Reforma tributária vai atrair investimento estrangeiro, defende presidente da CNI em debate online com parlamentares

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que mudança no sistema de tributos é prioridade n° 1 e que vai combater informações falsas. Comissão Mista prevê votação de relatório sobre o tema em meados de outubro

CNI defende uma reforma que torne o sistema tributário mais simples e eficiente

O Brasil precisa fazer, no curto prazo, uma reforma tributária para permitir às empresas brasileiras competir no exterior em igualdade de condições e atrair investimento estrangeiro, defendeu o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, durante transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quarta-feira (2). O debate contou com a participação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do presidente da Comissão Mista Temporária da Reforma Tributária, senador Roberto Rocha (PSDB-MA), e do relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

“O que gera emprego são investimentos novos. Nós precisamos tanto do investidor brasileiro quanto dos estrangeiros e o Brasil precisa de uma legislação que propicie essa condição. Temos hoje uma legislação que não incentiva as empresas brasileiras a se tornarem globais”, avaliou Robson Braga de Andrade, durante o debate transmitido pelo Facebook e Youtube da CNI.

“Precisamos, no curto e médio prazo, dar respostas para a sociedade brasileira e para o mundo inteiro que mostrem que, no Brasil, temos a capacidade de gerar emprego e renda, de fazer a inclusão social, de cuidar da educação, da saúde, da infraestrutura, de fazer com que o Brasil seja um país atrativo para os investimentos estrangeiros”, completou ele.

Reforma é o caminho para o Brasil voltar a crescer

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse estar otimista de que uma resposta virá rapidamente por meio da aprovação da reforma do sistema de tributos.

“A Câmara vai trabalhar a reforma tributária como prioridade n° 1, até porque está mais avançada do que a reforma administraiva que chega do governo amanhã (03/09). Não adianta reformar as despesas sem construir o caminho para que o Brasil volte a crescer. Sem o crescimento da nossa economia, e só pela tributária isso pode acontecer, nós continuaremos disputando um orçamento que hoje infelizmente não atende a base da sociedade brasileira”, defendeu. 

Segundo Maia, nos últimos 30 anos, o modelo tributário reduziu o potencial de desenvolvimento do Brasil e o tornou mais desigual e injusto. “Simplificar o sistema de bens e serviços é obrigação do Parlamento. Temos de ter coragem de fazer o enfrentamento, mostrar aos setores que eles não serão atingidos como eles imaginam, há muita informação falsa”, afirmou o presidente da Câmara.

“Falar que a administrativa é mais importante do que a tributária, tentar criar uma narrativa de que nós estamos tributando a mais o setor A, B, ou C. Nada disso é verdade”, rebateu. 

Na avaliação do senador Roberto Rocha, é possível votar o parecer do relator na Comissão Mista na primeira quinzena de outubro, logo após o fim das audiências públicas, como a ocorrida nesta quarta-feira, que contou com a participação do presidente da CNI. O parlamentar prevê a leitura do relatório do deputado Aguinaldo Ribeiro no dia 30 e a votação após pedido de vista.

Acesse o novo site da CNI sobre a reforma tributária

“É possível que a gente, este ano, possa apresentar ao Brasil um novo sistema tributário, aquele que o Brasil precisa. Não há nada mais importante para o combate à pobreza do que fazer um novo sistema tributário”, afirmou o senador, durante a transmissão online. Ele disse que o motivo de otimismo é o fato de que, pela primeira vez nos últimos 30 anos em que discute a reformulação do sistema de tributos, os governadores desejam fazer a reforma. 

O relator na Comissão Mista reforçou o prognóstico positivo. “Nunca houve um momento como este em que se exauriu a própria visão dos entes federados, os estados, os municípios e a União, que não se pode mais conviver com um sistema que gerou um contencioso tributário que chega praticamente ao valor do nosso PIB (Produto Interno Bruto)”, afirmou Aguinaldo Ribeiro.

“Temos a convicção de que esta é a hora. É preciso ter coragem, o espirito público e o compromisso com o país para fazer as reformas que, de fato, precisam ser feitas; de se enfrentar temas que são importantes como é a reforma tributária, que vai trazer mais do que justiça tributária e simplificação, vai trazer impacto positivo e crescimento econômico no nosso país”.

Custo de oferta de crédito precisa ser debatido, defende Febraban

CNI avalia que a reforma deve ter um período de transição para as empresas se adaptarem

O debate também teve a participação do presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney Menezes Ferreira. Segundo ele, o setor financeiro não vai pleitear a redução da carga tributária para os bancos, mas a discussão dos custos de oferta de crédito. “É importante que possamos discutir o modelo tributário sob o spread bancário, se devemos ou não continuar com um modelo em que, a cada crédito tomado, tenhamos R$ 20 pago em tributos para cada R$ 100 de spread bancário”, justificou.

“O Brasil precisa querer andar algumas casas à frente no tabuleiro de sua inserção internacional. Precisamos querer aprovar as reformas estruturais sejam macro ou micro. O Brasil não tem opção, precisa aprovar as duas reformas tributária e administrativa”, completou. 

Tramitam atualmente no Congresso três proposições que alteram o sistema tributário: as Propostas de Emenda à Constituição 45/2019 e 110/2019, assim com o Projeto de Lei 3887/2020, enviado pelo Poder Executivo.  A Comissão Mista, formada por senadores e deputados, trabalha, no momento, para consolidar texto único e construir consenso que permita ao tema avançar rapidamente para a aprovação.

Reforma tributária deve estimular crescimento sem privilegiar setores

A CNI defende uma reforma tributária ampla, baseada em um Imposto sobre Valor Agregado (IVA)  de caráter nacional e nos padrões mundiais,  em substituição  a impostos federais (IPI, PIS/Cofins e IOF), estadual (ICMS) e municipal (ISS), o que reduzirá a cumulatividade. Além disso, a reforma deve simplificar o sistema e permitir uma distribuição mais homogêna da carga tributária  entre os setores, sem aumentar a carga  total da economia.  

A indústria é favorável à adoção de uma alíquota uniforme do IVA para todos  os bens e serviços, com a arrecadação para o local de destino da operação, assim como a existência de um fundo de desenvolvimento regional, para se evitar a “armadilha dos incentivos fiscais que criam uma guerra fiscal extremamente prejudicial ao país”, afirmou Robson Braga de Andrade.

Relacionadas

Leia mais

Reforma tributária deve estimular crescimento sem privilegiar setores, afirma presidente da CNI
Novo site da CNI contribui para debate sobre a reforma tributária
Reforma tributária ampla é crucial para saída da crise

Comentários