7 reflexões sobre desafios e práticas da educação inclusiva

O 2° Seminário Internacional de Educação Inclusiva contou com a presença de mais de 300 participantes. Confira as principais reflexões sobre o tema levantados por educadores no evento

O Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria com a Federação de Indústrias do Espírito Santo (Findes), realizou, nessa quarta-feira (4), o 2° Seminário Internacional de Educação Inclusiva. O evento aconteceu no SESI Jardim da Penha, em Vitória (ES), e contou com a presença de mais de 300 participantes.

O seminário trouxe como debate central os desafios e práticas da inclusão no contexto escolar. Os educadores convidados abordaram desde o caminho de deveres e direitos humanos percorrido na luta pela inclusão, até temas mais específicos, como o ensino de matemática nas escolas.  

Kátia Marangon, gerente do Centro SESI de Formação em Educação, esclarece a abrangência da Educação Inclusiva por tratar das questões de gênero, sexualidade, classes sociais, perpassando causas que fazem parte da construção e trajetória do aluno para além da sala de aula.


“Toda criança tem dificuldade em aprender por inúmeras questões, nós precisamos identificar quais são essas barreiras, movimentar, criar recursos e preparar profissionais que nos ajudem a superá-las”, ressalta.


A Agência de Notícias da Indústria destacou sete reflexões sobre os desafios e práticas da Educação Inclusiva que foram levantadas e discutidas ao longo do seminário. Confira! 

1. Um caminho de deveres e direitos humanos 

Historicamente, grande parte da população foi excluída das salas de aula, como exemplificou o professor David Rodrigues em sua palestra sobre deveres e direitos humanos na perspectiva da educação inclusiva. 

Para ampliar o acesso à educação e proporcionar um ensino significativo a todos, Rodrigues destaca que a escola está sempre em metamorfose, passando, por meio dos avanços, de um modelo de transmissão, igualdade e seleção para um contexto de construção de espírito crítico, equidade e inclusão, respectivamente.  

Dentro desse cenário de constante transformação, o educador pontua que a falta de recursos nas escolas e a lacuna na formação adequada dos docentes para promover uma aprendizagem inclusiva são os grandes problemas ainda enfrentados.


“O futuro da educação inclusiva tem a ver com o avanço das políticas públicas, concessão flexível do currículo, apoio competente na prática escolar, perspectiva ética nas escolas e mais colaboração e investigação”, conclui. 


2. Reinventar a escola para não deixar ninguém para trás 

Eugênia Gonzaga, procuradora regional do Ministério Público Federal (MPF), participou da roda de conversa que discutiu sobre a importância de a escolar reinventar-se para incluir a diversidade. Para ela, a escola é um espaço privilegiado por receber uma pluralidade de pessoas e precisa estar preparada para atender a todos.


“Muitas vezes a diversidade está presente nas salas de aula para mudar o enfoque do ensino e ajudar a escola a reinventar-se", declara.


A procuradora levantou debate, ainda, a respeito da Educação Especial, que representa 1,7 milhão de matrículas no Brasil, segundo o Censo Escolar de 2023. Ela explicou que essa modalidade de ensino deve ser complementar e não substitutiva, uma vez que a pessoa com deficiência tem direito à educação comum e se essa não for ofertada de forma inclusiva não é educação. 

3. O apoio da neurociência à educação inclusiva 

A neurociência busca compreender as funções e comandos do cérebro. No contexto da educação inclusiva, essa área do conhecimento é uma grande aliada. Em linhas gerais, ela se responsabiliza por explicar como o processa informações e como essas informações se transformam em aprendizado. 

O neurocientista Fernando Lauria coordenou uma das salas temáticas do evento e trabalhou sobre a aprendizagem de crianças com TDAH e Dislexia. Para o especialista, a neurociência possibilita entender a intencionalidades das práticas pedagógicas.


“A partir do momento que eu entendo como os cérebros diversos que estão nas salas de aulas funcionam, eu tenho a possibilidade de direcionar, diante das necessidades específicas que cada um deles apresenta, as práticas bem assertivas, de modo que o desenvolvimento de cada uma dessas meninas e meninos seja muito maior e mais preciso”, explica.


4. A inclusão na aprendizagem em matemática 

O “Ensino de Matemática com Metodologia Ativa no Princípio do Desenho Universal” conduziu os debates da sala temática ministrada pelo professor Rubens Ferronato. O método de ensino visa garantir que todos os alunos aprendam em um ambiente que facilite as interações, medições, raciocínios e reduza as barreiras de aprendizagem.


“O primeiro passo para que nós possamos atender ao desenho universal é que tenhamos aulas que atendam a todos os estudantes. É necessário que se crie meios para que todos os alunos possam entender o ensino da matemática e esse ensino não pode ser dado por meio de simbologias, o estudante tem que entender na prática, trabalhando no material concreto para depois transferir para o algébrico e, por fim, para a tecnologia digital”, diz.


5. Por uma educação anticapacitista para todos 

O capacitismo refere-se ao preconceito e discriminação contra pessoas com deficiência, logo, a educação anticapacitista vai contra essas barreiras de exclusão que se fazem presentes em diferentes ambientes e atitudes. 

A educadora Cinthya Campos de Oliveira ministrou uma sala temática sobre a Educação Anticapacitista e suas práticas de Educação Inclusiva. Segundo ela, a família e a sociedade devem atuar de forma coletiva na defesa de um projeto comum de sociedade em que se faça uma aposta na autonomia do sujeito, na educabilidade da criança, do adolescente ou adulto, em que todos têm direito de aprender e reconhecer a educação como um processo de humanização da pessoa.


“É por meio da apropriação ao conhecimento que o ser humano se torna humano. Por meio da troca com os pares, com a diversidade e diferença, no diálogo ou no conflito”, pontua. 


6. A escola também tem voz 

O tema “Inclusão e a voz pedagógica da escola” foi refletido nas falas da pedagoga Rosângela Machado. Mas, afinal, o que seria essa voz? A educadora defende que a escola tem a voz pedagógica da inclusão, no entanto, muitas vezes os mecanismos de dominação da sociedade, a exemplo o capitalismo, provocam a injustiça escolar. O papel da instituição, portanto, é refletir sobre esses mecanismos e se opor a eles.


“A voz pedagógica da escola trabalha com a diferença, que não é sinônimo de diferente. O diferente é aquele que foge à norma, já a diferença está em todos nós, no que vamos vir a ser”, declara. 


Ao categorizar as pessoas ou fazer a dualidade do "nós" e "eles", referindo-se às causas sociais, estamos propagando os mecanismos de dominação, segundo Rosângela. 

7. Experiências da Educação Inclusiva no SESI-ES 

Silvana Brunele, diretora da Escola SESI de Linhares, apresentou o trabalho realizado na rede SESI do Espírito Santo. Segundo ela, o trabalho de inclusão é iniciado na matrícula do estudante, quando a escola tem o papel de entender as necessidades do aluno para planejar da melhor forma o ensino. Além disso, a educadora também destacou o papel da família no processo.


“A parceria com a família é um ponto fundamental. Ela precisa estar imersa nesse processo e ser informada de como a troca acontece no dia a dia. Dessa forma, todos vão aprender: aluno, escola e família”. 


Confira como foi o debate:

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