduzido significativamente, de um minuto e meio para três segundos. “Foi preciso muito estudo e força de vontade, mas eu nunca desanimei”, comemora.

Agora, o técnico consegue competir com fornecedores chineses e seus planos cresceram. “Já estou produzindo meus próprios maçaricos e quero montar uma linha de produção. Até 2019, quero construir outras cinco máquinas automatizadas, para poder fornecer para todo o Brasil e, se possível, exportar”, diz. Para quem deseja empreender, o empresário deixa uma dica: “analise o mercado, invista em capacitação e nunca desista. Boas ideias podem mudar o mundo”.

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