Aumenta participação de mulheres em cursos técnicos ligados à indústria

De 2009 a 2013, o número de matrículas entre mulheres aumentou em 60%

Júnia de Cássia Braga, 22 anos, é um exemplo de mulher que optou por um curso técnico na área industrial. Em 2013, formou-se na área de segurança do trabalho e hoje atua para prevenir acidentes em um canteiro de construção civil

As mulheres são maioria nos cursos técnicos de nível médio. De acordo com dados do Censo da Educação Básica 2013 (o mais recente disponível), elas são 764.911 entre os 1.441.051 alunos dos cursos de formação profissional realizados em conjunto ou depois do ensino médio, o que representa 53,1% do total.

De 2009 a 2013, houve aumento de 60% no número de matrículas entre mulheres. Nesse mesmo período, a expansão entre os homens foi de 50%. A análise, elaborada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), revela ainda que os aumentos mais expressivos foram registrados em cursos ligados à atividade industrial, que formam para profissões tipicamente ocupadas por homens.

“Esse aumento é reflexo da maior escolarização das mulheres que o Brasil vem registrando desde a última década. Em maior número no ensino médio, é natural que muitas delas tenham optado pelo ensino técnico como forma de se qualificar para o mercado de trabalho e construir uma carreira”, afirma o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi.

O curso de Segurança no Trabalho foi o que registrou o maior aumento de matrículas de mulheres no período: foram 118% a mais entre 2009 e 2013. Em seguida, estão os cursos da área de Infraestrutura, com ampliação de 106% e de Produção Alimentícia (83%).

Nesses cursos, os estudantes desenvolvem competências como conhecimentos em engenharia e tecnologias, computadores e eletrônica, matemática, raciocínio analítico e capacidade de percepção de problemas.

MERCADO DE TRABALHO – Júnia de Cássia Braga, 22 anos, é um exemplo de mulher que optou por um curso técnico na área industrial. Em 2013, formou-se na área de segurança do trabalho e hoje atua para prevenir acidentes em um canteiro de construção civil em Taguatinga, cidade distante 20 Km de Brasília (DF). A obra tem cerca de 400 funcionários e ela divide a responsabilidade com outra técnica. “Entrei na obra como estagiária e, logo depois de concluir o curso, fui contratada”, conta.

“Eu fui para o SENAI por sugestão da minha irmã e porque, ao final do ensino médio, ainda não tinha certeza do que fazer na faculdade. Descobri que a segurança é uma área boa e me ajudou a definir que carreira gostaria de seguir”, afirma Júnia, que hoje faz o primeiro semestre da graduação em Arquitetura.

Apesar das boa notícias sobre o aumento do acesso das mulheres à educação profissional, ainda é preciso alterar a lógica do mercado de trabalho que reserva a elas os piores salários. Na média nacional de todos os setores da economia, as mulheres recebem 21% menos que os homens contratados formalmente em ocupações semelhantes, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) 2013.

Na avaliação do gerente de Estudos e Prospectiva da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Márcio Guerra, a tendência é que a diferença salarial se reduza ao longo do tempo, uma vez que as mulheres, além da escolarização, estão buscando cada vez mais uma melhor qualificação. Elas, em momentos de expansão econômica  recentes, vem conquistando espaços no mercado de trabalho, sobretudo nas  ocupações em que se pagam melhores salários e faltam trabalhadores qualificados.

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