Startups geram bons empregos e dinamizam atividade econômica

A afirmação é da diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio. Diálogos da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), realizado em São Paulo, teve debate sobre instrumentos de apoio à inovação nas startups e a apresentação de casos de empresas

26ª edição do Diálogos da Mobilização Empresarial pela Inovação debateu instrumentos para fortalecer startups

Empresários de indústrias de médio e grande porte, integrantes do governo e representantes de instituições de fomento à pesquisa debateram, nesta segunda-feira (28), durante a 26ª edição do Diálogos da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), instrumentos voltados para fortalecer startups. A diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio, ressaltou que essas empresas são imprescindíveis para o avanço tecnológico do país.

“As startups são peças fundamentais para a geração dos empregos, a dinamização da atividade econômica e o aumento da competitividade do país. Em função da agilidade, as startups integram o ciclo de renovação e arejamento da indústria, agricultura, comércio e serviços, contribuindo para a superação de desafios enfrentados pela sociedade em diversas áreas”, afirmou Gianna Sagazio, durante a abertura da reunião, realizada no escritório da CNI em São Paulo.

As startups movimentaram 2,8 trilhões de dólares na economia global entre 2016 e 2018, conforme dados do Startup Genome. No Brasil, segundo números do Startupbase, há quase 13 mil empresas desse tipo distribuídas por 600 cidades. Recentemente, a CNI encaminhou contribuições ao governo para o marco legal das startups, que será enviado ainda este ano para o Congresso Nacional. Entre as sugestões encaminhadas pela CNI estão a melhora no ambiente de negócios e a simplificação de processos para que as startups se tornem sociedade anônima e possam receber recursos com menos burocracia e redução de custos.

Para a diretora de Inovação da CNI, é imprescindível que os setores produtivo e público atuem conjuntamente em prol de incentivos e mecanismos de apoio à startups. “Em que pesem os avanços identificados, é necessário e possível progredir mais, sobretudo na governança dos instrumentos disponíveis e na criação de novos instrumentos mais modernos, ágeis e que atendam as demandas e exigências no mercado”, enfatizou Gianna.

MEI TOOLS – O presidente do Conselho de Administração da Ultrapar e líder da MEI, Pedro Wongtschowski, apresentou o MEI Tools, programa que reúne um conjunto de ferramentas de apoio à inovação para startups. Ele observou que o projeto tem como proposta oferecer soluções para a superação de desafios que marcam o ambiente de inovação, como financiamento, recursos humanos e inserção global das empresas. 

“O MEI Tools tem sido um instrumento muito importante para o auxílio às pequenas empresas”, destacou Wongtschowski. “Precisamos com urgência aprovar o marco legal das startups. Será importante para conectar parceiros de ecossistemas de inovação no Brasil e no exterior e estimular investimentos em startups e empresas de base tecnológica”, acrescentou.

LEI DO BEM E TELECOMUNICAÇÕES – Presente à reunião, o ministro em exercício do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Julio Semeghini, reconheceu que o país está perdendo espaço na agenda de inovação, mas mostrou-se otimista para o futuro. “Nós estamos sendo atropelados pelas oportunidades com as startups. O mundo está percebendo e indo muito mais rápido que o Brasil. Mas nós também estamos mobilizados e preparados para isso. E vamos correr atrás para avançarmos”, afirmou.

Semeghini mencionou à importância da parceria com a CNI e a MEI para a implementação de políticas do governo voltadas para a inovação. Ele afirmou que, até o fim do ano, a política nacional de startups estará pronta e anunciou aumento de recursos para a Lei do Bem. “Temos uma boa notícia em relação à Lei do Bem. Deveremos saltar de R$ 2,1 bilhões para R$ 2,6 bilhões”, disse, referindo-se à legislação que concede incentivos fiscais às empresas que realizarem pesquisa de inovação tecnológica.

O ministro em exercício observou também que a recente aprovação da Lei 13.879/2019, que moderniza as normas de telecomunicações no país, cria condições para o avanço da ciência, tecnologia e inovação. “Esse projeto novo para telecomunicação é o que precisamos para dar uma nova dinâmica ao país, com banda larga, 5G e uma grande infraestrutura em geral”, pontuou.

Ministro em exercício do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Julio Semeghini; Diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio; Líder da MEI, Pedro Wongtschowski

EXEMPLOS NACIONAIS – Durante o Diálogos da MEI, empresas, startups, órgãos de governo e instituições de fomento à inovação fizeram apresentações de casos práticos de apoio à inovação em empresas de base tecnológica. De acordo com Franklin Luzes, COO da Microsoft Participações, o sucesso de uma startup depende da formação de uma equipe com profissionais especializados de diferentes áreas.

“É preciso ter alguém para fazer marketing, alguém que saiba vender, alguém que conheça o mercado, o engenheiro”, frisou. Luzes enumerou as três principais razões para mortalidade de startups no mundo: fazer produtos que ninguém compra; falta de dinheiro; e não ter equipe capacitada para o trabalho.

A cofundadora da Baita Aceleradora, Rosana Jamal Fernandes, destacou que um ponto crucial para o avanço das startups é que essas empresas tenham pessoas que não apenas queiram empreender, mas que tenham noção e saibam de fato empreender. “Acreditamos que startup é a economia do futuro”, disse. Ela observou que no Brasil ainda é difícil ser uma startup, ao pontuar que o perfil dos unicórnios brasileiros é de empresas independentes que cresceram apesar de todo o cenário de dificuldades. Unicórnio é uma startup que atinge avaliação de preço de mercado no valor de 1 bilhão de dólares.

TALENTO – Na avaliação de Alan Leite, CEO da Startup Farm – aceleradora mais antiga da América Latina –, o caminho para a valorização e o crescimento das startups no Brasil passa prioritariamente pelo investimento na qualificação de profissionais. “Há um elemento em que deveríamos estar gastando mais energia, que é o talento”, pontuou. “Toda estrutura ao redor do talento vai ser construída, mas se não tivermos talento nada funcionará. É hora de olharmos de forma estratégica para o país e formar talentos”, completou Leite.

Empresas como Braskem e Natura apresentaram programas que criaram para se aproximarem de startups. Segundo a gerente de Inovação da Natura, Marcela Martinelli, a empresa desenvolveu um canal para encontrar startups e ser encontrada por elas. Ela observou que a relação com as startups é diferente e mereceu o uso de alternativas para reduzir os riscos dessas empresas, como um fluxo de caixa diferenciado, por meio de adiantamento de recursos, diferentemente do que é feito com grandes fornecedores.

O Diálogos da MEI também abriu espaço para a apresentação das seguintes iniciativas voltadas para startups: Edital de Inovação para a Indústria, mantido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Social da Indústria (SESI); Programa Nacional Conexão Startup Indústria, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI); InovAtiva Brasil, do Ministério da Economia; Finep Startup, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); e o BNDES Garagem, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Também foram apresentadas ações da Câmara Brasil Alemanha (AHK), da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). 

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