Queda dos juros ajuda a conter aumento dos custos da indústria brasileira, diz CNI

Estudo mostra que o indicador de custos industriais teve leve alta de 0,1% no primeiro trimestre. Mas a valorização do dólar registrada no início do ano diminuiu a competitividade dos produtos brasileiros

A queda dos juros reduziu os gastos das empresas com capital de giro e foi decisiva para a estabilização dos custos industriais. O indicador de custos industriais teve um leve aumento de 0,1% no primeiro trimestre deste ano em relação ao quarto trimestre de 2016. Foi o terceiro trimestre consecutivo de estabilidade no indicador, informa o estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quinta-feira (13).

O indicador de custos industriais é formado por custos tributários, com capital de giro e com a produção. De janeiro a março, o índice de custo com capital de giro caiu 5,2% na comparação com o quarto trimestre de 2016. Com isso, o indicador acumula uma queda de 19,5% em relação ao primeiro trimestre de 2016. "A atuação do Banco Central gerou a ancoragem das expectativas de inflação e possibilitou o atual movimento de redução responsável dos juros, sem gerar desequilíbrios inflacionários. A expectativa é que as reduções adicionais de juros continuem sendo repassadas às empresas", avalia a CNI.

O índice de custo tributário recuou 3% no primeiro trimestre frente ao período imediatamente anterior. Na comparação com o primeiro trimestre de 2016, a queda foi de 8%. O índice de custo de produção, que considera os gastos com pessoal, energia e bens intermediários, subiu 1% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2016. A alta foi impulsionada pelo aumento de 0,9% nos custos com pessoal e o crescimento de 1,1% nos custos com bens intermediários. Os custos com energia ficaram estáveis.

O acompanhamento do indicador de custos industriais permite que as empresas comparem seus custos com a média nacional e façam ajustes nas contas, seja por meio do controle de despesas ou pela negociação com os fornecedores. O indicador também antecipa movimentos nos preços dos produtos industrializados, explica o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. "Aumentos ou quedas expressivas nos custos podem indicar a alta ou a redução dos preços para o consumidor no curto prazo", afirma Fonseca.

LUCROS E COMPETITIVIDADE - Além disso, o indicador ajuda a avaliar os lucros das empresas e a competitividade dos produtos industriais brasileiros nos mercados interno e externo. De acordo com o estudo, o indicador de custos industriais registrou queda de 2,2% no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2016. No mesmo período, os preços dos produtos industrializados aumentaram 3,2%. Como os preços subiram mais do que os custos, as empresas conseguiram recompor as margens de lucro das empresas.

A comparação dos custos industriais com a evolução dos preços em reais dos produtos industrializados importados mostra que a indústria brasileira perdeu competitividade no início de 2017. Enquanto os custos industriais ficaram estáveis, a valorização do dólar no primeiro trimestre reduziu em 4,5% os preços em reais dos produtos importados no mercado interno. Os manufaturados de outros de outros países que concorrem com os brasileiros no mercado internacional também ficaram mais baratos em reais. Com isso, os produtos brasileiros ficaram relativamente mais caros e menos competitivos, observa a CNI.

Além disso, a valorização do dólar reduziu em 3,3% os preços em reais dos produtos manufaturados no mercado dos Estados Unidos. "A redução dos preços dos produtos manufaturados americanos junto com a estabilidade de custos industriais brasileiros indica perda de competitividade da indústria nacional no mercado externo no trimestre", diz o estudo.

SAIBA MAIS - Acesse a página do Indicador de Custos Industriais para conhecer todos os detalhes do estudo.

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