As altas taxas de juros ainda foram motivo de preocupação dos empresários do setor industrial da construção no quarto e último trimestre de 2022. A conclusão é da Sondagem Indústria da Construção de dezembro do ano passado, pesquisa produzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com 23 Federações de Indústria e com apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A edição divulgada nesta segunda-feira (23) mostra o desempenho da atividade no setor em dezembro, as condições financeiras e os principais problemas enfrentados no quarto trimestre do ano passado e as expectativas do empresário da construção em janeiro de 2023.
A pesquisa ouviu 381 empresas – 149 de pequeno porte, 150 de médio porte e 82 de grande porte – durante o período de 3 a 13 de janeiro de 2023. Na consulta, o problema das elevadas taxas de juros foi assinalado por 30,6% do total de empresas como um dos três principais problemas da indústria da construção. A questão já havia alcançado a primeira posição no ranking no terceiro trimestre do ano passado e recebeu 0,6 pontos percentuais (p.p.) a mais de assinalações na última consulta.
Alta carga tributária e falta ou alto custo de trabalhador e matéria-prima também se destacam
Em segundo lugar da lista de principais problemas da indústria da construção está a elevada carga tributária, assinalada por 28,5% das construtoras, seguida da falta ou alto custo do trabalhador qualificado, marcado por 23,5% das empresas e em terceira posição. E muito próximo ao terceiro lugar, com praticamente o mesmo número de assinalações, está a falta ou alto custo de matéria-prima, com 23,4% de marcações. A queda no percentual de empresas afetadas do terceiro para o quarto trimestre de 2022 foi de 3,7 p.p., e chega a 33,7 p.p. na comparação com o primeiro trimestre de 2021.
“É importante destacar que a falta ou o alto custo de insumos, problema muito importante para o setor em um passado recente, continua perdendo importância neste ranking e agora já chega na quarta posição. Ele liderou o ranking de principais problemas por oito trimestres, do terceiro trimestre de 2020 ao segundo trimestre de 2022, devido aos efeitos da pandemia, e agora está em declínio", diz o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
Confira o comentário do economista na íntegra:
A burocracia excessiva ocupa a quinta colocação da lista de principais problemas do setor, atingindo 18,6% das empresas, mas a assinalação também caiu no quarto trimestre de 2022 - uma queda de 4,3 pontos percentuais. O percentual de empresas que o reportam cresceu 13,2 pontos percentuais em dois anos. Além disso, a pesquisa mostra que o índice de falta ou alto custo da mão de obra não qualificada no mesmo período também aumentou, embora seja o 10º colocado no ranking: as empresas que reportam esse problema cresceram 5,7 pontos percentuais, alcançando 11,8%.
Empresários da construção iniciam o ano com falta de confiança
A edição atual da Sondagem Indústria da Construção aponta que as expectativas dos empresários diminuíram: em janeiro de 2023, a queda do Índice de Confiança do Empresário (ICEI) setorial da construção foi de 1,1 ponto comparado a dezembro de 2022, marcando 49,6 pontos e cruzando a linha divisória de 50 pontos - o que indica um estado de falta de confiança dos empresários do setor. Essa é a quarta queda consecutiva do ICEI da construção, que acumula um recuo total de 13,1 pontos neste período de quatro meses até o mês atual.
Por outro lado, a situação financeira das empresas no quarto trimestre de 2022 é a melhor já registrada desde o quarto trimestre de 2013, com avanço do índice de satisfação de 1,6 ponto para 49,5 pontos. O número se situa muito próximo da linha divisória de 50 pontos, aproximando a média do índice para um nível satisfatório.
Em movimento usual para o período, índices de atividade e emprego recuam em dezembro
O índice de evolução do nível de atividade da indústria da construção foi de 46,6 pontos em dezembro de 2022, indicando a segunda queda consecutiva da produção da construção. Na mesma direção, o índice de evolução do nível de número de empregados do setor ficou em 46,9 pontos no mesmo período, pelo segundo mês consecutivo. A queda nos dois índices, no entanto, é considerada natural e esperada para os meses de novembro e dezembro, além de serem avaliadas como mais brandas que o usual para o período.